Governo promete revolucionar agricultura

Para um período de 12 meses, o Governo, através do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural, procedeu no passado dia 11 do corrente mês, em Bafatá, ao lançamento oficial do ano agrícola 2020/2021 sob o lema: Salvação da campanha agrícola”, visando introduzir agricultura mecanizada no país.

O ato culminou com a tomada de posse da Comissão Nacional da Campanha Agrícola do ano em curso e foi assistido pelo ministro do Ambiente, organizações nacional e internacional parceiras do Governo para o setor e representantes do povo, nomeadamente deputados, poder tradicional e líderes religiosos.

Na ocasião, Abel da Silva, ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, explicou que o atraso no lançamento da campanha deve-se à pandemia da Covid-19, tendo revelado que o Governo trabalha afincadamente no sentido não só de salvar a campanha do presente ano, mas também em criar condições necessárias para efeitos de reforma e modernização do setor agrícola do país.

Segundo o ministro, a agricultura nacional continua a ser de subsistência, arcaica e tradicional, pelo que há toda a necessidade de se proceder a reformas e criar condições básicas e objetivas para garantir a verdadeira revolução, com vista a atrair a população a aderir à prática agrícola intensiva, rentável e sustentável, capaz de erradicar a fome e a pobreza.  

“A nossa agricultura assenta, essencialmente, na subsistência, limitada ao círculo vicioso de falta de vontade política para desenvolver o setor, no qual condena os fracos investimentos há mais de 45 anos”, frisou Abel da Silva.

A propósito, assegurou que é preciso repensar a agricultura nacional com vista a dar uma atenção rigorosa ao setor, uma vez que é considerado o motor do crescimento da economia nacional.

Nesta ordem de ideias, disse que o Executivo, através do Ministério da Agricultura, instituiu a comissão acima mencionada no sentido de trabalhar para que o ano agrícola tenha sucesso durante 12 meses do ano. Por outro lado, revelou que o período agrícola anual passe a ter início no mês de março de cada ano e terminar em fevereiro do ano seguinte.

Nesta perspetiva, Abel da Silva exortou os parceiros e técnicos ligados ao setor no sentido de trabalharem juntos para garantir os meios materiais e financeiros necessários com vista a aproveitar cerca de um milhão e meio de hectares de terra cultivável que o país tem e que é praticamente impossível trabalhá-la a partir da lavoura tradicional.

Aliás, disse que só com a implementação da agricultura moderna, através de máquina que o país pode minorar os riscos de má nutrição, insegurança alimentar, fome, pobreza e, consequentemente, elevar o nível da sua economia e do seu produto interno bruto.

Por seu turno, Júlio Malam Injai, em nome da Comissão Nacional da Campanha Agrícola garantiu que o objetivo da criação da referida comissão visa gerir a campanha agrícola do presente ano, começando pela gestão de água nas bolanhas, materiais e sementes entregues aos camponeses, tratores agrícolas, materiais de horticultura e eliminação de possíveis pragas nos campos de agricultura. Entretanto, revelou que uma das tarefas da comissão visa fiscalizar as atividades laborais nas bolanhas e controlar os apoios concedidos aos camponeses, lembrando que o Governo, além de materiais e sementes, já disponibilizou 60 tratores para incentivar a agricultura mecanizada.

Cabá Sambu, governador da Região de Bafatá disse sentir-se satisfeito com o lançamento oficial da campanha naquela região. A propósito, garantiu que Bafatá estará ao lado do Governo na luta pela segurança alimentar.

“Nós acreditamos que Bafatá pode ser, no futuro, o celeiro nacional”, disse o governador, exortando o Governo e os seus parceiros a continuar com os apoios aos agricultores do Leste, principalmente os horticultores.

Alanso Fati, em nome das organizações dos agricultores nacionais disse que, apesar de haver atraso na abertura oficial do ano agrícola 2020/2021, “vale mais tarde do que nunca” porque todos sabem que a demora deve-se à pandemia da Covid-19.

Em nome dos agricultores exortou o Governo a reservar 10 por cento do Orçamento Geral do Estado para o setor da agricultura, em cumprimento do compromisso assumido na cimeira dos Chefes de Estado membros da UEMOA que teve lugar em Maputo.

Segundo este representante dos agricultores, o Estado guineense deve prestar uma atenção especial ao sector, porque ele constitui a chave principal para o desenvolvimento socioeconómico do país.

“Apostar na agricultura significa combater a pobreza e a fome, formar mais engenheiros agrónomos, melhorar o nível salarial dos técnicos e proporcionar equipamentos como máquinas agrícolas e equipamentos de laboratório” disse Alanso Fati, salientando que recomendou a adoção de agricultura mecanizada no país como forma de facilitar a vida dos camponeses.

A Guiné-Bissau, em comparação com os países vizinhos da sub-região, dispõe de condições naturais e propícias a atividades agrícolas.

Texto e fotos: Nelinho N´Tanhá

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