Cidadãos lamentam subida de preços dos produtos da primeira necessidade

Os cidadãos lamentam a subida de preços dos produtos da primeira necessidade no mercado, o que “não é bom”, tendo em conta o fraco poder de compra da maioria de famílias guineenses.

Flávio José de Oliveira, Armanda Gomes e Fatinha Dabó falaram a nossa reportagem após terminarem suas compras para quadra festiva.

Esses foram unânimes em afirmar que o ambiente da circulação no interior do Mercado de Bandim está normal, uma vez que os agentes policiais estão misturados com utentes e que não há risco de os clientes serem assaltados.

“Fomos indignados com os supermercados e alguns comerciantes onde fizemos as compras, por causa da subida de preços de sapatos de crianças (de 2 a 3 anos de idade) vendidos 15 a 18 mil francos CFA sem contar com roupas e brinquedos”, lamentou Oliveira.

Por isso, apela a quem de direito, no sentido regular o mercado, sobretudo no que tem a ver com os preços dos produtos de primeira necessidade, caso contrário os comerciantes continuarão a manipular, dificultando a vida dos consumidores.

Por sua vez, o administrador do Supermercado Good Market demostrou que o nível de afluência no seu estabelecimento está a quem das expectativas, “devido à situação política vigente no país”.

“Na verdade, no ano passado, nesse período, já se registava a grande afluência de clientes a procura dos produtos”, lembrou Cabiro Seide.

Por outro lado, afirmou que o poder de compra caiu e muito, não porque os preços estão altos nem por falta de produtos nesta quadra festiva. “Talvez deve-se ao facto de os salários ainda não forem pagos”.

Seide informou, igualmente, que a maior dificuldade tem a ver com a fraca poder de compra que influencia todo um conjunto de despesas necessárias para manter esse negócio em pé.

“A nossa empresa paga contribuições às Finanças, à Câmara, além de aluguer de estabelecimento e salário de funcionários, razão pela qual a queda do poder de compra nos cria prejuízos enormes”, lamentou.

Neste sentido, instruiu os seus funcionários a serem tolerantes com os clientes, “pois o mais importante de tudo é vender o produto”.

“Nessa altura do ano, o produto mais procurado é o artigo da decoração, tendo em conta a necessidade de embelezamento das residências por ocasião da quadra festiva”, indicou.

Porém, mostrou que a sua empresa está a respirar um pouco de alívio neste momento, graças aos cidadãos chineses que compram produtos oriundos do seu país.

No que concerne à segurança, o administrador do Supermercado Good Market afirmou que o seu empreendimento está muito bem protegido, porque celebrou um contrato com o Ministério do Interior, que lhe fornece agente de segurança.

Para Nené Djaló, vendedeira, o motivo da quebra da dinâmica na aquisição dos produtos no mercado está relacionado ao facto de ainda não haver um novo Governo, compreende-se.

Djaló denunciou que as mulheres vendedeiras têm recebido muita pressão (cobrança diária) dos agentes da Câmara Municipal de Bissau, mesmo não vendendo nada nas primeiras horas.

Por isso, pediu aos políticos a se entenderem em prol da melhoria de condições de vida da população, “isto porque interromper mandatos dos sucessivos governos não beneficia ninguém.

Na observação de Domingos Joaquim Gomes, vendedor de bebidas, nota-se pouca afluência dos clientes no seu estabelecimento, mas isso tem a ver com o atraso no pagamento dos salários na Função Pública.

Gomes disse que sua apreciação insere-se na constatação feita ao longo de muitos anos que trabalha nessa área, pelo que tudo poderá melhorar com o pagamento dos ordenados aos funcionários. “Aliás, o acontecimento de 1 de dezembro também está a refletir na fraca poder de compra, uma vez que a maioria das pessoas está a conter as despesas”.

No entanto, esclareceu que a dificuldade com que os jovens empreendedores deparam neste período está mais ligada à falta de produtos no mercado, facto que consubstancia na subida dos preços de alguns produtos básicos.

“Em muitas ocasiões somos obrigados a conformar com maus comportamentos de alguns clientes por causa dos preços, mas são coisas de negócio”, explicou.

Quanto à questão de segurança, o jovem frisou que todos eles funcionam na base da coordenação, mantendo os olhos bem abertos e atento a qualquer tentativa de furto.

Entretanto, aproveitou a ocasião para apelar ao Governo, no sentido der criar condições suscetíveis de permitir que os jovens empreendedores obtenham financiamentos em micro créditos, a fim de elevar sua renda.

Julciano Baldé

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