Ziara de Madinatul Huda recorda obra do califa Tcherno Ahmadu

A 37ª edição de Ziara de Madinatul Huda, na República do Senegal, realizada nos dias 9 e 10 de fevereiro em curso, perante uma enorme moldura humana, ficou marcada com recordações ao fundador do evento, o califa Tcherno Ahmadu Balnde, que, a 6 de dezembro último, aos 74 anos, encontrou a morte súbita e, por isso, deixa um grande vazio no seio da comunidade islâmica da sub-região.

Toda a gente reconhece que não é fácil substitui-lo nesta luta triunfante de promover o Islão, de promover a unidade dos fiéis e de lutar afincadamente para que cada muçulmano do Senegal, da Gâmbia, Guiné-Bissau e Guiné-Conacri tenha o domínio de interpretação do Alcorão sagrado.

Tcherno Ahmadu era um sábio insubstituível que lutou durante toda a sua profecia para que os membros da sua comunidade sejam beneficiários diretos da glória do Criador. Ele era fluente em árabe e francês e tinha capacidade de expressar em inglês e conseguia ler jornais e livros editados em português, um dos quais o semanário Nô Pintcha e alguns autores guineenses. Mesmo o seu mestre corânico, o Tcherno Mama Saído, reconhecia a sua capacidade natural de chefe religioso e líder de comunidade. Algumas personalidades religiosas afirmam que o Tcherno Ahmadu nasceu como um enviado do Allah.

Com a sua morte, os mais velhos da comunidade apontaram sem demora o seu irmãozinho, o Tcherno Muniro Balnde, para substitui-lo, quem outrora tinha muita aproximação com ele, chegando a substituir-lhe, durante as suas ausências, nas orações diárias e de sexta-feira.

Neste Ziara (encontro anual de fiéis enraizado na base familiar, amizade e irmandade), o Tcherno Muniro seguiu a mesma linha de orientação do seu falecido irmão, tendo atacado duramente o que tem sido o motivo de conflitos sociais nas diferentes comunidades islâmicas. Segundo ele, os conflitos sociais têm lugar porque as pessoas se desvalorizam. «Se ele não respeita o meu mestre ou os meus mais velhos, também pago-lhe pela mesma moeda, e ali está a razão dos conflitos», sublinhou o califa Tcherno Muniro no final da oração da madrugada de sexta-feira.

Com o mesmo ponto de vista, na oração das 14 horas, o Tcherno Muniro, muito emocionado recordou que tal como naquele dia, no ano passado e pela mesma, o califa Tcherno Ahmadu era, no poder de Allah, quem dirigiu a oração e hoje ele está na sua sepultura dentro da Mesquita que o próprio ergueu.

O novo califa chamou atenção aos fiéis para terem medo de Allah e se ocuparem de fazer o bem, segundo o mandamento divino, em respeito à obra do Profeta Muhammad Salallah Aleihim Wassalam. «O Allah Todo-Poderoso deu-lhe essa grande missão de orientar os fiéis na aprendizagem e aprofundamento do Islão, de unir os fiéis e ele aceitou essa árdua missão e deu a sua vida para o cumprimento das palavras de Allah», disse Tcherno Muniro. Ele pediu aos muçulmanos presentes para que cada um, esteja onde estiver, lute para ser um cumpridor fiel das palavras de Allah.

Vale realçar que a moldura humana que participou no Ziara jamais foi vista em Madina e contou com a presença do ministro senegalês da Agricultura, dos responsáveis administrativos da Região de Kolda, bem como de numerosos chefes religiosos dos países vizinhos, inclusive da Guiné-Bissau na pessoa do Tcherno Suleimane Baldé, presidente da União dos Imames, entre outros.

Bacar Baldé

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