Insuficiência de professores e médicos inquieta população de Canhabaque 

Os populares da Secção da Ilha de Canhabaque, com cerca de três mil habitantes, deparam-se com grandes problemas sociais, nomeadamente a autossuficiência alimentar, falta de médicos e professores, sobretudo os profissionais desta última classe que têm sido contratados e deixados em situação de esquecimento, tornando-se, por vezes, em pedintes perante a comunidade local.

Segundo informações recolhidas junto dos professores, o Ministério da Educação Nacional não dispõe de um programa educativo e nem materiais didáticos para a aprendizagem dos alunos. As infraestruturas escolares encontram-se em fase avançada de degradação.

O mais grave é que os populares que vivem na tabanca de Menegue, Ilha de Canhabaque que, no mês passado sofreu tragédia de incêndio, onde o fogo consumiu 46 casas e as pertenças das vítimas transformaram-se em cinzas e, neste momento, vivem com dificuldades absolutas.

Nessa tabanca existem somente três estabelecimentos escolares (do jardim de infância à 4ª classe), não existe nenhum posto sanitária, são obrigados a recorrer ao centro de Canhabaque onde o sistema de saúde também é débil e sem médico, existindo apenas quatro enfermeiras.

Há falta dos medicamentos essenciais, ambulância para evacuação dos doentes não existe e muitas vezes, os pacientes são obrigados a recorrer ao Centro de Saúde de Bubaque, com condições razoáveis.

Relativamente ao ensino, o diretor de uma das escolas em Menegue, Saido Djaló, disse que devido a falta dos materiais didáticos, são os professores que fazem pesquisas para conseguir obter matéria para os alunos.

“Através das minhas pesquisas que faço, consigo fazer uma planificação das aulas, e que forneço aos professores para trabalham. O Ministério da Educação Nacional praticamente não disponibilizou nenhum manual para o trabalho”, disse.

Acrescentou ainda que, mesmo que os professores tenham a vontade de trabalhar, se não há materiais de trabalho, associada às dificuldades das escolas e dos próprios, os alunos terão a dificuldade de assimilar a matéria.

A inspetora da Educação Nacional, colocada na Secção de Canhabaque, considerou a situação do ensino nessa zona de precária, principalmente na tabanca de Medegue que dispõe de um único estabelecimento escolar que foi construído pela própria comunidade, com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Criança (Unicef), e que se encontra num estado avançado de degradação: Não há água potável e nem se quer água de poço. São obrigados a percorrer quilómetros para conseguir esse liquido precioso nos poços tradicionais rudimentares ou nas nascentes naturais..

Raquel Isabel Fernandes lamentou a falta dos professores na zona, principalmente na tabanca de Medegue, pelo que foi obrigada a recrutar dois jovens com o nível inferior e fraco domínio para darem aulas.

“Os professores que estão a dar aluas aqui na Secção de Canhabaque, não são filhos nativos das ilhas. Iodos são oriundos de Bissau e os dois estão com problemas de saúde e foram obrigados a regressar a Bissau, junto dos seus familiares”. Lamentou a inspetora.   

Não há médicos

No que toca ao centro de saúde de Canhabaque, do tipo “B”, este suporta toda a população da zona que alberga muitas tabancas e já se encontra numa situação extremamente precária, tendo apenas três enfermeiras, uma parteira e nenhum médico. Isso faz com que o atendimento torne-se ineficaz.

O centro faz apenas tratamentos ambulatórios e não tem condições para o internamentos, a nãe ser apenas observações. Quando diagnosticam casos mais graves, evacuam o paciente para Bubaque ou para Bissau, se houver canoa.  

De acordo com a fonte junto daquele posto sanitário, os profissionais que são colocados naquele Centro, trabalham com grandes dificuldades, tendo em conta   a falta de transportes para evacuação dos doentes para Bubaque. O Centro de Saúde de Canhabaque depara com falta de medicamentos, água potável e de quase tudo.

Durante a conversa com a nossa fonte, voltou a afirmar que aquele centro hospitalar não tem nenhuma ambulância e nem outro tipo de transporte para socorrer doentes em estado grave.

“O mais preocupante é que às vezes as grávidas com problemas de parto acabam dando a luz, a caminho do centro e outras preferem ficar em casa, mesmo correndo riscos de vida”, disse a fonte.

A nossa entrevistada voltou a afirmar que o Centro dispõe de número muito reduzido de profissionais de saúde naquela unidade hospitalar e, os que estão lá não conseguem cobrir toda aquela população da zona.

Fulgêncio Mendes Borges

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