Medidas não acatadas: Descoordenação ou má-fé nos passeios de Bandim!

O passeio de mercado de Bandim é uma salada russa, onde cada um faz o que bem lhe apetece. Exemplo disso, foi quando, recentemente, o ministrou da Administração Territorial e Poder Local, Fernando Gomes, deu instruções ao presidente da Câmara Municipal de Bissau (CMB) para retirar os comerciantes ambulantes do passeio, e que não está a ser cumprida. A referida decisão foi só cumprida alguns dias.

No terreno, o repórter do Nô Pintcha constatou que tudo isso não passa de uma simulação da parte da CMB, no que toca ao cumprimento da decisão, porque o passeio faz parte da maior fonte de receitas. por isso, tenta cumprir de uma forma dissimulada. 

Entretanto, a recente decisão do Governo através do ministro da Administração Territorial, na qual ordenou o presidente da Câmara Municipal de Bissau a remoção de todos os comerciantes ambulantes no passeio do mercado de Bandim.

No local, o jornalista assistiu uma novela entre os vendedores, exatores e polícia municipal, onde a mesma Câmara Municipal mandou os seus agentes para fazerem cobranças a estes comerciantes ambulantes e, horas depois, manda polícias para expulsa-los do lugar que pagaram o direito de permanência. Tudo funciona numa relação de cumplicidade.

O mais agravante, o passeio do referido mercado na Avenida dos Combatentes da Liberdade da Pátria, está inundado dos comerciantes ambulantes, pessoas pedintes. Até os transportadores de carrinho de mão, estacionam os seus transportes no meio do passeio à espera dos clientes e obrigam de forma indireta os utentes a caminharem pela estrada da avenida principal.

Um dos utilizadores desse passeio e também comerciante dentro do mercado de Bandim, que não quis revelar o seu nome, disse à nossa reportagem que a obstrução da passagem dos deambulantes no passeio do mercado, não é de estranhar, pois, já vem de muitos anos.

Disse que aquele passeio nunca vai ser desocupado pelos comerciantes ambulantes, porque várias decisões são ditas pelo Ministério da Administração Territorial ou Câmara Municipal de Bissau, não surtiu efeitos e que não é agora que vai surtir.

“Sabes por quê, a maioria parte dos comerciantes ambulantes que comercializam no passeio do mercado de Bandim são estrangeiros. Quando as nossas autoridades decidem  disciplinar o mercado de Bandim, esses vendedores ameaçam não votar no partido ou no Presidente da República no poder nas eleições legislativas e presidenciais que se segiriam”.

Disse também que não é correto a atuação da Câmara Municipal de Bissau sobre a ocupação do passeio do mercado de Bandim. Segundo o nosso entrevistado, se a Câmara Municipal de Bissau quer desalojar definitivamente esses comerciantes no passeio, tem que abdicar de cobrar-lhes o espaço, para depois tentar prender os seus produtos, dizendo que aquele lugar não é reservado para comercializar os artigos.

No seu entender, se a Direção da Câmara Municipal de Bissau efetua a cobrança naquele espaço, significa que esses comerciantes são autorizados, A cobrança oficializa a acção.

“É bom que a Câmara Municipal de Bissau se abdique de fazer a cobrança, mas sim, deve prender os produtos e multar os infractores. Dessa forma, amanhã não vão voltar a praticar o comércio naquele lugar destinado à passagem das pessoas”, disse.

A “cobardia” dos políticos

Só para lembrar da “cobardia” dos políticos quando estão no poder. Apontou ao exemplo do antigo presidente da CMB, Baltazar Cardoso, face ao ex-ministro da Administração Territorial, Sola N´Quilin Na Bitchita (ambos do Partido da Renovação Social (PRS): quando Cardoso decidiu retirar todos os comerciantes para fora do mercado de Bandim e não só nos passeios, Sola N´Quilin contrariou-lhe, ordenando o regresso imediato dos mesmos comerciantes no local habitual, justificando que “esses arriscam-se a não votar no PRS, nas eleições seguintes.

Lembrou ainda do caso Sori Djaló dirigente do PRS que, quando era presidente da Câmara Municipal de Bissau, tentaou disciplinar o referido passeio, mas, lamentavelmente, foi desautorizado de forma “humilhante”, a frente dos comerciantes, pelo falecido Presidente da República, Koumba Yalá que, imediatamente, ordenou o regresso desses comerciantes ao referido passeio.

A última decisão tomada pelo ministro da Administração Territorial, Fernando Gomes, embora a Direção da Câmara cumpriu formalmente, não está a ser respeitada da parte dos comerciantes e as passagens das pessoas continuam a ser estorvadas.

Eduardo Mendes um dos utentes desse passeio disse que a decisão é boa, mas carece de garantias de execução, porque as desordens continuam no passeio.

Aquele utente pediu ao Governo que, quando sabe, à partida, a sua decisão não venha a ser cumprida por um grupo de pessoas que não querem o desenvolvimento do país, é melhor que o Estado evite de decretar ou mandar policia para desalojar os comerciantes, sabendo que, depois, os seus dirigentes ficam com hesitações por causa do medo de perder votantes.

Mendes mostrou que, no país, as decisões do Estado guineense é só para inglês ver.Por exemplo, recentemente na inauguração do Mercado Central (feira de praça), o Chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló, tinha ordenado a desocupação dos passeios a frente desse mercado e, no dia seguinte, um forte dispositivo de segurança esvaziou o local.  Apesar disso, os mesmos comerciantes voltaram ao local nas suas atividades habitual como dantes.

Lamentavelmente, antes do fecho desta notícia, a nossa reportagem fez várias tentativas junto da edilidade camarária de Bissau, para ouvir a sua versão, mas, infelizmente, não surtiu efeito, pela indisponibilidade do responsável da instituição acusada.

Fulgêncio Mendes Borges

About The Author

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *