“Produção alimentar pode acabar com fome e acelerar progresso do país”

O setor agrário pode acabar com fome, pobreza, ampliar o emprego e acelerar o progresso na Guiné-Bissau, afirmou, no passado dia 15 do corrente mês, Jeans Schats, consultor internacional do setor agrário da empresa Amdreas Hermes Academia (AHA), chefe da delegação europeia que esteve no país para uma missão de cinco dias, feita no quadro de parceria com o Quadro Nacional de Concertação das Organizações Camponesas e Produtores Agrícola da Guiné-Bissau/Plataforma Nacional de Camponesa e Produtores Agrícolas (QNCOCPA-GB/ROPPA).

A missão tinha, entre outros objetivo, inteirar da capacidade da produção agrária nacional, principalmente no domínio de frutas, legumes e tubérculos, como a mandioca e batata-doce. Por outro lado, conhecer a capacidade do mercado agrícola, desafios e desejo dos camponeses guineenses para melhor apoiar as diversas iniciativas do setor.

Na ocasião, Ibraima Biai, em nome da ROPPA – QNCOCPA-GB, entidade anfitriã da delegação internacional, disse que a delegação está no país para efeitos de uma prospeção do setor agrícola e conhecer as necessidades e desafios do setor, visando a sua industrialização.

Segundo o representante da ROPPA – QNCOCPA-GB, a partir do momento em que os consultores conhecerem a realidade dos agricultores guineenses poderá facilmente advogar e apoiar a atividade agrícola nacional no seio de possíveis investidores.

Para obter ganhos a partir do setor agrário, Ibraima Biai afirmou que além do investimento, o país necessita de estabilidade e os camponeses precisam de se unir esforços a volta de um único projeto de combater a fome, gerir a riqueza e promover o desenvolvimento.

Por outro lado, exortou ao Governo e parceiros financeiros no sentido de continuarem a apoiar a produção agrícola tendo em conta a sua importância vital na erradicação da pobreza, fome e desemprego no país.

Por sua vez, Caramado Turé, representante dos agricultores de Oio, concretamente Farim, realçou a visita da delegação e aproveitou para revelar as principais dificuldades e desafios desses camponeses. A propósito, salientou as dificuldades de se encontrar mercado para o escoamento do produto, motivadas, sobretudo, pelas más condições da estrada e falta de meios de transportes.

Em consequência, Caramado Turé lamentou o fraco poder de compra das pessoas aos produtos cultivados localmente e falta de condições e de espaço para a conservação. Nessa ordem de ideias, revelou que o recurso de venda dos seus produtos é aos comerciantes senegaleses que pelas dificuldades atrás mencionada, acabam por impor o preço.

Caramudo Turé disse esperar que o Governo e as organizações como ROPPA e parceiros internacionais venham a auxiliar a industrialização do setor como forma de acabar com fome e pobreza no país.

Esse agricultor de Oio exprimiu estar preocupado com a fuga de jovens para capital, com alegações de encontrar melhores condições de vida e um trabalho menos cansativo, mas que no fundo estão a fugir de trabalho de campo ou seja da agricultura mecânica ou manual.

Em reacção, Jeans Schats, Consultor Internacional do setor agrário da empresa Amdreas Hermes Academia (AHA) e chefe da missão, aconselhou as autoridades nacionais para priorizar o setor agrícola e apoiar as organizações camponeses porque o setor constitui o pilar de desenvolvimento do país.

Segundo Jeans Schats, durante a visita em diversos locais constatou desperdícios de produtos agrícolas como frutas, legumes e até mesmo de tubérculos que poderiam ser aproveitados para alavancar o índice da economia nacional.

Nessa perspetiva, garantiu que tomou a boa nota sobre a potencialidade e desafios que o setor agrário nacional enfrenta. Por outro lado, o consultor internacional disse que gostou da sua experiência que teve com os camponeses nacionais e promete incluir boas impressões e recomendações no seu relatório.

Entretanto, Jeans Schats garantiu que há toda necessidade para apoiar a produção agrícola guineense como forma de aumentar o crescimento económico, lutar contra a fome e a penúria e projetar o progresso do país.

De salientar que a comitiva percorreu também a zona leste do país, visitou o Centro de Frutas e Legumes que fica situado em Bambadinca, passou pela vila de Mansaba e pelo Farim.

Nelinho N´tanhá

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