O presidente da Associação Nacional de Proteção dos Trabalhadores Domésticos (Anapromed) denunciou, no passado dia 14 de maio, o despedimento de mais de 318 empregados domésticos pelos seus patrões, por não poderem comparecer ao serviço devido ao estado de emergência decretado pelo Governo motivado pela pandemia da Covid-19.
Numa entrevista exclusiva ao “Nô Pintcha”, Sene Bacai Cassamá explicou que na sequência da pandemia que assola o país fez com que a condição dos trabalhadores domésticos ficou mais difícil e humilhante.
De acordo com Bacai, é no Setor Autónomo de Bissau que se verifica maior onda de despedimentos, principalmente de empregadas, havendo um número aproximado de 260 pessoas que perderam o seu emprego. A Região de Bolama/Bijagós, mais concretamente na ilha de Bubaque, é a que se segue com 30 pessoas. A Região de Gabu contabiliza 18 e, por último, a Região de Bafatá, onde 10 trabalhadores foram despedidos pelos respetivos patrões.
“Na sua totalidade, são 318 trabalhadores que já perderam o seu emprego, para além de outros que foram dispensados a fim de manterem em casa até ao fim da pandemia.
Relativamente a empregadas infetadas pelo coronavírus nos seus locais de trabalho, Sene Bacai Cassamá disse que estão, pelo menos, 17 empregadas domésticas contaminadas por essa doença.
“Aquelas que se tinham arriscado porque precisam de salário para sobreviver, neste momento, para além dos 17 casos confirmados, temos também 14 outros em análise.”
Cassamá voltou a confirmar que essas pessoas foram contaminadas nos seus locais de trabalho pelos seus patrões, “espero que o nosso Governo apoia estas vítimas e suas respetivas famílias”.
O presidente da Anapromed apontou como exemplo as autoridades cabo-verdianas, que têm apoiado financeiramente os trabalhadores de baixa rendimento, nomeadamente as empregadas domésticas.
Sene Bacai Cassamá acusou ainda que os patrões dos seus associados não concordam com as medidas do Governo e querem que os funcionários continuem a trabalhar, mesmo correndo o risco de contaminação por coronavírus.
O presidente da Associação Nacional de Proteção dos Trabalhadores Domésticos considerou os despedimentos dos seus associados que, na sua maioria, são mulheres, de uma violação fundamental de direitos que assistem às empregadas.
Por: Fulgêncio Mendes Borges