Governador da Região de Bolama declara “renascimento” da antiga capital

O governador da Região de Bolama Bijagós, Ramiro Bubacar Embaló, em entrevista ao Nô Pintcha, disse que a antiga capital do país está a “renascer”, e acredita que dentro de pouco tempo muitas necessidades em falta estarão resolvidas, nomeadamente água, transporte e a reabilitação dos edifícios históricos.

A iluminação pública já é uma realidade nas ruas da cidade de Bolama. O governador promete para breve a inauguração de uma central fotovoltaica para a distribuição da energia às residências privadas, mediante um contrato de fornecimento, com custo acessível à população.

No que concerne ao fornecimento de água potável, o responsável máximo da região assegurou que, se tudo correr como previsto, vai se ultrapassar a crise desse líquido precioso.

“Vão ser construídos fontenários de classe B em diferentes zonas da cidade, para isso, já demos autorização para iniciar a reabilitação da estação elevatória, construída na época colonial”, disse.

Apesar de boas perspetivas para a região insular, Bubacar Embaló confirmou a existência de muitas dificuldades, as quais só podem ser superadas com o empenho, foco e vontade.

“Os problemas e as dificuldades aparecem para os homens, não é por acaso que o ser humano é dotado de inteligência para resolver tudo ao seu favor. Temos que pensar e agir coordenadamente para qualquer situação, seja ela natural ou artificial”.

Prioridades

O responsável regional disse que depois da identificação dos problemas a nível dos setores que compõem Bolama Bijagós, a recuperação das infraestruturas vitais nas cidades de Bolama e Bubaque surgiu como prioridade de ação imediata na busca da solução.

“Quando falo das infraestruturas vitais refiro-me as pontes cais de Bolama e de Bubaque, que precisam de estar em condições de receber navios de grande porte. Igualmente, reabilitação dos edifícios públicos nessas duas cidades figura no nosso plano”, precisou Embaló.

Segundo ele, na implementação de grandes projetos sempre contemplamos as necessidades básicas, como luz e água, componentes essenciais que mereceram intervenções paralelas, por serem indispensáveis na sociedade contemporânea.

O governador lembrou que Bolama é uma cidade declarada pela UNESCO como património mundial e, nesse quadro, existe um programa da União Europeia, que visa reabilitar todas as infraestruturas públicas de acordo com a estética que tinham na época colonial, cujo início está previsto ainda no decurso deste ano.

“Depois de Bissau, Bolama passará a ser cidade mais bem iluminada, pois estamos a preparar a cerimónia de inauguração da maior central solar do país, cuja energia já está a ser usufruída pela população, através da iluminação pública”, declarou.

Embaló disse que os contadores pré-pagos já estão programados e prontos a serem instalados nas residências privadas dos interessados.

Afirmou que a inauguração dessa central é, sem dúvida, o ponto de partida de novo rumo de desenvolvimento de Bolama. No entanto, anunciou que o projeto da rede de água será alargado às Ilhas de Galinha, Sogá e Uracan.

Aquele responsável disse que esse projeto da União Europeia prevê, além da iluminação, a urbanização da cidade que, nos últimos tempos, ficou ameaçada com proliferação de construções habitacionais sem respeito às regras.

Campanha caju

A presente campanha de comercialização da castanha de caju não escapou abordagem do governador. Sobre este assunto, afirmou que, em termos do preço, este ano está sendo bom, na medida em que o preço base estipulado para a compra do produto junto ao produtor (300 francos CFA) foi cumprido, ultrapassando largamente as expetativas, ou seja, até ao momento dessa entrevista os comerciantes compravam o quilo no valor de 425 francos CFA em Bolama.

De referir que, até ao fecho desta edição (22 de maio), o preço da castanha varia entre 450 a 500 francos CFA.

Porém, os produtores contestam o comportamento dos comerciantes, dizendo que esses só oferecem melhor preço no final da campanha, quando praticamente a colheita já termina.

À semelhança de outras zonas do país, os agricultores do setor de Bolama lamentam a fraca produtividade de caju este ano.

Barco para breve

Para estabelecer ligação segura em termos de transporte do continente para as ilhas e vice-versa, o governador anunciou a chegada, já em junho, de um navio de grande porte, doado pelo governo português.

No quadro da vinda do referido navio, a administração regional prepara o início de obras de reabilitação do cais de Bolama e de Bubaque.

“Se não forem reabilitados os referidos cais não haverá condições para esse barco atracar, portanto, as intervenções nessas infraestruturas portuárias requerem urgência, de forma a restabelecer a confiança de fazer viagens marítimas seguras”, referiu.

Religiões facilitam

A nível das confissões religiosas, o governador considera as doutrinas praticadas na região como fator de união entre as comunidades mistas. Enfatizou a boa convivência social dos bolamenses e a aproximação entre as religiões.

Ramiro Bubacar Embaló afirmou, por outro lado, que o desenvolvimento de qualquer país depende fundamentalmente da paz, estabilidade social e relacionamento saudável dos seus cidadãos. “Esses factos são visíveis na Região de Bolama Bijagós”, acrescentou.

Saúde e educação

No que se refere ao setor educativo, o governador afirmou que Bolama tem contribuido na elevação do nível de qualidade do ensino guineense. Destacou a boa performance dos alunos que fazem formação na ilha, isto devido à qualidade dos professores, boa parte deles passaram na escola de formação local.

Por isso, Bubacar Embaló falou da necessidade de reabilitar a referida escola de formação de professores, isso porque a mesma já começou a apresentar problemas, contudo é uma infraestrutura centenária.

O governador lamentou o facto de essa escola não ter merecida atenção espacial por parte dos sucessivos governos. “A escola está a funcionar graças aos fundos provenientes de pagamento das propinas”.

Em relação à saúde, Ramiro Bubacar Djaló informou da existência de um projeto para a reabilitação do centro de saúde de Uracan, nas Ilhas Bijagós.

Por seu turno, o administrador regional de saúde, Malam Fati, denunciou a insuficiência de técnicos para a cobertura sanitária da região. Contudo, acrescentou, tem havido esforços do Ministério da Saúde para a recuperação e recolocação dos recursos humanos nas vagas identificadas.

Aquele responsável revelou, por outro lado, que a Região Sanitária de Bolama tem cinco médicos, um número suficiente, no seu entender, para a cobertura de uma população estimada em 16.447 habitantes.

Falando das necessidades, Fati referiu que Bolama não dispõe de bloco operatório nem de aparelho de ecografia, o que tem obrigado os bolamenses a deslocarem-se para Bissau em busca de melhores atendimentos médico.

Em situações de urgência, a ONG AIDA tem salvado muitas vidas humanas através de disponibilização permanente da sua vedeta rápida, que é utilizada na evacuação de doentes para Bissau.

Aliu Baldé

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