A ministra da Comunicação Social, Maria da Conceição Évora, recomendou aos jornalistas e comunicadores a preocupar-se em fazer um jornalismo virado para o desenvolvimento, baseado na seriedade, no rigor e na transparência, de forma a contribuir para edificação de consensos à volta dos grandes desígnios nacionais, e na formação e maturação de consciência.
A ministra falava ontem, dia 27, na cerimónia oficial da comemoração dos 49 anos de existência do jornal Nô Pintcha, celebrado sob lema: “Jornal Nô Pintcha – 49 Anos no panorama mediático Guineense”.
A governante é da opinião que os Medias devem estar a altura das suas atribuições para não se constituírem pontos de discórdias, de desentendimentos, ou atiçadores da violência verbal, politica ou física na sociedade.
A titular da pasta da Comunicação Social reconheceu que o Nô Pintcha, em certa medida, tem sido uma academia de saber fazer jornalismo de qualidade para os jovens que apostaram servir a Guiné-Bissau, num domínio tão sensível quanto é a comunicação social.
Outrossim, assegurou que o Nô Pintcha documentou todos os factos que marcaram a Guiné-Bissau desde os primórdios da independência, enquanto Estado novo em construção, passando pela transição do monolitismo partidário ao pluralismo democrático que hoje vigora.
No seu entender, a responsabilidades dos Medias nesta etapa da existência da Guiné-Bissau devem ser partilhadas com a sociedade, particularmente com a classe política, a que detém o poder, dado que a sua função vai para além do clássico âmbito de informar e formar, mas também na construção de uma opinião pública consciente e ativa.
Conceição Évora afirmou, por outro lado, que o Governo reconhece as dificuldades ainda existentes nos órgãos públicos da Comunicação Social, e garantiu tudo fazer para, atempadamente, apoiar o setor, quer na aquisição de meios materiais, melhoria de condições laborais e de vida dos seus profissionais, assim como na elaboração de políticas para a imprensa.
Melhorar qualidade de informação
Para a diretora-geral do Nô Pintcha, Elci Dias, é ambição da instituição, no domínio gráfico, adquirir uma impressora digital que possa adotar o órgão de uma autonomia e, consequentemente, ter o jornal impresso a tempo e hora.
“Para responder à dinâmica informativa de momento, temos que reforçar a capacidade dos quadros, adotá-los de conhecimentos em novas tecnologias para melhorar a qualidade de informação, bem como diversificar os conteúdos, através da especialização”, disse.
Nesta perspetiva, disse Pereira Dias, é preciso um forte investimento da parte do Governo, nomeadamente a melhoria do salário dos jornalistas e técnicos, visando estimular maior engajamento no desempenho profissional.
“O baixo salário praticado no setor da comunicação social tem sido um obstáculo ao exercício da profissão, o que tem provocado a fuga de melhores quadros para outros setores de atividades, e que o jornal Nô Pintcha não é uma exceção”, sublinhou.
A diretora-geral informou que está a trabalhar para garantir a cobertura noticiosa a nível das regiões, através de instalação de correspondentes regionais e, ainda, concluir o processo da digitalização dos arquivos do jornal, da independência a esta parte.
Por seu lado, o diretor do Centro Cultural Franco Bissau Guineense, Paul Barasut, disse que foi uma honra acolher a cerimónia oficial do evento do Nô Pintcha no Cento enquanto órgão que tem acompanhado, debatido e registado os principais acontecimentos da história da Guiné-Bissau ao longo das últimas décadas.
“É importante salientar que as exposições patentes no Centro têm atraído os estudantes, jovens profissionais, entre outros, que pediram para que sejam realizadas mais exposições, tendo prontificado a encetar parceria com o Nô Pintcha.
Por seu turno, o presidente da comissão organizadora, Domingos Meta Camará, destacou que o jornal No Pintcha foi, é e será uma escola de aprendizagem e de saber fazer a arte de jornalismo para diferentes gerações de profissionais de imprensa.
De salientar que a cerimónia ficou marcada com o reconhecimento aos antigos diretores-gerais do jornal, nomeadamente Pedro Quadé, Aniceto Alves, Domingos Simão Abina e outros que, por razões de agenda e saúde, não puderam marcar presença. Igualmente, dois jornalistas, Fulgêncio Mendes Borges e Aliu Baldé, receberam prémios de dedicação.
De referir que, entre os 12 diretores-gerais nomeados no jornal Nô Pintcha, a jornalista Elci Pereira Dias é a única mulher a ser confiada esse cargo.
Adelina Pereira de Barros