ONU garante proteção a Aristides Gomes

Na última conferência de imprensa que marcou o fim da missão, realizada no dia 14 de dezembro, a representante da Uniogbis, Rosine Sori Coulibaly, recordou que a mensagem passada pelo escritório é clara em três pontos: o primeiro que provocou a sua vinda foi o conflito armado de 1998; o segundo envolveu o processo de estabilização e consciencialização; e, terceiro e último, de que não haverá missão política na Guiné-Bissau, mas que as Nações Unidas vão continuar a fazer avançar o país no processo de desenvolvimento e estabilização da sociedade.
Questionada pelos jornalistas sobre a situação do asilado ex-Primeiro-ministro, Aristides Gomes, esta responsável explicou que o ex-chefe do Governo encontra-se na Uniogbis porque temia pela sua segurança e vida, tendo o escritório o dever de proteger qualquer pessoa que se encontre em situação semelhante. E mesmo que os escritórios deixem de existir no país, a ONU continuará a ter esse mandato e vai continuar a protegê-lo.
Colibaly afirmou que existe um fundo das Nações Unidas para a Guiné-Bissau que é um recurso adicional para ajudar o país na consolidação da paz.
Governo reconhece papel dos escritórios das Nações Unidas na reconciliação para a paz
A ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação Internacional, Suzi Barbosa, em representação do Presidente da República, disse que é de reconhecida importância o papel desempenhado pelo Escritório da Consolidação da Paz e do Estado de Direito na Guiné-Bissau, no discurso que proferiu no dia 11 de dezembro, na cerimónia de encerramento do Uniogbis no país.
Suzi Barbosa afirmou que é chegada a altura de a Guiné-Bissau começar a andar com os seus próprios pés, acompanhada dos seus parceiros, defendendo ainda que os atores políticos devem ultrapassar as clivagens entre eles, muitas das vezes artificiais, enfrentar os verdadeiros desafios e trocar os interesses pessoais por interesses comuns, para que possa haver um diálogo sincero e genuíno.
Por seu turno, o representante especial do secretário-Geral das Nações Unidas para África Oeste e Sahel, Mohamed Ibn, disse que sem o apoio e colaboração da presidência, do gabinete do Primeiro-ministro, do poder judicial e das principais instituições do Estado, à Uniogbis não teria sido capaz de cumprir o seu mandato.
Afirmou, ainda, que o encerramento do gabinete das Nações Unidas não põe fim à parceria com a Guiné-Bissau, avançando que foram alcançados avanços importantes, mas que ainda há muito por fazer.
Por sua vez, a representante especial das Nações Unidas na Guiné-Bissau, Rosine Sori Coulibaly acrescentou que a cerimónia de encerramento do Uniogbis não significa a saída da ONU do país mas que, na realidade, simboliza uma transição.
Sori-Colibaly afirmou que a Guiné-Bissau fez progressos notáveis na reforma e fortalecimento das suas instituições estatais e na manutenção de uma estabilidade relativa.
A secretária-geral adjunta, Binto Keita, afiançou que a missão contribuiu para os esforços nacionais de paz e consolidação democrática, a criação de um direito efetivo, promoção e proteção dos direitos humanos, a luta contra o tráfico de drogas e crime organizado.
Por fim, à pergunta dos jornalistas sobre a situação do ex-Primeiro-ministro, Aristides Gomes, que se encontra exilado desde o mês do fevereiro nas instalações das Nações Unidas, Binto Keita avançou que a questão de Aristides Gomes está a ser negociada pelas autoridades nacionais e o escritório das Nações Unidas, a Uniogbis. Como devem calcular, é uma situação muito sensível e acredito que se estivessem deste lado, onde estou, certamente não gostariam que este assunto fosse discutido publicamente.
Adelina Pereira de Barros

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