Guiné-Bissau foi colonizada por Portugal por mais de cinco séculos, integrando o império colonial português em África.

Ao longo de muitos anos, foram crescentes as iniciativas para alcançar a autodeterminação, independência e liberdade. Essas ações intensificaram-se por todo o continente, impulsionadas pela exploração, repressão e desigualdade decorrentes do domínio colonial. A onda de movimentos de libertação nacional que varreu a África também alcançou a então Guiné portuguesa.

O PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), liderado pelo carismático Amílcar Cabral, emergiu como a força motriz por trás da luta pela independência. O partido adotou uma abordagem multifacetada, combinando a resistência armada com esforços diplomáticos e mobilização política. A criação de uma base de apoio sólida entre a população rural, através de programas de educação e desenvolvimento, desempenhou um papel crucial na sustentação da luta.

O PAIGC implementou uma estratégia de guerrilha eficaz, aproveitando o terreno diversificado da Guiné-Bissau, constituído pela parte continental, com florestas densas e a parte insular, com várias ilhas e alguns ilhéus. A utilização de táticas de emboscada, colocação de minas, dando maior mobilidade aos seus combatentes, permitiu ao movimento guerrilheiro infligir danos significativos às forças coloniais portuguesas. Além disso, o PAIGC procurou apoio internacional, promovendo a consciencialização global sobre a causa da independência, tendo garantido apoio de vários países amigos.

Importa salientar que a busca pela independência não aconteceu do acaso e teve custos elevados, elevadíssimos. As forças portuguesas responderam à luta com repressão brutal, mas isso só serviu para acicatar a determinação do povo guineense. A resiliência demonstrada pelas populações e pelo PAIGC diante das adversidades foi um testemunho da força do desejo pela liberdade.

Após uma longa e desafiadora luta armada, a independência da Guiné-Bissau foi finalmente alcançada a 24 de setembro de 1973, quando o PAIGC proclamou unilateralmente a (in) dependência do país. O reconhecimento internacional seguiu-se logo depois, e o país começou a criar as suas instituições de governação e a granjear relações diplomáticas com outras nações.

A conquista da independência trouxe consigo uma sensação de orgulho e realização para o povo guineense. No entanto, é de assinalar que o país também enfrentou e continua a enfrentar desafios significativos na construção de uma nação estável e próspera, ao longo destas cinco décadas.

Questões como desenvolvimento económico, governança eficaz e necessidade de reconciliação na sequência de vários conflitos político-militares têm sido temas centrais ao longo dos anos.

A independência da Guiné-Bissau foi um marco histórico que simboliza a luta tenaz de um povo sequioso pela liberdade e autodeterminação. Através do compromisso e sacrifício dos valentes combatentes, liderados pelo saudoso Amílcar Cabral, e do povo guineense, o país alcançou a soberania e a oportunidade de moldar o seu próprio destino. Hoje, volvidos 50 anos após a independência, o “Dia da Guiné-Bissau” serve como uma jornada de reflexão na memória de cada guineense e um exemplo inspirador do poder da resistência e da determinação face às adversidades.

Doravante temos a oportunidade de seguir o nosso destino, fortalecendo a coesão social, através da conjugação de diversos fatores, nomeadamente o respeito pelos direitos humanos, a participação inclusiva, a boa governança e a vontade política dos atores nacionais de trabalharem juntos para o desenvolvimento do país.

Boa sorte, Guiné-Bissau!

 

Por: Mussá TURÉ

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