Centro de Saúde de Bula funciona sem espaço de internamento

O Centro de Saúde de Bula dispõe de todos os serviços hospitalares menos unidade de internamento, devido à ausência de um espaço físico apropriado para o funcionamento do serviço de hospitalização.

A realidade foi constatada durante uma reportagem, na qual a responsável da Área Sanitária de Bula afirmou que o centro cobre uma área com 83 tabancas e uma população estimada em 23.605 habitantes.

Paulina Gomes Betunde assegurou que os doentes com necessidade de internamentos são evacuados para Bissau ou Canchungo.

Acrescentou ainda que o pessoal técnico também não é suficiente para responder as demandas da população do Setor de Bula, afirmando que o centro dispõe de um único médico, cinco enfermeiros, um farmacêutico, um técnico do laboratório, um exator, um motorista e dois elementos de limpeza.

“Este número é insuficiente, sobretudo quando se realiza as deslocações às tabancas no âmbito da estratégia avançada junto das populações rurais, incluindo o preenchimento de livros e aplicação de vacinas de rotina diária”, lamentou, acrescentando que há uma necessidade de o governo, através do Ministério da Saúde Pública, aumentar, pelo menos, sete técnicos para cobrir toda a área sanitária.

Prestação de cuidados

Quanto à prestação de cuidados, a responsável admitiu que a sua instituição depara com algumas insuficiências, embora as dificuldades não sejam tão grandes. No que concerne à evacuação de doentes, disse que o hospital dispõe de duas ambulâncias, embora uma em estado quase obsoleto.

Em relação ao serviço da maternidade, mostrou-se inquieta em relação às pinças, mas informou que este serviço tem a capacidade de acolher dez pessoas. No que se refere ao fornecimento dos medicamentos, ela informou que o governo faz aquisição regular dos mesmos, para além de alguns parceiros que suportam certos programas e seus alvos, como é o caso do PIMI, PNUD.

Gripe, diarreia e paludismo

A responsável da Área Sanitária de Bula disse que as patologias mais frequentes no Setor de Bula, sobretudo neste período, são gripe, diarreias e o paludismo, uma situação agravante, devido à falta de condição de internamento.

Sublinhou que os casos graves, tal como acontece com outras enfermidades, exigem cuidados especiais, pelo que são reencaminhados para Bissau ou Canchungo, embora muitos pacientes desacordam com a decisão, alegando que não têm condições financeiras para suportar as eventuais despesas, para além de não ter familiares que os possam receber naquelas cidades.

Além de dez camas na maternidade, o centro dispõe apenas de três outras nos serviços de observação.

Maior número de casos de tuberculose

A nível nacional, o Setor de Bula registou o maior número de casos de tuberculose em 2022, embora a maioria dos doentes movimentam-se de um lado para outros.

Betunde explicou que muitos pacientes recusam observar as orientações dadas e suspendem o tratamento, deambulando de um lado para o outro com risco de contaminar mais pessoas. De igual forma, os que perderem a vista também se deslocam de uma região para a outra, acabando por transmitir e deixar a patologia aos seus próximos e por onde têm passado.

Felizmente, este ano conseguiu-se diminuir o número de casos em relação ao ano passado.

Questionado sobre o nível de recurso ao centro de saúde pela população local, Paulina Gomes Betunde, sorridente, respondeu que o recurso aos cuidados hospitalares é aceitável, devido às influências dos Agentes da Saúde Comunitária no terreno, que envolvem diretamente na evacuação de casos detetados durante as visitas regulares.

Referindo-se ao género, disse que as mulheres são as que mais procuram os cuidados médicos em relação aos homens e muita das vezes quando se regista uma patologia numa mulher, é preciso que se faça o tratamento aos dois parceiros, neste caso os homens, às vezes, se recusam a comparecer.

Finalmente, apelou à população local, no sentido de recorrer aos serviços de saúde e cumprir com as orientações médicas e dos Agentes de Saúde Comunitária.

Importa referir que o centro dispõe de um laboratório construído de raiz, mas que ainda não funciona, podendo brevemente começar a operar, conforme a previsão da responsável do centro.

Seco Baldé Vieira

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