A Guiné-Bissau proclamou a sua independência em 24 de setembro de 1973, em Madina de Boé, marcando assim um passo crucial na história do país e que veio a ser reconhecido oficialmente por Portugal, em 10 de setembro de 1974, tornando-se o primeiro país africano de língua portuguesa a ter a autonomia reconhecida.
Desta data aos dias de hoje, o país não conheceu os melhores momentos, sendo que a saúde e a educação continuam como prioridade.
Madina de Boé, uma histórica secçãoque se situa na zona sudeste da cidade de Gabu, com uma distância de cerca 65 quilómetros a capital da região, é considerada uma das zonas mais pobres da Guiné-Bissau, tendo uma população estimada em mais de 75 habitantes, distribuída em de quatro povoações, onde a etnia fula é predominante.
Conforme Alimo Djaló, irmão mais velho do régulo local, a comunidade vive essencialmente de agricultura, pois o comércio gera pouco lucro, devido à localização da zona. Acrescentou ainda, que têm dificuldades enormes no que respeita aos materiais de agricultura, porque fazem tudo à mão.
O ancião disse mais adiante que na comunidade só existe uma escola com duas salas de aulas, que leciona de primeira a quarta classe.
Fonte da Colina de Madina

A famosa fonte da Colina de Madina, a única com água mais apropriada para o consumo humano foi construída em 1945, pelos portugueses que habitavam naquela localidade.
É um sítio onde se concentra desde os tempos coloniais, a escassa população civil que há nesta região semidesértica.
Alimo Djaló contou à nossa reportagem que nessa fonte pede-se esmola, pois em cada ano é sacrificado uma cabra, para honrar com compromissos dos ancestrais.
Mais adiante, explica que se não forem cumpridas essa tradição, sai répteis no local, impedindo o acesso à fonte.
Estas e mais outras situações ilustram a verdade, ou seja, a conservação de tudo o que se chama de tradição.
Associação Djoqueré Endam

Na Madina de Boé existe uma associação de mulheres, chamada Djoqueré Endam. Essa organização tem mais de 50 mulheres. Fazem quotas semanais de mil francos CFA por pessoa, para apoiarem uma das outras, mas também poupam um montante significativo.
Segundo a responsável, Cadidjatu Sila, com esse sistema de quota, todas elas estão estáveis, pois conseguem resolver os seus problemas e da família.
“Anteriormente, acarretávamos custos aos nossos maridos, mas hoje em dia, tudo acabou, porque até conseguimos ajudá-los nas outras despesas”, esclarece.
Nesse sentido, Cadidjatu Sila aconselhou as mulheres a trabalharem para serem independentes, uma vez que só os maridos não conseguem fazer a cobertura das despesas da família.
Elci Pereira Dias
