O estudo apresentado ontem sobre o perfil dos Media na Guiné-Bissau, conclui que atualmente, os fazedores de informação estão desprovidos de meios financeiros e com fracos apoios institucionais que os dificultam no processo de desenvolvimento do setor.
O estudo revelou ainda que, em relação ao género, há uma desproporção. Portanto, a associação deve continuar a trabalhar, para elevar o nível das associadas, como forma de desempenhar com zelo as suas funções, aliás, a condizer com o slogan da organização, “conhecer melhor, para capacitar”.
Os dados indicam situações preocupantes concernentes ao caso dos profissionais de comunicação social e a realidade é mais agravante entre os que operam nos órgãos privados e comunitários. Condições esses que apontam que 89% dos funcionários auferem menos de 100 mil francos cfa e quase 71% não têm vinculos contratuais de trabalho e nem estão escritos no sistema de segurança social, através do Instituto Nacional da Segurança Social.
O inquérito promovido pela Associação das Mulheres Profissionais de Comunicação Social (AMPROCS), com apoio financeiro do Instituto da Cooperação e da Língua Portuguesa, através do fundo de pequenos projetos da embaixada de Portugal e técnico da Associação para Cooperação Entre Povos permitiu descobrir que a violação da Lei de imprensa e liberdade de expressão e o possível controlo dos órgãos de comunicação social estatais constituem principais obstáculos para a afirmação do jornalismo guineense.
Entretanto, percebeu-se também, que essa organização de classe tem sido limitada nas suas intervenções de promover e defender os seus associados, devido às limitações estatutárias e condições financeiras.
Na cerimónia de apresentação, o embaixador de Portugal, José Velez Carroço, disse que não podia ser mais apropriado que tal fosse feito, apoiar a AMPROCS na realização deste estudo, que permitiu conhecer a condição dos profissionais de comunicação social, em especial das mulheres, pois só assim podia constribuir para melhoria da classe.
Por sua vez, a presidente da AMPROCS, Paula Silva de Melo, lembrou que não é novidade que a mulher teve sempre dificuldades na inserção no mercado de trabalho, pois, dados estatísticos comprovam o baixo número da representatividade feminina no meio profissional, ainda que existam frequentes debates sobre a desigualdade de género. Entretanto, na área da comunicação social, o quadro não é diferente, sejam publicitárias, jornalistas, cineastas ou relações públicas, elas ainda enfrentam adversidades na ascenção na carreira.
Importa referir-se que, depois do lançamento do relatório, foi inaugurado o centro de recursos da Casa dos Direitos, que contém vários estudos sobre situações dos direitos humanos no país, um espaço de pesquisa e de partilha de informação.
Elci Pereira Dias