Chefe de Estado pede seus pares união face aos problemas globais

O Presidente da República chama à atenção para uma reflexão conjunta, na solidariedade global e na condução de ações concretas e coletivas.

Umaro Sissoco Embaló fez hoje esse vibrante apelo, no seu discurso, na 77ª Sessão da Assembleia-geral das Nações Unidas, tendo acrescentado que é chegado a hora dos líderes mundiais pensarem numa solução global e duradoura, através da solidariedade e ciência.

Confira o discurso, na íntegra.

Senhor Presidente,

Senhores Chefes de Estado e de Governo,

Senhor Secretário-Geral,  

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Permitam-me expressar as minhas calorosas felicitações ao Senhor Csaba Körösi da Hungria, pela sua eleição na qualidade de Presidente da 77ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Gostaria também de saudar o empenho do Secretário-Geral, António Guterres em prol da paz no mundo e congratular o Sr. Abdula Shahid das Maldivas pelos resultados alcançados durante o seu mandato.

Senhor Presidente,

Muito já foi dito, pelos eminentes oradores que me antecederam nesta tribuna, o que me permite evitar certas repetições.
É chegada a hora de pensarmos numa Solução global e duradoura, através da Solidariedade, Sustentabilidade e Ciência, como o tema desta Sessão nos convida a fazer. Pois, a solução de muitos dos nossos problemas está na reflexão conjunta, na solidariedade global e na condução de ações concertadas e colectivas.

Devemos partilhar conhecimentos científicos e garantir o acesso equitativo as vacinas. A pandemia do COVID19 nos relembrou de que vivemos num mundo globalizado, que a vida de todos os seres humanos, tem igual valor e que a humanidade é uma e tem um destino comum.

Senhor Presidente,

Nos últimos 2 anos, conseguimos criar maior estabilidade política no nosso país, reafirmar o nosso papel no continente africano e retomar o nosso lugar no concerto das nações.

Contudo, o contexto internacional não favorece o cabal desempenho do nosso plano de desenvolvimento, sobretudo no que concerne à realização dos objectivos do desenvolvimento sustentável.

Nós em África, estamos também a sentir as consequências da guerra na Ucrânia que, infelizmente, está a ter um grande impacto, em particular, no sector da energia e da agricultura.

A inflação e o aumento dos preços dos cereais e outros produtos alimentares básicos, agravou consideravelmente uma situação alimentar já bastante difícil.  

A Guiné-Bissau é um país costeiro com uma grande parte insular. Temos feito muitos esforços no que concerne a Mitigação e Adaptação. Almejamos que a COP27 seja um passo determinante na definição e adoção de estratégias concretas para minimizar os impactos negativos das alterações climáticas.

Senhor Presidente,

Permitam-me, na qualidade de Presidente da Autoridade dos Chefes de Estado e de Governo dos Estados da África Ocidental, a CEDEAO, recordar que a nossa sub-região enfrenta grandes desafios em matéria de segurança e que precisamos de paz para garantir o desenvolvimento e o bem-estar das nossas populações, que constituem a nossa primeira riqueza.

A estabilidade de grande parte do nosso continente em geral, e da África Ocidental em particular, está ameaçada pela insegurança causada pelo terrorismo, o extremismo violento e a criminalidade transnacional, a que se somaram as violações dos princípios do Estado de direito e da Democracia.

A CEDEAO criou um quadro político, jurídico e mecanismos estruturais para a prevenção e resolução de crises políticas e institucionais, mas, contudo, os desafios permanecem inúmeros e difíceis de resolver.

Precisamos da ajuda internacional para travar o avanço do terrorismo na África Ocidental e em toda a zona do Sahel.

Trata-se de uma ameaça à paz e segurança internacionais que, para ser eficazmente combatida, deve necessariamente envolver toda a comunidade internacional e a ONU em particular.

Senhor Presidente,

Fui recentemente escolhido para presidir a Aliança dos Líderes Africanos contra a Malária, ALMA. De acordo com os dados da OMS, 96% dos casos globais de malária e 98% das mortes por malária ocorrem em África. O nosso continente não atingiu o objetivo traçado de reduzir a incidência e mortalidade da malária em 40% até 2020, uma etapa fundamental na eliminação da malária no continente Africano até 2030.

Por isso, mais do que nunca, precisamos de tomar medidas adequadas para proteger a todos, em todos os lugares, das doenças infeciosas. Gostaria de aproveitar esta oportunidade para convidar todos os países, governos, doadores e parceiros de desenvolvimento a contribuírem para o Reabastecimento do Fundo Global. Juntos e de maneira solidária, podemos acabar com a malária de uma vez por todas e salvar milhões de vidas humanas.

Senhor Presidente,

Falando de solidariedade entre os estados e povos, não podemos esquecer de mencionar Cuba e a necessidade de o embargo americano contra este país irmão ser imediatamente levantada.

Para concluir, quero enfatizar que a Guiné-Bissau, apesar de ser um pequeno país com meios limitados, não poupará os seus esforços com vista a contribuir para a manutenção da paz, da estabilidade e na proteção do nosso planeta.

Estamos determinados em continuar a participar activamente na consolidação do multilateralismo e na promoção    do diálogo e da cooperação entre os países e povos do mundo.

Muito obrigado

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