Governo vai elaborar política nacional de alfabetização

O Dia Mundial da Alfabetização é celebrado hoje, em todo o mundo com atividades educacionais e serve igualmente de reflexão sobre a metodologia da educação não formal. No país, a Direção-Geral da Alfabetização e Educação não Formal vai promover a partir de hoje, dia 8 de setembro até 7 de outubro, uma jornada de alfabetização destinada a impulsionar, dinamizar e elaborar uma política orientadora para o setor de alfabetização.

Em entrevista exclusiva ao Jornal Nô Pintcha, a diretora-geral da Alfabetização e Educação não Formal caucionou que a dinâmica do setor de alfabetização alavanca a vida sócio laboral, isto porque os governantes não podem projetar o desenvolvimento, quando o nível de analfabetismo é péssimo, sobretudo na camada feminina.

Mame Faye Lopes salientou que na base do resultado da referida jornada vai ser produzido um documento capaz de sustentar a implementação da política de alfabetização em todo território nacional.

Em relação às dificuldades de implementação do curso de alfabetização ao nível nacional, Mame Faye afirmou que levar a formação dos adultos às tabancas mais longínquas requer meios financeiros, razão pela qual o Governo deve alocar meios à essa direção para execução dos trabalhos.   

Faye Lopes lembrou, por outro lado, que levar escola à todo cidadão não é um favor que o governo faz aos cidadãos mas sim, um dever de governação .

“Sendo a Direção da Alfabetização e Educação não Formal com apoio da tutela e ONG´s parceiros, vai continuar a trabalhar no sentido de levar aulas de alfabetização às restantes zonas do país,  à semelhança das regiões Oio, Bolama/Bijagós, Quínara e Bafatá”, explicou.

Prometeu continuar a trabalhar juntos dos parceiros, enquanto aguarda pela resposta positiva do Governo, isto tendo em conta o papel transversal que alfabetização desempenha dentro da sociedade não só urbana como rural.

Assegurou que a sua instituição ainda está numa fase de conceção, daí que é normal o registo de uma certa morosidade na concretização de alguns resultados dos trabalhos realizados.

Quanto ao reforço de sinergias, a diretora-geral da Alfabetização e Educação não Formal afiançou que a sua instituição não pode desenvolver seus projetos sozinho, por isso, vai recorrer na mobilização de parcerias financeiras com várias ONG´s como Pades, Fida e Tostan, de modo a implementa-los com eficiência.

Mame Faye Lopes lembrou que quando a sua direção teve a iniciativa de levar alfabetização às regiões sabia que isso exigiria uma forte componente financeira. “O aspecto económico/financeiro tem sido reiteradas vezes, o fator de não conseguir implementar o curso de alfabetização nas regiões no passado”.

Faye Lopes esclareceu que, enquanto responsável, tem a consciência que para trabalhar a alfabetização a favor de todos os cidadãos, primeiro, a Direção-Geral precisa zelar pela capacitação dos professores, porque a metodologia de trabalhar com adultos é diferente a das crianças. “Pois, habitualmente as crianças costumam aguardar pelo professor na turma e podem levar mais de quatro horas na aula enquanto que os adultos precisam antes de tudo de ser alfabetizado, mostrando-lhes a pertinência de continuar a estudar”, explicou Lopes.

Aquele responsável afiançou que esse método visa ajudar ainda mais os adultos a saber planificar com precisão seu quotidiano. Nessa ordem de ideias, a diretora-geral garantiu que o seu plano estratégico é diferente daquele que é usado pelo Ensino Básico.

Para ela, O Ensino Básico dispõe de um sistema que contribui para a promoção do analfabetismo no país e explica justificando que os alunos são obrigados a iniciar escola aos seis  anos e terminam aos 18 anos quando deviam dar oportunidade aqueles que começassem aos 12 anos.

Sistema do ensino básico

Por isso, deu exemplo que em caso de um menor desejar estudar primeira classe aos 10, 11 e 12 anos automaticamente, ficará a margem do sistema de ensino.

Aproveitou a ocasião para criticar o Ensino Básico em relação à falta de criação de um mecanismo de controlo dos alunos reprovados e ver como adapta-los. Daí que, o curso de Alfabetização serve para cobrir as limitações dos alunos fracos em termos de conteúdos, ministrando seu método seguindo esses alunos.  

Lamentou o facto da Direção de Alfabetização prestar serviços ao ONG Pades, Fida e Tostan, devido à falta de meios financeiros, quando podia ser o contrário, tendo em conta que os serviços de seguimento, diagnostico, avaliação e elaboração do manual são suportados pela sua instituição.

“Na verdade, a Direção-Geral da Alfabetização e Educação não Formal é que devia assegurar os custos de financiamento, e não ficar a espera de apoio dos financiadores”, explanou a governante.

Por outro lado, Mame Faye Lopes revelou que dentre as ONG parceiras está a ter problema com TOSTAN no que refere à  utilização de língua criola no curso de alfabetização, porque se tirar a pessoa da sua comunidade, transformará num analfabeto na mesma.

Fayel Lopes concluiu que proceder alfabetização na língua criola a referida organização não está ajudar aquela comunidade, neste caso da Região de Bafatá. Por isso, a sua direção adoptou alfabetização funcional. Conhecimento que imbui o alfabetizando de aptidões capazes de ajuda-lo despachar-se no seu quotidiano.

De salientar que a ONG´s Pades opera em três regiões do país, nomeadamente em Quínara, Tombali e Bolama Bijagós, enquanto Fida atua em Buba e Tostan na região de Bafatá, abrangendo 150 comunidade.

Julciano Baldé

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