Kafo alerta sobre perigo da propagação da covid-19 nas comunidades

A Federação Camponesa Kafo iniciou, no dia 16 deste mês, em Djalicunda, a distribuição de materiais e produtos desinfetantes de prevenção do coronavírus, no âmbito do projeto de urgência para a prevenção desta doença nas regiões de Oio e Cacheu.

Trata-se de 300 mil litros de lixívia, 10 mil máscaras, 3.340 unidades de sabão, 225 cartazes, 15 megafones, 150 pares de luvas entre cirúrgicas e nitrílicas, 75 recipientes de água de 125 litros e 200 barris de 60 litros, assim como 200 litros de óleo palma para a produção local de sabão.

O projeto, que terá a duração de quatro meses, é financiado pela Swissaid Guiné-Bissau e um empresário suíço amigo da Federação Kafo, visando apoiar 18 mil pessoas de 75 comunidades, sendo 40 na Região de Oio e 35 na de Cacheu.

Durante a cerimónia de lançamento do projeto, o secretário-geral da Federação Kafo explicou que o surgimento da pandemia do coronavírus apanhou todo o mundo desprevenido e em pânico, provocando danos enormes sobretudo nos países mais industrializados, com destaque para o número de vítimas mortais que continua a verificar-se.

Perante a realidade, Sambu Seck afirmou que a única arma disponível até ao momento para fazer face ao coronavírus é a prevenção, mas alertou que é preciso, primeiro, conhecer a doença, como é que se contrai, como se manifesta e as suas consequências.

O especialista comunitário disse que as suas ações no combate ao coronavírus não se limita apenas neste projeto, mas também está em curso um outro financiado pelo Programa Alimentar Mundial (PAM) e a Federação Camponesa Kafo para a administração do Programa Cantina Escolar nas regiões de Oio, Cacheu e Biombo.

Neste quadro, explicou que o objetivo destes projetos visa apoiar a população destas localidades a terem acesso aos dispositivos legais e seguros de proteção e combate ao coronavírus, através do uso de máscaras e lavagem sistemática de mãos com água, lixívia e sabão. Manter a população sempre informada sobre o estado da evolução da doença, através de programas radiofónicos em línguas locais, tendo em conta a vulnerabilidade do sistema nacional de saúde.

Sambu Seck advertiu que nada farão sem a orientação dos técnicos e especialistas da saúde, incluindo a Direção Regional de Saúde de Oio, pelo que a população deve acatar respeitar as orientações médicas. Acrescentou que a forma de propagação da doença na comunidade é muito mais perigosa do que nas cidades devido à socialização dos povos locais, por isso alerta sobre a necessidade de evitar o máximo a aglomeração de pessoas e respeitar a regra de distanciamento.

Por sua vez, o representante da Direção Regional de Saúde de Oio felicitou a iniciativa da Kafo, tendo afirmado que a doença da Covid-19 é uma realidade que constitui a maior preocupação do mundo contemporâneo.

Quintino Gomes lamentou o facto de muitos jovens negligenciarem a existência do coronavírus, alguns reconhecem mas alegam ser uma doença que afeta os idosos, ignorando mesmo que ele é imune da doença mas poderá servir-se de vetor para atingir e contagiar famílias idosas e vulneráveis.

O técnico sanitário aconselhou os guineenses a respeitarem as orientações do Governo e do Ministério da Saúde no que concerne à prevenção da pandemia do coronavírus, lavar sempre as mãos e estender ao sol as roupas que despirem aquando do regresso a casa. Acrescentou que não se aconselha cumprimentar-se com abraços, beijos e aperto de mãos, alertando ainda que existem informações falsas a circular pelas redes sociais, segundo as quais as vacinas que estão a ser ministradas no país podem causar a morte, influenciando a não apresentação de mães nos centros de saúde.

Por esta razão, Quintino Gomes esclareceu que não há nenhuma vacina nova que está a ser ministrada no país, dizendo que não se deve virar todas as atenções para o coronavírus, deixando outras doenças continuar a ganhar terreno.

Por sua vez, o secretário administrativo da Região de Oio disse que o estado atual da situação sanitária na Guiné-Bissau preocupa todas as autoridades nacionais, desde o Chefe de Estado, governos central e regional, devido ao perigo que esta doença representa.

Nesta perspetiva, João Bion Tchuda aconselhou o respeito pelas orientações dos técnicos da saúde, com destaque para o uso obrigatório de máscaras, respeitar a regra de confinamento e distanciamento, como forma de ajudar na prevenção da doença e salvar a vida do próximo.

“É imperativo pôr em prática os conselhos das autoridades sanitárias porque a Covid-19 é um inimigo invisível, pelo que o seu combate requer colaboração e determinação de todos, lembrando que a doença não conhece a cor da pele, raça, religião e, muito menos, filiação partidária”, concluiu João Bion Tchuda.

Importa salientar que a Associação de Alfaiates do Setor de Mansabá ofereceu à Federação Camponesa Kafo um donativo composto de 110 máscaras de proteção.

Por: Seco Baldé Vieira

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