Alunos adaptados a professores em Catió

O ensino no Setor Catió, Região de Tombali, tem sido, sistematicamente, afetado por vários condicionalismos, nomeadamente a falta de professores, instabilidade política e governativa, entrada tardia de crianças na escola, casamentos precoce e forçado, assim como a gravidez.

Nessa zona, regista-se, igualmente, a ausência de serviço de inspeção, que está a contribuir na fraca qualidade do ensino primário e secundário, associado aos fracos recursos financeiros que são alocados ao Ministério da Educação Nacional.

A não implementação efetiva do Estatuto de Carreira Docente também é um dos fatores que leva os professores a não cumprirem com o plano de colocação, situação que deixa algumas aldeias sem professores.

De acordo com as informações apuradas, o Banco Mundial, na tentativa de remediar a situação, foi obrigado a intervir no sentido de apoiar o Ministério da Educação na reforma e na implementação de certos projetos, que visam melhorar o sistema do ensino.

Porém, ainda os problemas não estão totalmente sanados. Sobre o assunto, o repórter do jornal Nô Pintcha falou com o presidente da Associação de Filhos e Amigos do Setor de Catió, Benicio Bidiande, que sublinhou que a baixa de qualidade do ensino e o retrocesso no sistema tem a ver com falta de professores formados, assim como a insuficiência de infraestruturas.

Segundo sua explicação, os professores formados recusam ir dar aulas nas aldeias onde são colocados, devido ao isolamento. Aliás, preocupam-se apenas entregar a guia, depois regressam para Bissau e nunca mais voltam para os seus postos de trabalho.
Perante esta situação, de acordo com Benicio Bidiande, a comunidade opta por contratar alunos que já concluíram 12 ano de escolaridade sem possibilidade de prosseguir com os estudos.

“Esta é a nossa realidade. Na maioria de tabancas, não se pode falar de qualidade de ensino com essa categoria de professores, porque para ser docente, é preciso formação, com o nível de pedagogia aceite para essa função”, observou.

Por outro lado, aquele responsável associativo disse que há casos que não estão relacionados com o problema de falta de professores, mas sim de projetos para empregar jovens. “Portanto, essa realidade acaba por levar alguns jovens a refugiar-se na área de educação, como alternativa, mesmo com salario inferior a 40 mil francos CFA.

Falta de escolas de formações

O presidente da Associação de Filhos e Amigos do Setor de Catió, Benicio Bidiande, informou que a Região de Tombali não tem escolas de formação. “É uma situação triste e lamentável. Os jovens são abandonados a Deus dará”.

Por isso, Benicio Bidiande reclama igualdade de oportunidades e de tratamento entre regiões, setores e aldeias, porque, segundo ele, também são zonas que fazem parte da Guiné-Bissau, e merecem atenção de Estado.

“Para já não pode haver filhos e enteados, quando se trata de direitos dos cidadãos, uma vez que cada um contribui da sua maneira para o desenvolvimento do país, por isso, exigimos ao Estado, pelo menos, a criação de escolas de formação técnico-profissional, para permitir que os jovens sejam independentes”, protestou.

A mesma situação foi confirmada pelo administrador do Setor de Catió, Mário Mbali Nala, que, para ele, a única forma de combater a delinquência juvenil no país é criar escolas de formação profissional.

Alfredo Saminanco

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