Portugal está determinado a cooperar com a Guiné-Bissau em todas as áreas

“Durante a minha estada em Portugal, a diretora nacional da Polícia Judiciária (PJ) guineense reuniu-se com o diretor da PJ de Portugal, tendo debatido com aquele homólogo a questão do combate à criminalidade e recolhidos ensinamentos baseados na experiência portuguesa.” Esta revelação foi feita no Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, no sábado, dia 10, pelo Presidente da República, General Umaru Sissoco Embaló, aquando do seu regresso da visita oficial de três dias realizada a Portugal.

Chefe de Estado Embaló com o Presidente da Assembleia da República Portuguesa, Ferro Rodrigues

O Chefe de Estado, acompanhado nesta deslocação pela ministra dos Negócios Estrangeiros, da Cooperação Internacional e das Comunidades, Suzi Barbosa, bem como pela diretora nacional da Polícia Judiciária, Teresa Alexandrina da Silva, manteve encontros em Lisboa com o seu homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, com o Presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues e com o Primeiro-Ministro, António Costa.

Chefe de Estado guineense no encontro com o Primeiro-Ministro António Costa

Em declarações aos jornalistas logo após o seu regresso, o Presidente Embaló sublinhou que a Guiné-Bissau não tendo petróleo, tem de investir na Polícia Judiciária, no Serviço de Informação e Segurança (SIS) e na Polícia de Ordem Pública, para ter mais receitas. Isto significa, segundo ele, combater a corrupção, ou seja, decretar tolerância zero no âmbito da corrupção, pois só assim o país poderá sair da situação em que se encontra, impedindo uma ou duas pessoas de se apropriar daquilo que é de toda a gente.

General Umaru Sissoco Embaló cumprimenta o Primeiro-Ministro Nuno Nabiam

O Chefe de Estado disse que ficou surpreendido com a receção que teve em Portugal e o nível de consideração que o povo português tem para com os guineenses. “O meu encontro com o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa correu muito bem, havendo muitas coisas que me surpreenderam. Ele disponibilizou-se a cooperar connosco em todas as áreas, inclusive na área científica”.

Umaru Sissoco Embaló disse que conversou com as autoridades portuguesas sobre a possiblidade de “nos apoiarem em termos de adoção e aplicação de uma legislação para mudarmos os nossos passaportes diplomático, de serviço e ordinário”.

Mais à frente, o Chefe de Estado acrescentou que as autoridades guineenses querem reciprocidade de livre circulação no espaço CPLP. Para esse objetivo, Sissoco Embaló revelou que o Governo vai mudar os passaportes e aplicar a supressão de vistos com Portugal, Espanha, França e outros países. “Os portugueses vão ser os nossos porta-vozes”. Para a materialização dessa ideia, o Presidente informou que o Governo, em Conselho de Ministros, vai definir quem é que tem direito a passaporte diplomático e de serviço. “Temos de deixar de banalizar os nossos documentos. Informámos às autoridades portuguesas que as nossas crises cíclicas já passaram. Neste momento não temos nenhum problema. Os guineenses vivem em paz e em harmonia.”

Presidente Sissoco cumprimenta a parada militar no aeroporto internacional Osvaldo Vieira

Na conversa com a imprensa, o Chefe de Estado anunciou que o Primeiro-Ministro português, António Costa, vai efetuar uma visita oficial à Guiné-Bissau na primeira semana de novembro próximo e perspetiva-se no futuro a troca de visitas dos ministros da Defesa de ambos os países. “Nessas visitas ministeriais, iremos abordar a possibilidade de pagamento aos guineenses os seus devidos direitos enquanto servidores do Exército Colonial Português”.

Em declarações à imprensa

No que tange à comunidade guineense a residir em Portugal, Sissoco Embaló foi informado de que os guineenses são a comunidade que mais regista casos de coronavírus, facto que deixa muita preocupação, porque viajam neste período de pandemia para muitos países da Europa.

Encontro no Palácio de Belém

O Presidente da Guiné-Bissau foi recebido no Palácio de Belém, em Lisboa, pelo seu homólogo português, Marcelo Frebelo de Sousa, e durante a intervenção na cerimónia de receção, Umaru Sissoco Embaló, realçou, entre outros, a amizade do povo irmão da Guiné-Bissau para com o povo de Portugal, o firme propósito de contribuir para a criação de um novo paradigma que permita ampliar e elevar o nível de relações entre os dois países e a necessidade da criação de novas parcerias, entre outros assuntos.

No Palácio de Belém

“Hoje, a Guiné-Bissau vive em absoluta normalidade democrática e em estabilidade. Posso afirmar que a nossa primeira conquista consistiu na reposição da legalidade democrática e da autoridade do Estado”, salientou, tendo mais adiante dito que, finalmente, as instituições funcionam, existe uma perfeita articulação entre o Presidente da República, o Governo da nova maioria e o parlamento.

Umaru Sissoco Embaló confessou ao Chefe de Estado português que a sua eleição como Presidente da República representa o início de uma nova era, a era da dignidade, de paz e progresso na vida dos guineenses.

Segundo o Presidente guineense, para se realizar este projeto de mudança, os guineenses expressam inequivocamente o desejo de o fazer também com Portugal como principal parceiro junto da União Europeia e a porta de entrada da Guiné-Bissau para a Europa.

No seu discurso, Umaru Sissoco Embaló manifestou o desejo de a Guiné-Bissau construir com Portugal uma parceria especial e estratégica, cujos pilares fiquem definidos no quadro da sua visita; que a Guiné-Bissau seja a porta de entrada de Portugal para a África Ocidental e a plataforma das exportações portuguesas na sub-região oeste-africana; trabalhar com Portugal para a manutenção e expansão da língua portuguesa na Guiné-Bissau e na sub-região; trabalhar com Portugal na valorização do capital humano guineense através da implementação de profundas reformas na educação e na saúde; trabalhar com Portugal para a consolidação do Estado através de reformas profundas na Administração Pública e na Justiça que assegurem o êxito de novas políticas públicas e o aprofundamento do Estado de Direito; trabalhar com Portugal no combate firme ao crime organizado transnacional para a restauração da segurança interna e do bom nome e dignidade dos guineenses de forma a credibilizar-se a imagem externa do país, fazendo da Guiné-Bissau um parceiro respeitado no concerto das nações.

Que esta visita oficial tenha continuidade no futuro e se estenda para mais países da Europa, América, África, Ásia e Oceânia.

Bacar Baldé

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