As instalações da Rádio Capital FM, em Bissau, foram assaltadas na madrugada do dia 26 de Julho, supostamente, por um grupo de homens fardados e armados, que destruíram os equipamentos e deixaram alguns materiais no lixo, causando assim a paralisação da estação emissora privada.
Na ausência do diretor da Rádio Capital FM, o assistente técnico da direcção executiva dessa estação emissora, Sabino Santos, disse aos jornalistas que o assalto é reflexo de cobardia, de incompetência e de ignorância de muita gente. Todavia, diz não acreditar que pessoas instruídas deste país e que estão à frente dos seus destinos possam concordar com atos desta natureza.
Baseando-se nas explicações do guarda da rádio que estava de serviço no momento do assalto, Sabino Santos descreveu os criminosos como sendo homens fardados e equipados de armamento que só é permitido a quem possuir licença passada por entidade competente do Estado, enquanto garante de segurança de pessoas e bens.
Santos assegurou que a direção não quer insinuar que o ataque foi perpetrado a mando do Estado mas que, provavelmente, o mesmo não consegue controlar os seus homens que vieram praticar um ato de enorme cobardia e de grande injustiça que não deveria acontecer num Estado de direito.
O bastonário da Ordem dos Jornalistas da Guiné-Bissau, António Nhaga disse que existe aquela que considera ser uma nova narrativa em curso contra os jornalistas guineenses, confirmada pelo vandalismo praticado contra a Rádio Capital FM.
O bastonário disse que a classe vai pedir ao ministro da Justiça, que também foi jornalista e responde pela Polícia Judiciária, que exija a esta instituição uma resposta rápida sobre este ato de vandalismo.
A presidente do Sindicato de Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social (Sinjotecs), Indira Correia Baldé, frisou que o vandalismo praticado contra a Rádio Capital não só constitui um atentado à liberdade de imprensa e de expressão, como também um atentado à democracia e à liberdade do exercício de jornalismo na Guiné-Bissau que o sindicato condena veementemente.
Vamos continuar a lutar e que fique claro que não vamos baixar a guarda, vamos fazer todas as lutas que acharmos necessárias, pois estamos no mundo civilizado onde, quando acontece uma infração à lei, existem mecanismos próprios para resolver a situação e não mandar vandalizar uma instituição,” referiu Indira Baldé.
A presidente do Sinjotecs responsabilizou o Estado guineense pelo sucedido, porque cabe a ele garantir a segurança dos profissionais e órgãos da comunicação social, bem como de todos os cidadãos do país.
Por outro lado, a jornalista desafiou a direção da PJ a trazer à luz do dia os responsáveis do ato, pois “queremos saber quem é o autor moral e material deste crime. Não podemos permitir atentados à liberdade de expressão e de imprensa, porque são as nossas vidas que estão em causa”.
Quem também esteve no local foi o ministro da Presidência do Conselho de Ministros e Assuntos Parlamentares e porta-voz do Governo, Mamadu Serifo Jaquité, acompanhado do ministro do Interior, Botche Candé e do secretário de Estado da Comunicação Social, Conco Turé, para demonstrar a sua solidariedade com a direção da rádio.
O governante condenou o ato de vandalismo praticado, considerando-o de ignóbil e violador das normas de um Estado democrático.
Jaquité disse que informou a Polícia Judiciária que esteve no local para efeitos de investigação, tendo prometido que vai também mandar realizar o levantamento necessário para apurar as responsabilidades deste ato.
Recorda-se que a Capital FM é uma iniciativa lançada em 2015 por um grupo de jornalistas liderados por Lássana Cassamá, correspondente da rádio Voz de América no país.
Para além da estação emissora em Bissau, o grupo Capital Média conta, também, com uma Rádio Comunitária na Região de Gabu, a Leste FM, e um jornal online, a Capital News.
Por: Adelina Pereira de Barros