Paludismo aumenta nas crianças de cinco anos

O aumento exponencial de casos de paludismo no país está relacionado com a falta de boa gestão de lixos, não só pela Câmara Municipal de Bissau (CMB) mas, também, pelos próprios moradores nas imediações de suas residências.

A reportagem do Nô Pintcha constatou in loco, no terreno, nesse período da chuva, junto da população, o aumento de casos de paludismo nas crianças de cinco a oito anos de idade e adultos.

A péssima situação de higiene das valetas dos Bairros periféricos de Bissau tem constituído maiores sítios de reprodução de mosquitos devido a estagnação da água de fossas de casas e de chuvas.

Esse facto, sem sombra de dúvidas, cria condições para o aumento dos mosquitos e ao picarem transmitem os micróbios aos que habitam nessas proximidades de valetas e não só, isto tendo em conta a exposição dos vizinhos às picadelas dos mosquitos diariamente.

A má prática de vazamento de lixo doméstico de vários tipos nas valetas e não só, tem vindo a deteriorar a saúde pública. Isso porque a situação geográfica de muitos bairros, pela falta de urbanização os serviços de saneamento da CMB, têm imensas dificuldades em limpar essas sarjetas da capital Bissau.

A problemática da falta de saneamento das valetas não é sentida só nos arredores e nos interiores dos bairros, mas sobretudo em vários centros de saúde. As valetas junto ao centro de saúde no Bairro Militar que além desse aspeto de muita imundice, ficam nas imediações do mercado.

Essa situação de insalubridade coloca aquele centro de saúde em situação de perigo extrema no que concerne à propagação de paludismo, dada a existência de mosquitos nessas águas paradas nas valetas, lixos com pacientes em particular e os utentes do centro de saúde em geral.

Os moradores dos bairros subúrbios, nomeadamente Bandim, Cuntum, Mindará, Quelele, P’ssak, QG e Pluba estão mergulhados em imundices, pois habitam quase nas imediações das valetas e em locais improvisadas de lixos, pelo que coabitam diariamente com mau cheiro.

O aumento exponencial de casos de paludismo no país é relacionado com a falta de boa gestão de lixos, não só, pela CMB mas também pelos próprios citadinos cujas habitações são lugares de reprodução de mosquitos.

A enfermeira chefe adjunto do Centro de Saúde de Quelele revelou que tem-se registado nesse período de chuva, o aumento exponencial de casos de paludismo nas crianças de cinco a oito anos idade e alguns adultos.

Alexandra Augusto António explicou que essa situação deve-se ao facto de essas duas camadas de populações permanecerem muito tempo sem a proteção contra os mosquitos. Aliás, levam mais tempo nas varandas ou na rua a divertir-se sem uso de repelentes e de roupas capazes de lhes proteger das picadas dos mosquitos.

“De Abril a maio, o Centro de Saúde de Quelele registou apenas três casos de paludismo nas crianças de cinco anos de idades e entre 5 a 14 anos 28 casos e mais de 15 anos foram notificados 62 casos positivos só no mês de junho”, assegurou Augusto António.

Em relação à disponibilidade dos medicamentos anti palúdicos, aquela enfermeira sublinhou que nessa altura do ano, o centro dispõe de mosquiteiros para grávidas, teste rápida e medicamento quartem para dar as pessoas com paludismo.

A técnica de saúde frisou pela necessidade de proteger as populações de paludismo com mosquiteiro “milda” não só para as grávidas, assim como as mães que as solicitam, pois o objetivo é proteger todos contra o paludismo.

Aquela responsável considerou de positivo o utilização de mosquiteiro na medida em que o número de casos de paludismo reduziu drasticamente na faixa etária de zero aos três anos de idade.

Aproveitou a ocasião para apelar às populações, no sentido de reforçarem na prevenção, limpando imediações de casas, incluindo valetas de melhoramento mais próximo e passando a usar roupas que cobrem todo o corpo para evitar picadas dos mosquitos e permanecer menos tempo à noite nas ruas.

Aumento de 47 para 70 casos

Ao proceder o balanço da situação, o responsável do Centro de Saúde de Bairro Militar afirmou que de maio a junho, os casos cresceram de 17 para 47 casos de paludismo sendo sete considerados graves.

“No mês de maio registaram oito casos na faixa etária de um a quatro anos de idade, enquanto de cinco a 14 anos foram identificados 14 casos e 18 casos para idades de mais de 15 anos dentre os quais cinco foram graves enquanto no mês junho último, os técnicos assinalaram 70 casos de paludismo, abrangendo todas as faixas etárias”, disse Mussa Biai.

Acrescentou que, no nosso país, o paludismo é permanente em todas as estações do ano. Contudo, na época chuvosa verifica-se com mais intensidade dado ao aumento de humidade nos arredores das habitações ou o aparecimento de águas paradas.

Ele revelou que os medicamentos anti palúdicos, teste rápido, gota espécie, quartem e mosquiteiro são gratuitos, por isso os técnicos procedem as devidas distribuições conforme as necessidades dos pacientes.

Aquele técnico mostrou-se preocupado com o estado geográfico do centro o facto de estar localizado ao lado do mercado de Bairro Militar, para além quantidade de lixo produzido pelos fregueses e feirantes, as águas sujas das valetas geram um ambiente constrangedor aos utentes do centro.

Ele pede aquém de direito no sentido de arranjar forma de esvaziar lixos e limpar valetas de saneamento constantemente, porque os pacientes do centro de saúde local vão lá procurar saúde e não doenças.      

Por sua vez, Esmeralda dos Santos, paciente disse que os técnicos de saúde diagnosticaram-lhe paludismo e logo após análises recebeu medicamentos quartem de forma gratuita.

Santos demonstrou que a problemática de má gestão de lixos e condição de valetas cheias de lixo têm vindo a criar dor de cabeça aos citadinos de diferentes bairros da cidade Bissau. Isto, a seu ver, resulta da negligência e preguiça das pessoas de colocarem o lixo nos devidos lugares, para depois o pessoal da CMB os remover.

O motivo da sua preocupação prende-se pela trajetória dos mosquitos entre água estagnada e lixos, onde reproduzem e vão picar as pessoas provocando-lhes a doença do paludismo.

Portanto nota-se a preguiça dos munícipes de Bissau em fazer face à gestão de lixo doméstico para melhor prevenir do paludismo, tendo em conta que a esmagadora maioria é portadora de plasmódios. Isto porque não é fácil um adulto escapar-se de picadas dos mosquitos diariamente, numa cidade em porcalha, como é caso de Bissau, tendo em conta a impossibilidade de as pessoas se protegerem permanentemente de mosquitos.

Julciano Baldé

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