As regiões de Oio e Biombo (Norte) superaram as suas congéneres de Bafatá e Gabú (Leste) como sendo as zonas do país com maior prevalência do VIH/Sida, informou o Secretariado Nacional de Luta contra Sida.
Em declarações aos jornalistas, à margem das comemorações de 1 de Dezembro, Dia Mundial de Luta contra Sida, celebrado sob lema “Acabar com as desigualdades, acabar com a Sida, acabar com as pandemias”, a secretária executiva do SNLS disse que tais dados precisam de atualização, já que há muito que não se fez recenseamento da situação. Contudo, Fatoumata Diaraye Diallo indica que atividades do género constam nos planos da instituição para o ano 2022.
Aquela responsável sublinhou que, depois da pandemia da Covid-19, a situação do VIH/Sida ficou “muito grave”, porque atividades deixaram de ser implementadas, houve abandono de tratamento, o que obriga a tomada de medidas.
“A chave para inversão dessa tendência é a prevenção e inclusão social. Existe exclusão social muito elevada em relação às pessoas viventes com o VIH/Sida e é necessário o Estado assumir que existem esses problemas e como devem ser tratados”, opinou.
600 Milhões para o combate à Sida
Ao presidir à cerimónia oficial, o chefe de Gabinete do Primeiro-ministro, em representação deste, afirmou que o lema deste ano está impregnado nas ações prioritárias do governo. Eis a razão por que, segundo José Paulo Semedo, o executivo, no seu Orçamento Geral de Estado de 2022, consignou 600 milhões de francos cfa para o combate ao VIH/Sida.
Paulo Semedo anunciou que, no mesmo instrumento governativo, está reservado um bolo de mais de 32 por cento aos setores sociais, com vista a ultrapassar os problemas que veem enfrentando.
Os mais atingidos
O representante da Onusida no evento, Faustino Gomes Correia, avançou que as camadas mais afetadas com o VIH são os profissionais de sexo, homossexuais, usuários de drogas injetáveis, meninas vendedeiras e pessoas com deficiência.
A seu ver, na Guiné-Bissau, essa doença é um problema da saúde pública e é por isso que necessita da atenção do Estado, não obstante quase todas as intervenções terem sido asseguradas pelos parceiros.
Lembrou que a meta para a Sida deixar de constituir um problema da saúde pública está traçada para 2030, o que significa que devemos pensar o que fazer nos próximos oito anos restantes. E apontou alguns dos aspetos que acredita poderem contribuir para isso: acesso gratuito ao tratamento antirretroviral (ARV); acessibilidade às estruturas de tratamento; participação das comunidades, centrada na pessoa humana (não discriminação).
Exames a 50 mil francosfrancos
A presidente da Rede Nacional dos Portadores do VIH/Sida manifestou-se revoltada com o Estado, a quem acusa de abandonar pessoas viventes com a doença e exige respeito, consideração e reconhecimento.
Denunciou que os exames que controlam o nível de tratamento ARV, outrora gratuitos, agora custam 50 mil francos cfa, situação que gera grande preocupação no seio dos portadores do VIH.
Disse que nunca recebem apoios, exceto por parte das ONG e mostra-se apreensiva com o seu futuro quando o Fundo Mundial e outros parceiros deixarem de ajudar. Adiantou que a Covid-19 relegou para segundo plano a problemática da Sida.
Já passaram 40 anos desde que foi descoberto o VIH/Sida no mundo e, na Guiné-Bissau, os primeiros vírus também surgiram em 1981/1982.
Ibraima Sori Baldé