O Primeiro-ministro, Rui Duarte Barros, afirmou que o Plano Nacional de Viabilização do Setor dos Transportes e Logística vai ter um impacto multissetorial sem precedentes e com retornos consideráveis para a população rural e para a economia do país.
Na abertura do seminário de validação dessa estratégia nacional, o chefe de executivo disse que o plano vai abranger aspetos relativos à reabilitação e construção de vias de acesso e conexão essenciais, assim como a construção de estradas rurais e ligações fluviais, facto que ajudará a minimizar o sofrimento da população.
Rui Barros disse estar convicto que a entrada em vigor desse plano vai desenvolver um eixo fulcral na concretização do objetivo da Integração Regional e na melhoria das conetividades.
“Para um agricultor no Interior do país por exemplo, que, hoje, passada a fase da colheita, enfrenta dificuldades enormes para transportar e escoar a sua produção para grandes centros de consumo, isto significa, em concreto, que num futuro próximo, o essencial desses problemas vai amenizar-se substancialmente, passando a dispor de vias de acesso e conexão mais rápidas e mais seguras”, sublinhou.
Segundo aquele dirigente, o projeto terá um impacto importante no sector das pescas, tanto artesanal como industrial, garantindo o desembarque dos produtos da pesca em boas condições de higiene e segurança, que permitem uma rastreabilidade fiável e dando então passos para as possibilidades de transformação local e consequente exportação.
No sector turístico, também irá impulsionar o desenvolvimento de um turismo sustentável e ecológico, que produza rendimentos, promovendo a Guiné-Bissau e os Bijagós.
Harmonização dos setores produtivos
O ministro das Obras Públicas, Habitação e Urbanismo, Fidélis Forbs, disse que a Guiné-Bissau necessita de um quadro lógico de desenvolvimento, sustentada pela harmonização entre os setores produtivos com o intuito de produzir consenso entre os atores nacionais, na matéria de desenvolvimento socioeconómico, alicerçado nos princípios da modernidade, viabilidade, sustentabilidade económica, competitividade e adaptação ao contexto nacional, em obediência aos princípios da sustentabilidade ambiental.
De acordo com o governante, definir políticas públicas e estabelecer as prioridades do Governo, a curto, médio e longo prazo, numa perspetiva de maximização das potencialidades dos setores produtivos do país, através de infraestruturas de transporte e a consequente cadeia logística subjacente, convida a todos para uma profunda reflexão, com vista a consolidar os subsídios capazes de sustentar as orientações gerais e estratégicas do país nos próximos anos.
Fidélis Forbs assegurou que esta abertura para o oceano e a comunicabilidade terrestre com países membros da CEDEAO, em particular o Senegal, constitue vetor fulcral na perspetiva de consolidação do potencial da Guiné-Bissau para o comércio sub-regional.
“Outrossim, os fatores acima evidenciados, agregados com a abertura ao oceano, favorecem de sobremaneira as exportações e importações de cariz internacional, sem descorar de que em tempo útil, poderão favorecer significativamente a cabotagem entre portos sub-regionais, nomeadamente os de Zinguinchor e de Kamsar, na República da Guiné”, salientou.
O ministro das Obras Públicas disse que dada a importância vital de que são revestidas, é importante destacar que os setores da Agricultura, das Pescas, do Turismo e Mineiro são estrategicamente considerados catalisadores da economia nacional, mas que lamentavelmente sofrem de constrangimentos.
Desafios comprometedores
A representante do Banco Mundial, Anne Lucie Lefebvre, disse que o setor dos transportes na Guiné-Bissau ainda enfrenta grandes desafios que, inevitavelmente, comprometem os objetivos de desenvolvimento do país.
Segundo ela, o sistema de transporte continua a não fazer face às reais necessidades da população. “As infraestruturas são altamente vulneráveis a riscos naturais, por exemplo, inundações durante a época das chuvas, que deixam estradas intransitáveis, aumentando assim o isolamento das populações nas zonas rurais e limitando o acesso aos mercados, escolas, centros de saúde e outros serviços”.
Por outro lado, a representante mostrou que a falta de qualidade da rede de transportes também reduz a produção e a produtividade do setor agrícola e, de igual modo, limita o acesso das mulheres aos cuidados de saúde, contribuindo assim para o elevado rácio de mortalidade materna e dificulta o acesso à educação por parte das crianças.
Lembrou que em setembro de 2019, o Governo e o Banco Mundial assinaram o Projeto de Transportes Rurais, com o objetivo de melhorar o acesso físico das populações nas zonas de Cacheu, em particular de Ingoré a Farim, aos mercados e serviços. O projeto decorre até 2025, orçado em 15 milhões de dólares.
Alfredo Saminanco