– garantiu Marcelo Rebelo de Sousa
O Presidente de Portugal anunciou, no final da sua visita de 24 horas a Bissau, (17 e 18) a vinda para breve do primeiro-ministro português, António Costa, para concretizar este novo clico de cooperação estratégica que se abriu com a sua deslocação a Bissau.
Marcelo Rebelo de Sousa fez estas afirmações no final de um encontro que manteve com o chefe do executivo guineense, no Palácio do Governo, onde reafirmou a vinda de António Costa à Guiné-Bissau, para dar passo importante na parceria estratégica que foi objeto de assinatura de um programa de cooperação entre os dois governos, no mês de janeiro último em Lisboa.
“Os acordos que serão assinados neste âmbito cobrirão diversos setores como a administração pública, justiça, educação, saúde e outras eventuais áreas de interesse comum, assim como um incentivo à atividade económica e empresarial”, garantiu o Chefe de Estado luso.
Rebelo de Sousa lembrou que a sua visita à Guiné-Bissau está associada a grandes sonhos, objetivos e aspirações legítimas de cooperação entre os dois Estados e povos.
Relativamente aos povos, o estadista português disse que a existência desses é a razão da sua vinda a Bissau, acrescentando que os povos são verdadeiramente irmãos e almejam uma cooperação franca e fraterna.
Este facto, segundo Marcelo Rebelo de Sousa, levou-me a admitir que a cooperação entre os Estados e responsáveis políticos será, num futuro próximo, muito mais ambiciosa, frutuosa e promissora em relação ao passado.
Por outro lado, o Presidente português agradeceu às autoridades guineenses, sobretudo na pessoa do primeiro-ministro, por lhe ter recebido no termo de uma visita inesquecível, 31 anos e seis meses depois da última visita de um Chefe de Estado português.
“É uma visita inesquecível pelo calor do povo guineense, pelo acolhimento da parte das autoridades, começando pelo Presidente da República, Assembleia Nacional Popular e culminar com o Primeiro-Ministro, assim como partidos políticos e vários setores da sociedade civil”, manifestou.
No caso particular de Nuno Gomes Nabiam, Marcelo Rebelo de Sousa congratulou-se com o governante pelo retrato que os deu sobre a situação económica, social e política guineense num tempo de estabilização e superação da pandemia, bem como do relançamento económico e social, com ênfase na geração mais jovem.
Divergência sobre ponta de vista política
O Presidente da República português considerou de interessante as conversas que manteve com os responsáveis dos partidos políticos, entre os apoiantes e opositores.
Rebelo de Sousa disse ter ouvido a visão justificativa dos apoiantes sobre a razão de assumirem essa posição, fundamentando na necessidade de garantir a estabilidade parlamentar até ao fim da legislatura, enquanto a oposição falou da situação política, económica e social do país e da região envolvente.
O estadista reconheceu de que, apesar de haver pontos de vistas diferentes entre os partidos políticos sobre o país, mas todos concordaram pela necessidade de Bissau e Lisboa aprofundar a cooperação em diversos domínios e nada têm contra Portugal.
Acesso aos vistos de estudos
Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que a questão de vistos de entrada para estudantes guineenses interessados em continuar estudos em Portugal é permanentemente abordado, porque é um problema que existe. Acrescentou que o pedido de vistos para Portugal está a aumentar de forma acelerado, lembrando que emitiam mil vistos, mais tarde subiu para dois mil e agora está acima de quatro mil e seiscentos disponíveis, o que tem criado alguns problemas ao funcionamento dos serviços consulares, sobretudo durante o período de confinamento.
Por outro lado, mostrou-se preocupante, embora reconheceu que é legítimo a expetativa dos guineenses preferir estudar em Portugal, mas alertou sobre as despesas que devem ser garantidas, porque não basta ter visto para chegar Portugal e haver o enquadramento em termos de bolsas para o aumento rápido de números de estudantes e depois não ter a sustentabilidade dos mesmos.
“Com isso queremos evitar para que não haja frustração logo a seguir aos estudos, devido à falta de um financiamento duradoiro, o que faz com que os estudantes andam a trabalhar sem completar estudos e nem encontrar os trabalhos que merecem”, lamentou.
Finalmente, aconselhou os guineenses a pensarem profundamente na questão do financiamento de estudos dos seus estudantes, porque não se pode estar a criar expetativas que depois são frustradas. Aliás, os jovens não vão para o turismo, mas sim para estudar e realizar profissionalmente o seu sonho.
Visita histórica
O Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau disse ter reafirmado ao Presidente português que o país está a andar num bom ritmo e o Governo criou condições aceitáveis de segurança para atrair os operadores económicos estrangeiros, no sentido de virem investir no país.
Nuno Gomes Nabiam revelou que informou também a Marcelo Rebelo de Sousa dos esforços que o Governo está a desenvolver no que concerne ao respeito aos princípios da separação do poder constitucional e da criação de condições básicas para o relançamento da economia nacional, numa altura em que se está a retomar a economia gradualmente dos efeitos da pandemia.
Finalmente, disse terem abordado também a situação ligada à cooperação entre os dois países e na disponibilidade de reforçar os laços de cooperação entre a Guiné-Bissau e Portugal, tendo admitido que esta visita serve de uma oportunidade histórica depois de três décadas da última visita oficial de um estadista luso à pátria de Amílcar Cabral.
Texto: Seco Baldé Vieira Fotos: José Dju e Aliu Baldé