O setor de Quebo, região de Tombali necessita de mais infraestruturas escolares para fazer face à insuficiência de salas de aulas e de gabinetes, que está a ser verificado na zona.
Na maioria dos estabelecimentos de ensino, constata-se muita carência nomeadamente na escola central, ou seja, no Ensino Básico de Quebo.
Ali, o principal pavilhão está já dividido em duas partes: uma no chão e a outra ainda mantém-se de pé, mas em situação muito perigosa. As aulas continuam a funcionar aí, só resta saber se as chuvas e ventos fortes que se fazem sentir na zona vão deixá-lo de pé até ao início do próximo ano letivo.
O jornal Nô Pintcha teve a oportunidade de constatar in loco o estado em que se encontra o gabinete do inspetor setorial da Educação de Quebo. A sala não apresenta condições que podem ser consideradas mínimas para o trabalho.
Estando na época das chuvas, a água consegue penetrar no gabinete através da cobertura, que contém zincos muito velhos. O teto também não consegue assegurar nenhum pingo de água, porque é feito de kirintin. Tudo passa lá em cima, chega no chão, onde se vê buracos, que precisam de cimento. Nesse caso em concreto, não se pode culpar totalmente o governo, visto que a Direção da escola poderia ter feito algo, com as pequenas receitas que entram na instituição.
Tendo em conta a situação difícil em que se encontra a maioria das escolas públicas do setor de Quebo, o inspetor local da Educação pede a intervenção do ministério da tutela para a sua melhoria.
João Bico Mendes declarou que nalgumas zonas, a população junta-se às direções das escolas e encarregam-se da reconstrução dos edifícios para o funcionamento das aulas.
Nesse sentido, aponta para a necessidade de construir, só no Ensino Básico de Quebo, pelo menos mais cinco salas de aulas, um gabinete para a Inspeção e outro para a Direção da escola.
Quanto ao número dos professores colocados na área, o inspetor disse que, em relação ao ano letivo que agora termina, não houve grandes problemas, devido à entrada dos contratados.
Mas alerta que, já em 2022/2023, haverá a necessidade de aumentar o número de docentes, levando em conta o crescimento da demografia. A isso associa-se também ao falecimento de dois professores no decorrer da presente época escolar.
Outra dificuldade apontada por João Bico tem a ver com o problema de transporte. Foi-lhe afetada uma motorizada há 11 anos, só que esta tem estado com avaria nos últimos tempos, o que está a dificultar bastante a sua movimentação para melhor fazer o seu trabalho.
João Bico Mendes queixa-se ainda de um fraco salário que aufere. “Recebo mal. A maioria dos professores ganha mais do que eu. O Estado não paga de acordo com o nível nem a experiência”, desabafa, lembrando ter sido formado em Portugal e está na Educação há mais de 30 anos.
Novas obras no liceu
Tal como na maioria das escolas públicas da zona, no Liceu Setorial de Quebo-Forreá também a procura ultrapassa a capacidade da instituição.
Iaia Candé é o diretor daquele estabelecimento de ensino desde maio do ano passado. Quando chegou e constatou a situação, projetou a construção de um pavilhão com duas salas de aulas e dois gabinetes, cujas obras ainda se encontram em curso.
Sem avançar com um montante exato, Candé garantiu que todo esse trabalho está a ser realizado com fundos internos.
Disse que em pouco mais de um ano à testa da Direção, conseguiu, igualmente, fazer voltar a água potável ao liceu, depois de 10 anos, reforçar a energia elétrica e reabilitar os pavilhões.
No entanto, esse responsável pede às autoridades competentes a ampliação do liceu e a colocação de mais professores, já que os 22 existentes são insuficientes para atender o número dos alunos, obrigando aos esforços extras os docentes.
Refira-se que para o ano letivo de 2021/2022, inscreveram-se 508 alunos no liceu, sendo 259 rapazes e 249 raparigas, tendo desistido 38, dos quais 21 do sexo feminino.
No presente ano letivo, o setor de Quebo contou com mais de 4.774 alunos inscritos (2.571 rapazes e 2.203 raparigas), dos quais 3.616 pertencem às escolas públicas (1916 rapazes e 1700 raparigas) e os restantes 1.158 dizem respeito às instituições privadas de ensino.
Os alunos são distribuídos em 17 escolas públicas e quatro privadas, sendo lecionados por um total de 126 professores (dois faleceram recentemente).
Ibraima Sori Baldé