Padres da CEDEAO discutem intolerância e instrumentalização étnico-religiosa

A União Regional dos Padres da África Ocidental (URPAO) está reunida em Bissau, de 4 a 9 de junho, na sua X conferência, para discutir “o papel profético dos padres face à intolerância e instrumentalização étnico-religiosa na África Subsariana”, que constitui o lema do encontro.

Na abertura dos trabalhos, o bispo de Bissau afirmou que a reunião decorre numa altura em que a região está confrontada, não só com a instabilidade política e a pobreza, mas também com fenómeno de intolerância e a instrumentalização étnico e religiosa.

Para Dom José Lampra Cá, isso significa que a sub-região depara-se com inúmeras questões e poucas soluções em manga. “Esta triste constatação pode fazer nascer o sentimento de inutilidade sobre aquilo que fazemos. Isto é, dada a gravidade da situação e os seus contornos, podemos pensar que a nossa ação como sacerdotes, não passa de uma gota de água no oceano”.

Mas disse que a contribuição dos padres é necessária, diversificando iniciativas, ter a criatividade para não serem surpreendidos pelas situações que não jogam a seu favor, ou seja, o bem-estar dos cidadãos e da dignidade da pessoa humana.

Papel da Igreja

O ministro das Finanças, que representou as autoridades políticas na cerimónia, referiu que a escolha do tema foi com “grande sapiência”, porque a Guiné-Bissau tem vivido a instrumentalização étnico-religiosa, sobretudo a nível dos políticos.

Por isso, Ilídio Vieira Té adiantou que as conclusões e recomendações que saírem desta magna reunião devem ser reencaminhadas ao governo, pois o país precisa, mais do que nunca, combater o novo flagelo que se assiste.

A seu ver, a Igreja é um pilar e deve ser fator conciliador, de união dos guineenses, dentro da opção religiosa ou política de cada um. “Temos que saber viver dentro das nossas divergências, comungando aquilo que é comum e respeitando o espírito da escolha de cada um e a Igreja tem o papel importante de fazer ponte entre as partes”.

O governante sublinhou que os guineenses precisam de viver em paz e na harmonia, como acontecia antigamente, dizendo mesmo que está-se a perder o amor que os cidadãos tinham um para com o outro.

Desvio dos dirigentes

O coordenador do Clero Diocesano da Guiné-Bissau e vice-presidente da URPAO declarou que a África Subsaariana é umas regiões mais religiosas do mundo, com mais de 80 por cento da população a praticar crença, numa zona também conhecida pela sua diversidade étnica.

Padre Augusto Mutna Tamba assinalou que a África Subsariana é conhecida por conflitos étnico-religiosos, originados do conceito e da intolerância, sobretudo por parte de cristãos e muçulmanos.

Disse que se o continente vai mal nesse sentido é porque certos dos seus chefes religiosos, políticos e militares desviaram das suas missões, que em vez de unir, passam o tempo a dividir para poderem reinar.

Ibraima Sori Baldé

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