CCIAS denuncia contrabando de arroz para Senegal

O presidente da Câmara de Comercio Indústria, Agricultura e Serviços (CCIAS) apelou ao Governo a apostar no aumento da produção de arroz, de forma a estabilizar os preços, isto porque o custo desse cereal tende a aumentar, aliás, o arroz que custa 17.500 aqui em Bissau, é vendido 21 mil francos CFA no Senegal.

Por isso, os comerciantes nacionais fazem, frequentemente, contra bando desse produto para o mercado vizinho. O apelo de Mama Samba Embaló foi em entrevista exclusiva ao Nô Pintcha, onde falou, entre outros assuntos, dos projetos da CCIAS.

“Portanto, já denunciei a situação ao ministro do Comércio e, também, aos agentes da Guarda Fronteira”, disse Samba Embaló.

Nesta ordem de ideia, Embaló demonstrou que a sua direção tem vindo a incentivar os empresários nacionais a investirem na produção de arroz, pois, “terão muito a ganhar”.

“Neste âmbito, já se encontra no país a antiga ministra senegalês, Madame Djenabu Late com a finalidade de instalar seu gabinete, para avançar com os trabalhos de montagem de projetos”, revelou Embaló.

Aquele responsável convidou às autoridades a seguirem o exemplo do Senegal no que concerne à produção de géneros alimentícios, pois, a Guiné-Bissau dispõe de melhores terras aráveis para a prática de agricultura.

Revelou, por outro lado, que por causa da crise mundial, a Índia concedeu “cota” ao Governo, razão pela qual vai exportar arroz ao país. “É neste sentido que houve uma reunião inconclusivo entre o Ministério do Comércio e os empresários, onde se discutiu as modalidades da vinda desse arroz, de forma a satisfazer ambas partes.

Entretanto, o presidente da CCIAS apelou aos empresários, no sentido de comprarem a castanha de caju no preço estabelecido pelo Governo, e só assim a presente campanha poderá ter sucessos.

“Aceitar o nosso apelo significa levar em consideração o sofrimento da população camponesa e, em contra partida, a CCIAS e o Governo estão a trabalhar no sentido de reduzir algumas taxas, facilitando assim o escoamento do produto para Bissau”, afiançou.

Informação falsa

O preside de Associação dos Retalhistas dos Mercados da Guiné-Bissau, Aliu Seide, considera de falso a informação relativa ao aumento de preços dos produtos de primeira necessidade, porque, segundo ele, os comerciantes estão a praticar preços acordados com o executivo.

“Os meus associados, desde o último acordo de uniformização de preços, firmado com o Governo, estão a vender o arroz nhelém (100% partido) e supremo a preços de 17.000 e 22.500 francos CFA, respetivamente, enquanto farinha desceu de 24 para 23 mil francos CFA”, esclareceu Aliu Seide.

Por outro lado, assegurou que o comércio tem sua dinâmica própria, ou seja, se os grossistas aumentarem os preços dos produtos, automaticamente os retalhistas terão que aumentar também para manter a margem do lucro.

Referindo-se à informação posta a circular em como o Governo terá obrigado aos importadores a pagar 4500 francos CFA a cada saco de arroz, disse não ter nenhuma informação relacionada. Aliu Seide aproveitou a ocasião para apelar a seus associados, no sentido de abdicarem de preços injustos.

Garantia de luz elétrica

O Governo, através do Ministério da Energia, deve zelar pela segurança do fornecimento da luz elétrica à Cidade de Bissau. Isto, segundo o secretário-geral da Associação dos Consumidores de Bens e Serviços (Acobes), passa necessariamente pela recuperação da Central Elétrica. “Mas deixar o fornecimento de energia ao cargo de uma empresa estrangeira não tem garantia”, alertou Bambó Sanhá.

Sanhá lembrou que os consumidores haviam sido prometido que até dezembro pretérito, a luz elétrica da OMVG seria uma realidade, o que não passou de uma promessa política. Aliás, acrescentou, já foram gastos muitos milhões de dólares, verba que podia ser aplicada na recuperação ou aquisição de uma frota nacional.

“Já é momento de acelerar o processo de distribuição de luz elétrica da OMVG aos consumidores num preço relativamente barato”, apelou.

Aquele responsável mostrou que a luz elétrica é muito cara, facto que constitui um grande fardo ao consumidor, além de outras despesas diárias.

No entanto, o secretário-geral da Acobes manifestou a sua preocupação em relação à situação de insegurança a que os transportes públicos colocam os funcionários, em particular, e cidadãos em geral.

“Perante esta situação, o Governo precisa colocar transportes em condições e em quantidade suficiente, para circulação na cidade Bissau”, sugeriu Bambó Sanhá.

Falta de colaboração institucional

Quanto a situação ambiental, Bambo Sanhá considera que a proliferação de sacos plásticos nas bolanhas aráveis e zonas habitacionais está a constituir um grande perigo, uma vez que a Guiné-Bissau é um país essencialmente agrícola.

Nesta perspetiva, segundo ele, tem de haver uma política capaz de orientar a utilização de sacos plásticos. Não obstante, existe uma lei que interdite a importação e comercialização desse produto.

Bambo Sanhá manifestou-se descontente pela ausência de colaboração entre a Direção-Geral das Alfândegas, ministérios do Comércio, do Ambiente, da Saúde e a Câmara Municipal de Bissau na aplicação da lei que proíbe a importação de sacos plásticos.

Por outro lado, aproveitou a ocasião para apelar ao Governo, no sentido de adotar uma lei que proteja os consumidores.

Prejuízo de direito de consumidor

O secretário-geral da Acobes afirmou que a Guiné-Bissau confronta-se com situações que põem em causa os direitos dos consumidores, caso concreto de falta de qualidade de serviço de internet e de cobertura da rede móvel a nível nacional. “Isso cria não só problemas sociais, mas também impacto negativo na vida da população”, lamentou.

Aquele responsável referiu que em muitas ocasiões os clientes são obrigados a permanecerem muitas horas em espera de atendimento nos estabelecimentos bancários, por razões ligadas à internet.

Em relação à invasão às zonas húmidas, por fins de construção de casas e estações de combustíveis, disse que isto está a colocar em perigo não só a saúde dos citadinos, como também deixa os próprios lavradores em situação de fome, por serem expropriados suas bolanhas.

O secretário-geral da Acobes instou a quem de direito a criar condições à população guineense, para ter acesso fácil e barato a gás natural, tendo em conta a necessidade de reduzir a desflorestação abusiva e descontrolada.

Afirmou, no entanto, que a organização que dirige vem insurgir no quadro da sua missão proativa e corretiva face às situações de violação dos direitos dos consumidores.

“Os servidores da Acobes continuam fiéis aos seus princípios e valores, procurando saber da salvaguarda de prejuízos económicos, vida saudável, concorrência leal pelos preços justos, entre outros”, assegurou.

Qualidade de serviço

Bambo Sanhá sublinhou que dentre os desafios que urgem vencer, figura a melhoria de qualidade dos serviços da Tecnologia de Informação e Comunicação, pois, as conexões da internet são da baixa qualidade. Acresce a esses desafios, as especulações de preços de bens essenciais.

O secretário-geral da Acobes demonstrou que a comemoração do Dia do Consumidor, 15 de março, convida a todos para uma reflexão, tendo em conta os efeitos adversos no acesso a bens e serviços no mercado nacional.

Segundo Bambó Sanhá, desde a sua criação, em 1992, a Acobes tem agido em colaboração com os serviços estatais. “E, perante a inércia que essas entidades revelam, a organização tem pautado pela prospeção e saneamento do mercado nacional, por via de denúncias, pressões e sensibilização dos parceiros intervenientes”.

Julciano Baldé

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