Pré-aviso de greve inviabiliza início das aulas nas escolas públicas

O diretor-geral do Ensino Básico e Secundário afirmou que, no âmbito dos preparativos para o arranque do ano letivo 2022/23, a sua direção, na expetativa de solucionar os entraves que condicionaram o cumprimento da data anteriormente prevista, decidiu fixar 3 de outubro como nova data para o início das aulas e 8 do mesmo mês abertura formal do ano escolar. 

Paulo Có, que falava em entrevista exclusiva ao Nô Pintcha, assegurou que as escolas públicas, tecnicamente, estão em condição de iniciar as aulas na data marcada, não obstante as obras de reabilitação estarem em curso no Liceu Nacional Kwame N´Krumah.  

Có acrescentou que o Governo, através do Ministério da Educação Nacional, havia perspetivado abertura das aulas a partir de 19 de setembro passado, mas dada as negociações tidas com o sindicato dos professores, resolveu adiá-la até a cerimónia formal de abertura do ano letivo, aguardando o entendimento entre as partes.

“As pessoas não devem pensar que a Direção-Geral do Ensino Básico e Secundário menosprezou o assunto dos professores relativo à suspensão de ingresso na Função Pública e bloqueio dos salários, muito pelo contrário constitui nossa preocupação. O motivo pelo qual se registou alteração do calendário deveu-se à necessidade de ajustá-lo a nova situação”, Justificou aquele responsável.   

Entretanto, na dinâmica da implementação do novo curriculum escolar, o diretor reiterou que foram capacitados, graças ao apoio financeiro do Banco Mundial 3500 professores do Ensino Básico e do Primeiro Ciclo em cinco regiões do país, nomeadamente Oio, Quínara, Cacheu, Bafatá e Setor Autónomo de Bissau.  

“No passado foi iniciado essa experiência com número reduzido de professores, mas agora, estando já na fase de extensão,  envolveram mais docentes associado à produção de materiais didático necessários à aprendizagem”, revelou.

Paulo Có explicou que em resultados de toda essa dinâmica, a sua direção vai fazer avaliação do impacto da implementação do referido curriculum e só depois estará em condição de saber se foi positivo ou negativo.

“Em caso de concluir que a aprendizagem é mais consolidada a partir das metodologias sugeridas pelo programa, então será oficialmente aprovado o curriculum”, defendeu.

Quanto à inovação, afiançou que os técnicos tiveram a sapiência de trazer conteúdos educativos, respeitando a realidade da sociedade guineense.

Degradação de edifícios escolares

Aquele responsável revelou que edifícios de algumas escolas públicas estão a degradar-se paulatinamente, mas o Ministério da Educação está ciente da situação e dada a sua incapacidade financeira para reabilitá-los uma só vez, está a proceder à manutenção pontual do Liceu Nacional Kwame N´Krumah e o liceu de Bubaque.

“A medida que os recursos financeiros entram, vão ser executadas as restantes obras de reabilitação e consequente aquisição de carteiras e materiais de cobertura para suprir as necessidades de algumas escolas danificadas pelos ventos fortes”, garantiu.

Por causa da fuga dos alunos para as escolas privadas, devido à situação de pandemia e greves sucessivas, o diretor do Ensino Básico e Secundário alegou que a sua direção, com financiamento do Fundo das Nações para Infância (UNICEF), está a liderar uma campanha de sensibilização destinada à mobilização dos pais, no sentido de colocar seus filhos nas escolas públicas, denominada “ka nô pára aprendi”.

Paulo Có acrescentou que a intensão de pautar pela via de sensibilização dos pais e encarregados de educação, deve-se ao reconhecimento da dificuldade dos pais em pagar propina de um ou mais alunos nas escolas privadas.  

Có explicou que é obrigação do Estado zelar pela garantia da educação do cidadão, razão pela qual conta com o apoio dos pais, encarregados de educação, irmãos, tios enfim, toda família, para mandar crianças para escolas públicas.

“Não é que subavalio as lutas sindicais, mas é pertinente que os professores compreendam que suas vidas estão ligadas às escolas públicas daí que, não podem ser bons docentes nas escolas privadas e, ao mesmo tempo, serem maus profissionais nas instituições de ensino público”, alertou.

Preenchimento de vagas dos professores

No que concerne ao despacho do Governo relativo à suspensão de contratação de professores e bloqueio de salário de novos ingressos, aquele responsável garantiu que esse assunto já foi resolvido, ou seja, o Ministério das Finanças garantiu recentemente que continuará a pagar salários dos professores contratados e novos ingressos.

“Não há motivo para alarme sobre esse assunto, pois o contrato celebra-se para um período determinado, e cabe ao Governo renovar ou suspendê-lo, e não há dúvida quanto a isso”, disse.

Certificou que na perspetiva de fazer alunos retornarem às escolas públicas, a Direção de Ensino Básico e Secundário vai trabalhar no sentido de identificar as vagas dos professores existentes no sistema e ver como preenchê-las.

Quanto à necessidade de mais professores no sistema do ensino, Paulo Có asseverou que a questão é indiscutível, na medida em que cada ano há mais crianças a ingressar na escola. Todavia, “se o sistema normalizar o número tido até agora não vai poder colmatar as necessidades”.

Có disse desconhecer a real situação de atribuição do subsídio de instalação de professores colocados, pela primeira vez, no interior do país.

De acordo com ele, é necessário que esses professores levem consigo os subsídios, de forma a cumprir com dignidade a sua missão, caso contrário, terão dificuldades de exercer com rigor à avaliação dos alunos.

Portanto tem consciência da necessidade de se atribuir subsídio de instalação aos recém colocados, mas a falta de cabimento de verbas foi sempre manifestada pelo Ministério das Finanças.

“Os sucessivos sobressaltos que o sistema tem conhecido atribuiu A má apreciação que as pessoas têm das Escolas públicas não tem fundamento tanto mais são das melhores instituições do ensino que o país dispõe porque o funcionamento de ensino aprendizagem nas escolas privadas é suportado em 98 por cento pelos professores das escolas do Estado”, revelou.

Nessa ordem de ideia, acrescentou que há necessidade de as famílias guineenses contribuírem na elevação da boa imagem das escolas públicas, deixando o aspeto de qualidade com o Ministério da Educação.

Julciano Baldé 

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