Caçadores constituem ameaça aos criadores de gados em Farim

Um homem aparentemente de 39 anos de idade, na aldeia de Farindinto, Setor de Farim, terá sido morto a tiro, na semana passada, por um “disfarçado” caçador não identificado, num campo agrícola, em Bricama.

Depois do incidente, a polícia deteve dois homens como suspeitos. De acordo com as informações apuradas, os detidos já se encontram em Bissorã, aguardando o julgamento no tribunal local.

Os dois indivíduos são suspeitos, porque um é o proprietário do campo onde terá ocorrido o crime, enquanto outro por ser o chefe da tabanca.

Segundo os relatos dos familiares, sempre que os miúdos saem de pasto, a vítima costumava ir ao curral para conferir as vacas.

Entretanto, no dia de crime fez o mesmo procedimento, e deu conta que estava a faltar uma vaca. Então, saiu a procura e, no caminho, ouviu tiro de uma arma de fogo, logo seguiu em direção a esse local e, quando lá chegou, encontrou a sua vaca já morta.

Jaime Tambe, tio da vítima, acha que o caçador atirou no seu sobrinho com intuito de apagar pistas, só que esqueceu de retirar a vaca no local de crime e de lavar o sangue.

No entender de Jaime, o caçador matou o seu sobrinho, porque este estava a perguntar-lhe as razões que o levou a matar a vaca, então, o desconhecido caçador viu que não tem argumentos para escapar, resolveu atirar a queima-roupa.

Segundo suas palavras, o mais chocante é que o suspeito escondeu o corpo. “Queríamos, pelo menos, encontrar o corpo de malogrado para que pudéssemos fazer um funeral condigno, mas, infelizmente, até este momento não temos informações sobre quem terá praticado esse crime, para nos indicar onde encobriu o corpo”, lastimou.

Porém, Jaime Tambe afirmou que não foi nenhum caçador que matou o seu sobrinho como tem sido veiculado, mas sim é o dono daquele campo de milho, porque desde o dia do crime este desapareceu, facto que alimenta fortes suspeitas de que terá sido ele o autor da desgraça, porque se no fosse estaria lá a trabalhar como costumava.

“Estamos serenos e com a expectativa de conhecer o criminoso, porque a policia nos deu garantia que estão quase a descobrir o autor, mas desde aquele dia até então, não fomos chamados para saber do andamento da investigação”, explicou.

Além desses dois suspeitos, as forças de segurança os tinham prometido que iam prender mais pessoas suspeitas, e nada de isso aconteceu até agora. “Se a polícia não nos der as informações encorajadoras, seremos obrigados a recorrer por outras vias, porque não podemos aguardar essa dor por muto tempo”, advertiu o tio do malogrado.

Tribunal sem juiz nem delegado do Ministério Público

Sobre esse crime perpetrado por um individuo ainda desconhecido, o Nô Pintcha falou com Dickson Varela, deputado eleito naquele círculo. Segundo sua explicação, depois de ter conhecimento do ocorrido, pediu o aval da ANP para ir inteirar-se do sucedido e apoiar na resolução do problema.

Segundo ele, os familiares da vítima estavam decididos a deslocar-se a Bircama a procura dos restos mortais, felizmente, conseguiram chegar a tempo e evitar o pior, “porque foi graças a nossa intervenção que os fez desistir da ideia.

Foi a partir daí que entendemos por bem mandar uma força de ordem para garantir a segurança nas duas aldeias”.

Dickson Varela disse que enquanto deputado já fez o seu papel, agora falta as autoridades locais também fazer a sua parte, para que a família da vítima se sinta satisfeita com a justiça, porque a bom da verdade, os familiares do falecido não conformaram com o sucedido.

Na opinião desse deputado, a única saída para diminuir essas ondas de criminalidades é fazer a justiça funcionar na sua plenitude.

“Aqui no Setor de Farim temos edifício de tribunal, mas não temos juiz nem delegado do Ministério Público e, perante essa situação, como é que o crime pode ser combatido. O Estado deve assumir a sua responsabilidade de forma acabar com a impunidade no país, caso contrario isso poderá desembocar num problema nacional”, alertou.

Alfredo Saminanco

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