UNICEF e PLAN Internacional de mãos dadas no combate à excisão feminina

O Fundo das Nações Unidas para as Crianças e PLAN internacional numa ação concertada e com apoio da Parceria Mundial da Educação, GPE, promoveram, no dia 11 de maio, em Bafatá, o lançamento do projeto “preparar as comunidades do país para se comprometerem ao abandono da mutilação genital feminina e enfrentar um ano escolar em contexto de covid-19”.

O representante do Governador regional, Nelson de Pina Nanque, ao presidir a sessão de abertura manifestou a sua satisfação pelo esforço que UNICEF  e PLAN internacional estão a fazer para proporcionar saúde às populações de Bafatá e acrescenta “ quando temos uma população saudável governamos com facilidade”.

“Combater a excisão feminina deve ser tarefa de todos nós porquanto a saúde da mulher preocupa-nos a todos. Porque a mulher é mãe, filha, irmã e esposa”, disse.

 Nelson de Pina entende que para acabarmos de vez com a mutilação genital feminina tem que haver o nosso engajamento coletivo”. E explica “se nós fomos vítimas desse terror no passado nunca desejaríamos que as nossas filhas venham a passar o mesmo”.

“ E se não queremos que a nossa filha passe mal, tudo está agora nas nossas mãos”, alertou o governante.

 Nelson de Pina afirma que UNICEF e PLAN apenas nos orientam, os verdadeiros os executores são os pais e mães, ou seja, a comunidade em geral e as famílias em particular”.

“Eu julgo que as decisões desse encontro devem ser disseminadas nas casas, comunidades e vizinhanças para termos ideias claras sobre os danos da Mutilação genital feminina e procurarmos estancar esse mal para que as nossa netas não venham conhecê-las” advertiu.

Eliminar focos de resistência

Entretanto, a representante do UNICEF, Hairna  Airoguibitheia, disse que é com muito prazer que o UNICEF se associa a este projeto, de cariz social, de grande relevo, e em estreita colaboração com PLAN internacional, as autoridades políticas, tradicionais para poderem em conjunto dar início ao projeto “preparar as comunidades do país para se comprometerem ao abandono da mutilação genital feminina e enfrentar um ano escolar em contexto de covid-19”.

Hairna afirma que este projeto tem dois objetivos: por uma lado reduzir a prevalência de mutilação genital feminina nas regiões de Bafatá e Gabú e por outro lado promover medidas preventivas em todo o território nacional focando essencialmente nas escola.

Para Hairna Airoguibitheia no primeiro objetivo pretende-se dar respostas objetivas para estancar os focos de entraves da mutilação genital feminina ao que muitas das vezes infelizmente são justificados pela cultura ou pela religião.

“Precisamos contar com o esforço das comunidades como papel de liderança enquanto agentes de mudança para desta forma servir de desmotivação, como fonte geradora de alterações visandosuprimir os focos de resistência à implementação desse projeto”, disse para acrescentar “cujo indicador irá incidir no nível de mutilação genital feminina e no nível de violência baseado no género”.

Na ótica de Hairna outro componente importante é o combate à pandemia de covid-19 que afetou de forma negativa o normal desenrolar do ensino no país facto que tem de ser contrariado rápidocom medidas eficazes centradas nas mãos das escolas e comunidades com apoio do UNICEF em colaboração com a parceria mundial da educação GPE e PLAN internacional.

Para Hairna Airoguibitheia o momento é complexo e desafiador impondo a todos não apenas reformas isoladas e individualizadas mas sobretudo a coparticipação de todos, em sinergia, de forma  combinada, coordenada e concertada em perfeita colaboração para a proteção das crianças, mulheres  e de vidas nas comunidades.

“As dificuldades na redução da mutilação genital feminina são muitas mas temos inabalavelmente crença de que se forem bem aplicados os mecanismos de prevenção e se se cultivar a colaboração entre comunidades locais de Gabú e Bafatá e se fizermos acreditar os adolescentes enquanto forças vivas e ponto de viragem, os resultados não tardarão em fazer sentir”, sublinhou.

“Nós do UNICEF  e o PLAN  internacional acreditamos mas sem a vossa parte não será possível, disse para acrescentar “precisamos de vocês e não podemos levar a bom porto esse projeto sozinhos” reconheceu tendo recebido prolongados aplausos da assistência.

“Estamos a enfrentar duas realidades extremamente desafiante: de um lado o direito da criança à escola e educação por outro lado a necessidade de adaptarmos as escolas e os comportamentos dos alunos à realidade em contexto de pandemia de covid-19”, disse.

Para Hairna o projeto que agora  é lançado visa para que as crianças frequentem a escola de forma segura removendo barreiras que possam colocar em risco as crianças principalmente as raparigas.“Reitero que pretendemos trabalhar juntos para garantir o acesso à escola a continuidade de aprendizagem”, manifestou. 

Espero que esse encontro de Bafatá venha a contribuir para a compreensão de todos dos princípios orientadores do projeto e também pela partilha de informações sobre o combate a pandemia de covid 19.

Financiamento de UNICEF

Enquanto isso, odiretor das operações do PLAN Internacional, em representação do representante residente daquela organização internacional, ausente do país, Martial Konou, lembrou que esse projeto torna-se realidade hoje graças ao financiamento  de UNICEF que protege o bem estar das crianças.

Ele enfatizou que o encontro de Bafatá é ponta pé de partida para uma longa viagem que se pretende fazer em conjunto. “Como não podemos viajar juntos sem nos acordarmos princípios básicos e percebermos ideia de cada, então é essa a  importância dessa  reunião de hoje que visa uma partilha de opiniões e de experiências.

Konou salienta “sabemos que a grande preocupação do PLAN internacional e UNICEF é o fim da mutilação genital feminina e a presença do representante do governador regional de Bafatá nesse ato testemunha a importância que as autoridades deste país dão a esse projeto bastante ambicioso na proteção das crianças.

“Para além da preocupação sobre o fenómeno da Mutilação genital Feminina estamos confrontados também pela pandemia que tem estagnado o mundo e a Guiné Bissau não é uma exceção”, reconheceu.

“O sucesso desse projeto hoje lançado depende de esforço de cada um de nós e PLAN internacional e UNICEF estão ao lado das autoridades políticas e tradicionais para acompanhar as nossas comunidades para poderem atingir resultados esperados”, disse.

Para Konou nunca podemos alcançar bons resultados se não trabalharmos de mãos dadas. Espero daqui há alguns meses quando voltarmos a nos encontrar para balancearmos essas atividades possamos dizer bravo valeu apena.

Poder tradicional

Por sua vez,  em nome do poder tradicional, o regulo de Bafatá lamentou a existência ainda de alguns focos de resistência, nessas duas regiões e apelou ao fim dessa prática de mutilação genital feminina.

Para Aladje Seco Sidibé, os focos de resistências devem ser identificados e eliminados nas duas regiões paulatinamente.

“Cada vez que ensaiamos uma medida algumas pessoas aparecem para furar as medidas com novas estratégias e espero que esse encontro de hoje aqui em Bafatá, vai traçar ideias e projeto para estancar definitivamente a mutilação genital feminina”, vincou Aladje Seco Sidibé.  Estiveram presentes na reunião fanatecas das duas regiões, representantes das comunidades, lideres de opiniões, poderes tradicionais e políticas e organizações da sociedade civil.

Texto: Abduramane Djaló com cortesia de Djibril Colubali (da rádio comunitária de Bafatá)

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