Jornalistas da África Ocidental exortam trabalho coletivo na investigação

A célula Norbert Zongo para o Jornalismo de Investigação na África Ocidental (CENOZO) organizou de 26 a 29 de abril de 2023, em Niamey, Níger, uma conferência regional sobre o impacto do jornalismo de investigação na luta contra à corrupção na África Ocidental.

Cerca de cinquenta jornalistas de Investigação oriundos de dez países da sub-região, incluindo a Guiné Bissau, trocaram informações e partilharam experiências sobre o saneamento da gestão dos recursos públicos nos diversos países da nossa sub-região.

Esses cinquenta jornalistas seniores de investigação contra a corrupção analisaram à lupa vários relatórios sobre esse fenómeno na África Ocidental que continua a corroer as administrações públicas devido ao desleixo, poucas ações e medidas dos respetivos governos.

Os participantes sublinharam nas conclusões e recomendações de que a integridade e a boa gestão da coisa pública são um pré-requisito para o desenvolvimento e a estabilidade dos países. Essa conferência foi organizada pela célula Norbert Zongo para o Jornalismo de Investigação na África Ocidental, CENOZO, com o apoio da Alta Autoridade para a Luta contra a Corrupção e Infrações Conexas (HALCIA) e dos seus parceiros.

O presidente do Conselho de Administração dos jornalistas de investigação da África Ocidental, o nigerino, Moussa Aksar, na sua intervenção, apelo para que se faça a investigação em conjunto como forma de proteger e auxiliar-se mutuamente nessa tarefa. “Devemos proceder a investigação em conjunto de modo a protegermo-nos e a defendermo-nos perante os governos hostis à investigação” enfatizou. Moussa Aksar é intimidado a responder várias vezes à justiça nigerina sobretudo da sua última denúncia sobre a alegada corrupção na compra de equipamentos e materiais militares pelo governo nigerino para o combate ao jihadismo saheliano.

O jornalista ganense de investigação, Anaf Anaf, rima pelo mesmo diapasão apelando igualmente para que o trabalho de investigação sobre corrupção seja conduzido por uma equipa de jornalistas de diferentes países dos governos da África Ocidental.

Anaf Anaf também está nos corredores da justiça em Gana respondendo por vários alegados crimes de denúncia de corrupção.

Maximizar impacto do jornalismo de investigação

O principal objetivo foi de um lado, fazer um diagnóstico coletivo da situação, no conjunto desses países oeste africanos e procurar oportunidades de parcerias. O encontro visou igualmente a necessidade de identificar formas e meios de maximizar o impacto do jornalismo de investigação de qualidade no combate à corrupção. Esse trabalho de quatro dias de intensos debates foi feito num ambiente de troca de ideias e num um espírito de reflexão coletiva.

Ao proceder à abertura oficial dessas reuniões, SAHIROU TCHIDA Moussa, Secretário-Geral do Ministério da Justiça do Níger, mostrou-se honrado pelo facto de o seu Ministério ter sido chamado a presidir a cerimónia de abertura.

O Governante nigerino assegurou que a luta contra a corrupção e delitos conexos é, de facto, uma das prioridades do seu país e das suas mais altas autoridades. “Consciente dos efeitos perversos da corrupção na credibilidade das instituições dos nossos países, no seu desenvolvimento socioeconómico e na governação, é importante haver um compromisso contínuo para combater esse flagelo”, disse.

SAHIROU TCHIDA Moussa afirmou que é importante recordar que, tal como a maioria dos países da sub-região, o Níger dispõe de instituições para promover a boa governação e combater a corrupção.

Sobre a batalha do Presidente da república Umaro Sissoco Embalo contra a droga e a corrupção, o jornalista guineense, Allen Yéro Embaló, enalteceu na sua intervenção esses esforços do general Sissoco Embaló numa luta sem tréguas contra a corrupção para sanear a gestão da coisa pública. “ O Chefe de Estado guineense é um homem forte conhecido pela sua franqueza de levar até ao fim essa luta sem olhar aquém”, disse Alen Yero Embaló e acrescenta que “a sua ambição é conhecida por todos de lutar sem trégua contra a corrupção estrutural que assola o país há vários anos.

Para isso, explica o jornalista “Sissoco Embaló inspirou-se muito no modelo de Ruanda, um país que foi mudado por um homem, Paul Kagame”.

“A Guiné-Bissau já não é o país que conheciam, onde cada um fazia o que lhe apetecia. Acabou a pagaie, a desordem, acabou, disse o jornalista guineense citando palavras do Presidente Embalo quando chegou ao poder em 2020. Essa, na ótica de Alen Yero, foi também uma das promessas do Chefe de estado durante a campanha eleitoral para as legislativas de 2019. Alen Yero Embaló continuou a explicar que o Presidente da República, Umaro Sissoco Embalo tem empenhado firmemente na luta contra o tráfico de droga facto que tem trazido estabilidade e permitiu ao mesmo tempo atrair investidores ao seu país.

“Sissoco Embaló considera a corrupção como Covid social cujas duas vacinas seriam disciplina e ordem”, enfatizou.

“O presidente está confiante e forte para mudar a imagem do país aos olhos do mundo inteiro. Ele está mostrando sinais de evolução que são encorajadores e pretende atrair chefes de Estado de todo o mundo para olhar o país de Amílcar Cabral.

Alen acredita que se a imagem do país continuar renovada, com mais confiança e créditos será necessário tempo e rigor para tirar da pobreza este pequeno país, cuja maioria da população vive abaixo do limiar da pobreza. A Guiné-Bissau continua a ocupar o lugar 168.º no ranking de países endémicos com corrução lugar que ainda revela um fraco desempenho em termos de combate à corrupção.

O índice de corrupção na administração pública é bastante elevado e situa-se em 81 pontos numa escala de 100 pontos, um dos piores da África.

O país mais corrupto do mundo é o Sudão do Sul, com 88/100. A Nigéria tem uma pontuação de 25/100. Os melhores alunos em África são Cabo Verde, Botswana.

O próximo encontro, de acordo com as recomendações saídas, está marcado em dezembro deste ano, em Cabo Verde.

Alen Yero Embaló

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