Guiné-Bissau em vias de perder mapa de linhas marítimas

O país está em vias de ficar sem uma orientação cartográfico do mar, por causa do estado avançado de degradação do mapa, alertou o capitão dos Portos de Bissau, Quefade Pedro Nunes, tendo realçado a necessidade de fazer a manutenção dos cais e aquisição de barcos para maior segurança dos viajantes.

Esta reportagem foi feita no quadro de observação de medidas de prevenções adotada pelas autoridades marítimas sobre riscos de naufrágio da presente época chuvosa, período em que acontecem mais acidentes, devido ao mau tempo, provocado pelos ventos fortes que agitam o mar.

Isto, numa altura em que o país, em apenas oito meses, já registou 15 óbitos por naufrágio, num total de seis acidentes, distribuídas entre as regiões: Bissau (porto de Alto Bamdim), Oio (porto de Farim), Tombali (porto de Cacine), Bolama, concretamente em Caravela (porto de Ilha de Maio) e Bubaque (porto de Ganouconta).

Atualmente, a ligação Bissau às zonas insulares é assegurada apenas por um barco, um bote e 35 canoas de empresas privadas. Estes dados foram fornecidas pela Capitânia dos portos da Guiné-Bissau, entidade que garante a segurança marítima, balizagem, identificação de ilhas cegas, farolagem (colocação de faróis), busca e salvamento. 

No que concerne à segurança marítima, em tempo de chuva, a Capitânia produziu um despacho que obriga as pirogas a terem dois motores fora de bordo, reserva mínima de 20 litros de combustível, redução de cargas e passageiros para metade de lotação, disposição de coletes salva-vida, meios de comunicação (telefones), fixação de faróis e refletores para facilitar a identificação noturno.

Estas e demais medidas aplicadas às embarcações marítimas são monitorizadas pelos delegados da capitânia, colocados em todo o território nacional com o objetivo de fiscalizar e aplicar penas aos infratores.

Perante esse desafio, Quefade Pdero Nunes, destacou as dificuldades, apontando a insuficiência de equipamentos e meios, como transportes, que facilitassem as deslocações de delegados durante a ação de monitorização de riscos e acidentes.

Em pior dos casos, recorrem às empresas particulares, para realizar os trabalhos, situação que, posteriormente, limita a ação de fiscalização dos delegados no terreno.

No entender do Capitão dos Portos de Bissau, a segurança marítima começa pela dragagem, qualidade que os cais fornecem para atarracamento dos navios e segue-se à mapeamento de vias que orienta a fixação de faróis, placas de sinalizações de zonas de riscos e aquisição de barcos em detrimento de pirogas.

Quefade Nunes, que assumiu as funções de Capitão dos Portos da Guiné-Bissau, a menos de um mês, pressagiou, para breve, uma visita técnica a todas as repartições sob sua alçada, com o objetivo de constatar o real estado das infraestruturas para melhor estabelecer prioridades.

Viagem às zonas insulares

As ilhas de Bolama, Bubáque, Uno, Djiu-de-Galinha, Orango, Caravela constituem os lugares mais procurados pelos passageiros, na maioria guineenses, que também queixaam de custos elevado de transporte para a zona insular

O ingresso de viagem varia de acordo com a distância entre as ilhas e embarcações, cabendo a escolha de cada passageiro. A titulo de exemplo, no barco, de Bissau para as ilhas custa entre cinco mil para lugares informais denominado de (bambu) e dez mil francos cfa aos lugares formais (Vip), dependendo do conforto pretendido pelo passageiro durante o percurso.

O custo de transporte, em canoa, de Bissau para as ilhas, sem opção de escolha de lugar de conforto, varia entre quatro mil francos cfa para as ilhas mais longínquas e dois mil e quinhentos para Djiu-de-Galinha (Ilha das Galinhas).

Perante o sacrifício e riscos, o Capitão acredita que o metodo mais eficaz de evitar os riscos e baixar o preço de transporte para as ilhas passa necessariamente pela aquisição e colocação de mais barcos ao serviço das zonas insulares.

Enquanto não existir essa possibilidade, Quefade Nunes prometeu convocar um encontro com os proprietários de transportes marítimos, no sentido de avaliar as possibilidades para reduzir o preço de transporte.

“O preço deve-se a insuficiência de navios, preços de combustíveis, impostos legais e ilegais que os tripulantes têm que aguentar antes de cada partida”, rematou um tripulante, responsável de uma das pirogas que liga Bissau, Uno e Bubaque. Este que preferiu o anonimato reconheceu que a viagem de barco é mais segura do que da canoa.

Mais barcos e redução do preço de transporte

Os cidadãos em causa classificaram de desumano e morte lenta o estado de isolamento em que se encontram as ilhas, por falta de transporte e manifestaram desapontados com as promessas de aquisição de barcos feitas por parte da classe política guineense em tempos de campanhas eleitorais.

“Nós, nascidos nas ilhas, estamos condenados ao sacrifício. Sem barco é difícil escoar os produtos para Bissau. Também temos a questão de preços de transporte que agravam as nossas despesas. Pagamos luxo, mas viajamos em lixo, com risco e tudo”, lastimou Quinta Tomé.

“Na Ilha das Galinhas (Djiu-de-Galinha) não temos barco, nem canoas que nos levam. Para viajar, pagando 2500 fcfa à canoa com destino às ilhas de Uno ou Bubaque e no meio da viagem, em pleno mar, somos trasladados para canoa de pescadores, contactados com antecedências que, também, temos que pagar 500 a 1000 francos cfa”, disse Tomas da Cunha.

Por isso, exortam ao Governo no sentido de arranjar barcos que faça a ligação Bissau-ilhas.

Viagem em tempos de Covid-19

O cumprimento de regras de proteção contra a Covid-19 constitui uma mera formalidade. A situação complica-se com o uso inadequado de mascaras, reduzido ao queixo, possas de água estagnada no interior de canoa, excesso de passageiros e cargas nas pirogas.

As violações são visíveis e começam com a falta de higiene no próprio porto, aglomeração de pessoas, má conservação de produtos alimentícios a venda e coletes salva-vidas em mau estado.

Segundo o Capitão dos Portos, os coletes normalmente têm um prazo de vida e um peso determinado a cada pessoa, e a sua distribuição deveria ser de acordo com o peso de cada viajante. Em perspetiva, prevê-se para o próximo ano a implementação de um único modelo de coletes salva-vidas para todas as tripulações. 

Podia-se constatar balde de lavar as mãos disfarçada na entrada de portão do Porto de Pindjiguiti e visível a presença de agentes de segurança portuária, mas as pessoas não se importam e muito menos respeitam as recomendações sobre proteção à pandemia.

Texto e foto: Neinho N´Tanhá 

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