Dispersão e medo de prisão diminuem número de recenseados na Guiné Equatorial

O diretor-geral da Migração e Fronteiras, em entrevista exclusiva ao Jornal Nô Pintcha, fez um balanço sucinto da sua recente deslocação à Guiné Equatorial, numa missão conjunta entre os ministérios do Interior e dos Negócios Estrangeiros, da Cooperação Internacional e das Comunidades para recensear os nossos compatriotas que lá vivem e trabalham.

“Os fatores de dispersão dos nossos emigrantes em diferentes pontos naquele país e grande medo que têm em sair das suas casas para não serem presos pelos polícias em permanente rusgas influenciaram negativamente no recenseamento de maior número de compatriotas nossos naquele país”, disse.

O brigadeiro general, Celso de carvalho relatou a pouca apatia das autoridades daquele país que não dignaram em recebê-los. “Nenhuma autoridade daquele país nos dignou em receber”, disse.

Fomos recebidos e apoiado pelo nosso compatriota, Justino Pereira, médico principal do Presidente da Guiné Equatorial.

Justino Pereira conduziu-nos aos locais para contactarmos os guineenses naquele país para efeitos de recenseamento que estão em lugares diferentes e distantes.

“Na capital recenseamos quarenta e seis guineenses, mas mesmo ali houve pessoas que não foram alistadas”, para depois acrescentar que o nosso piloto de aviação de longo curso, Bartolomeu Tavares, vulgo MEU foi uma dos emigrantes recenseados em Malado.

Ele disse que os nossos emigrantes, na sua maioria, têm como ocupação comércio informal e trabalho na construção civil (obras), e têm medo de circular nas ruas.

Alguns compatriotas, segundo Celso de carvalho trabalham como motoristas e cozinheiros.

Justino Pereira, médico pessoal do Chefe de Estado equatoriano e Bartolomeu Tavares são os únicos que desfrutam de empregos dignos naquele país.

“Em Bata, a segunda cidade mais importante naquele país recenseamos 32 emigrantes e alguns que vivem em locais bastante longe apesar de terem telefonado mas não conseguiram chegar a tempo para serem alistados com efeitos de atribuição de passaportes”, explicou.

O Diretor geral da emigração sublinhou que cada passaporte custa sessenta mil francos cfa. “Agora vamos sacanear os passaportes e enviá-los, por via de correios de DHL, ao cuidado de Justino Pereira para proceder a distribuição dos mesmos aos nossos emigrantes”, esclareceu.

Instalação de um consulado geral

Celso de Carvalho afirmou que no relatório que vão produzir vai constar, certamente, a recomendação de instalação de um consulado geral na Guiné Equatorial onde temos cada vez mais número de emigrantes. “Se a instalação de um consolado geral levar muito tempo então aconselhamos a deslocação de uma outra missão com a mais brevidade possível, porque muitos emigrantes por causa da dispersão e receio não foram alistados.

O controlo apertado de segurança desde o aeroporto, nas ruas e avenidas faz daquele país muito difícil para um emigrante ilegal. “Os nossos emigrantes têm medo de sair de casa. Se forem presos sem documentação são expulsos imediatamente”, disse.

O brigadeiro general explicou as medidas circunscritas de controlo minucioso e a existência de postos de verificação, mesmo dentro da capital pelas autoridades policiais a examinar e vasculhar tudo, cidadãos nacionais e estrangeiros.

“Os nossos emigrantes, na sua maioria jovens provenientes de leste e do norte, andam com atestados de residência emitidas pela embaixada de São Tomé e Príncipe na Guiné Equatorial, sediada em Malabo.

“Fomos confrontados, ainda, por um senhor de nome Nemésio M’Bomo Suf, natural daquele país, que afirmou ser representante dos nossos emigrantes lá em nome da Comunidade dos Países da Língua Oficial portuguesa, CPLP, que nós desconhecemos completamente”, frisou, acentuando que não tinham nenhuma indicação de que haveria um senhor com aquelas funções na Guiné Equatorial.

Emigrantes em Togo

Togo, um pequeno país francófono, na nossa costa ocidental, alberga uma grande comunidade guineense em situação crítica. Alguns presos como correios de droga há muito tempo encarcerados nos calabouços daquele país sem mínimas condições humanas e outros por falta de documentação.

“Temos uma situação crítica dos nossos emigrantes nom Togo”, disse o diretor geral da migração acrescentando que é do conhecimento do Ministério dos Negócios estrangeiros, da Cooperação Internacional e das Comunidades.

Entretanto na viagem a missão teve uma dificuldade no aeroporto de Casablanca, Marrocos pelo facto de andarem a transportar uma máquina de scânear documentos. “Apesar de termos exibido documentos que nos autorizam viajar com aquela máquina, houve insistência pelas forças policiais do Aeroporto de Marrocos que no e fim nos deixaram passar”, frisou.

Textos e fotos: Abduramane Djaló

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