Infraestruturas públicas de Mansabá em estado de degradação

Os populares do Setor de Mansabá enfrentam enormes dificuldades no seu quotidiano. Não há corrente elétrica e nem se quer água para o consumo humano. As instituições do Estado funcionam com grandes carências, com infraestruturas em estado avançado de degradação.

Refira-se neste caso aos edifícios da administração, centro de saúde, escolas, isso para não falar da esquadra da polícia que não oferece as mínimas condições para o funcionamento, de forma a garantir segurança às populações e os seus bens.

O Comité de Estado carece de quase tudo, a começar por falta de meio de transporte, para as deslocações de rotina junto das comunidades, para inteirar-se in loco da real situação da população. Até mesmo um simples computador para processar os documentos dá falta nessa instituição.

Contudo, o administrador, Almeida Ioncana e o secretário administrativo, Malam Seidi, conseguiram resolver alguns conflitos de posse de terra a nível das comunidades, além de diminuir o roubo de gado, promovendo trabalhos de saneamento básico e urbanização dos bairros.

Conflito de posse de terra

Segundo o secretário administrativo do Setor de Mansaba, Malam Seidi, os casos mais frequente no setor têm a ver com a problemática do conflito de posse de terra. Aquele responsável queixa-se das dificuldades de transporte que têm limitado a sua mobilidade no terreno, para o registo de ocorrências.

Seidi disse que a administração intervém como mediadores das partes em litígio, mostrando-lhes que devem limitar os espaços, garantindo que nunca pouparão esforços para a resolução desses diferendos entre comunidades.

No que toca aos resultados alcançados durante as conversações promovidas pela administração e outras entidades locais, Malam Seidi disse que conseguiram ter sucessos em certos momentos graças ao apoio da Comissão Fundiária que trabalha na zona, através da formação e experiência acumulada na gestão dos conflitos, adquiridas do Projeto “Voz di Paz”.

Relativamente à criminalidade, o secretário administrativo afirmou que durante esses três anos não se verifica casos relevantes. Segundo ele, o fenómeno mais frequente é o roubo de gado, mas graças ao empenho da juventude, em colaboração com as autoridades, decidimos trabalhar em sintonia com todas as forças vivas do setor e, finalmente, “conseguimos desmantelar várias redes mafiosas”.

Receitas recolhidas

Questionado sobre destino das receitas recolhidas do mercado e outros de estabelecimentos comerciais, Malam Seidi afirmou que são muito fracas, “nem chegam para o pagar salário dos funcionários, porque foi adotada um sistema onde a receita bruta é partilhada, 12 por cento vai para o Ministério da Administração Territorial e Poder Local, 50 para a Administração Regional e o resto fica para o setor, “um montante que não chega para cobrir as despesas correntes”.

Entretanto, Seidi aproveitou a ocasião para exortar ao Governo, no sentido de ajudar na verificação da balança durante a campanha de comercialização da castanha de caju, a fim de poder arrecadar algum fundo para resolver algumas necessidades da administração.

Aquele responsável voltou a lamentar a situação em que se encontra o edifício da Administração Setorial de Mansabá, que precisa de ser recuperado mais breve possível.

Perguntado qual seria a saída para essas dificuldades, Seidi disse que a solução é realização de Eleições Autárquicas, o único mecanismo que pode tirar os setores do isolamento, assim como das enormes dificuldades que se enfrentam.

Aproveitou a ocasião para apelar a todos os filhos de Mansabá, no sentido de darem mais atenção ao setor, porque o desenvolvimento de qualquer terra é possível só com a colaboração séria de todos os que lá pertencem, “neste sentido, cada qual deve dar a sua contribuição na medida da sua possibilidade”.

Importa destacar que durante esta reportagem interpelamos algumas pessoas que elogiaram os trabalhos que o administrador e a sua equipa têm levado a cabo a bem da população, quer nas reabilitações paulatinamente das infraestruturas públicas, assim como na resolução dos conflitos intercomunitários.

Saúde

O Centro de Saúde de Mansabá, tipo “C”, depara com séries problemas, entre os quais, a insuficiência de técnicos, para cobrir mais de 43.465 habitantes, uma vez que não existe posto de saúde nas tabancas.

Igualmente, faltam equipamentos adequados para conseguir observar pacientes com mais rigor. Quando o Centro recebe doente com problema grave, é obrigado a transferi-lo para Farim.

Braima Baldé, um dos responsáveis do Centro de Saúde de Mansabá, afirmou que essa unidade depara com grandes dificuldades, sobretudo o espaço que é relativamente pequeno para albergar pacientes vindas de diferentes tabancas que compõem o setor.

Relativamente ao número do pessoal e equipamentos de diagnóstico, Braima Baldé disse que o centro dispõe de dois médicos, cinco enfermeiros, uma parteira contratada e dois técnicos de laboratório também contratados. Em termos de materiais, disse que o centro funciona com um pequeno laboratório, duas camas para estabilizar o paciente, e os que estão graves são transferidos para Mansoa ou Farim, por terem melhores condições de atendimento.

Falando das doenças mais frequentes na zona, Baldé afirmou que tudo depende do clima, “só que nesse momento diarreia e gripe figura no topo da lista.

Agricultura

Os agricultores da zona receiam que o presente campanha de comercialização da castanha de caju venha a frustrar, devido às querelas políticas registadas nos últimos tempos, o que constitui uma forte ameaça ao investimento.

Durante esta reportagem alguns populares lembraram que no ano passado verificou-se má campanha, que serviu de experiência para os agricultores nacionais que decidiram retomar o sistema de produção agrícola de outrora, ou seja, apostando na diversificação de culturas para atenuar os riscos de insegurança alimentar e económica.

“Decidiram diversificar culturas, arroz, milho bacil, feijão, mandioca, e outros para colmatar os prejuízos causados pela má campanha de caju”, referiu.

Durante as conversas, alguns desses cidadãos nacionais residente em Mansabá defenderam que é bom sensibilizar a população nortenha e não só, sobre a importância da preservação da mata, evitando a devastação das florestas para a prática da agricultura.

Assim, disse, os camponeses podem ter mais benefícios económicos para financiar a educação e saúde dos seus filhos, assim como garantir alimentação à família e, também, resolver outras necessidades sociais, nomeadamente a construção de casas.

Por outro lado, um dos interlocutores lamentou a difícil situação em que vivem atualmente os camponeses, desmotivados pela má campanha de comercialização da castanha de caju no ano passado. Segundo eles, a população atravessa uma difícil situação, que tem a ver com a falta de géneros alimentares, crise financeira e contratos de trabalho.

De salientar que Mansaba localiza-se na Província Norte, Região de Oio a 90 km de Bissau, com uma área de 1963,75 quilómetros quadrados, 43.465 habitantes, distribuídos em 133 tabancas.

Trata-se de uma zona muito fértil para agricultura, a principal atividade económica. Produz-se arroz, milhos bacil e cavalo e feijão, assim como mangas, cajus, laranjas, limão, entre outros. Também, a população dedica-se à criação de gado bovino e caprino.

O Sector é povoado maioritariamente pela tribo mandinga, seguida de balantas, papeis, manjacos e fulas.

Fulgêncio Mendes Borges

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