Centenas de alunos no setor de Mansoa ficam fora do sistema

O Setor de Mansoa, administrativamente pertence à Região de Oio, norte da Guiné-Bissau, formado por duas porções, uma ao norte e outra ao sul, separadas pelo rio do mesmo nome. O setor possui cerca de 48 mil habitantes, segundo o censo de 2009.

Devido a sua localização geográfica, o setor passou a funcionar como sede regional, albergando maior número de serviços administrativos da região, nomeadamente centro de produção de bilhete de identidade, hospital, Tribunal Setorial, entre outros.

A cidade constitui um pólo importante de comércio não só para os setores que compõe a região, mas também para o país.

O acesso ao ensino secundário, particularmente 12º ano, é um dos problemas que o Setor de Mansoa depara nesses últimos tempos, devido à falta de uma política concreta para a área da educação, pelo que o Governo deve investir na expansão de liceus com 12º ano, para atender a necessidade da juventude.

Esta situação, segundo dados recolhidos pelo repórter do jornal Nô Pintcha, está a deixar um número considerável de alunos fora do sistema, porque a maioria provem de famílias pobres sem condições de mandar seus filhos estudar em outras cidades.

Depois do conflito político militar de 7 de junho, o Governo tinha elaborado um programa, com o objetivo de construir novas escolas no interior para responder à procura, mas o plano não se concretizou devido a vários fatores ligados, sobretudo, ao financiamento.

No entanto, o administrador do Setor de Mansoa, Fernando Iala, disse que em termos do ensino de qualidade, não há grandes problemas, porque os próprios pais e encarregados de educação colaboram no processo de acompanhamento de seus filhos.

“Hoje temos muitos jovens de Mansoa formados em diferentes áreas e que estão a dar suas contribuições para o desenvolvimento do país. De facto, se todas as cidades seguirem o exemplo de Mansoa, a Guiné-Bissau não terá problemas de quadros”, regozijou.

Segundo o administrador, há uns tempos, as meninas não frequentavam escola, mas com o passar do tempo, as mesmas viram que a solução é escola. “A partir daí, começaram abandonar as bandejas de mancarra, banana e outras, para irem a escola, e hoje algumas delas são professoras e médicas”.

De acordo com Fernando Iala, o crescimento populacional deve estar acompanhado com a construção de novas escolas e centros de saúdes, o que não foi caso de Mansoa. “Hoje, o setor regista um acrescimento populacional de uma forma muito acelerado, e só o liceu local não tem capacidade para absorver todos os alunos”.

Do ponto de vista do administrador, o setor tem a necessidade de, pelo menos, ter mais quatro liceus com 11º a 12º ano, nas secções de Gã-Mamudo, Jugudul, Cutia e Enfanré, para pude dar cobertura total à zona.

A implementação desses níveis nas localidades mencionadas, vai ajudar a minimizar os sacrifícios que os jovens consentem durante o período das aulas. “Há alunos que percorrem mais de 10 km a procura de escola”.

Revelou, a terminar, que o setor está também a deparar com problema de insuficiência de professores nas disciplinas de Matemática, Física, Química e Biologia.

Alfredo Saminanco

About The Author