Nova governadora de Gabu prioriza reorganização da cidade

A governadora da Região de Gabu anunciou que tudo neste momento é prioritário, pois, a região não tem nada para responder às necessidades básicas das populações, designadamente ao saneamento básico, à assistência pública, infraestruturas rodoviárias, entre outros.

Elisa Tavares Pinto falava durante uma entrevista ao Jornal Nô Pintcha, tendo acrescentado que no plano do desenvolvimento regional baseado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030, já elaboraram projetos para a reabilitação de algumas infraestruturas, que consideram urgente, neste caso, o mercado central, as vias urbanas da cidade, matadouros e a construção de postos de venda de carne.

Senhora governadora, que balanço faz dos quarenta e cinco dias da administração da região?

A tarefa tem sido um grande desafio, porque a administração regional precisa de ser reorganizada desde o funcionamento administrativo interno até à implementação do plano do desenvolvimento regional.

Entretanto, considero que é um desafio interessante, porque vai ao encontro das necessidades das populações e a nossa política de servir as mesmas.

Durante vários encontros tidos, já auscultamos uma boa parte da população, no sentido de implementar a política de reorganização, neste caso o pagamento das receitas do Estado via banco, como forma de controlar o investimento regional, alias, um sonho que se está a transformar numa realidade.

As auscultações feitas permitiram-nos conhecer as necessidades desta camada, assim como as suas prioridades que, de facto, enquadram no plano do desenvolvimento regional.

A maior dificuldade encontrada na administração regional até este momento é o facto de não termos conseguido resolver o número elevado de funcionários sem nenhum vínculo ou contrato. Essas pessoas encontram-se na idade de reforma, praticamente sem funções, e a maioria só comparece no final do mês para receber o salário.

Outra dificuldade é a falta de transparência na cobrança de receitas do Estado, devido ao pouco empenho dos próprios funcionários.

Quais são as prioridades em termos de ações?

Em termos de ações, diria que tudo neste momento é prioritário, porque Gabu não tem nada, em termos de resposta à demanda das populações, designadamente o saneamento básico, saúde, infraestruturas rodoviárias, entre outros.

Dentro do plano do desenvolvimento regional, baseado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030, já elaboramos projetos para a reabilitação de algumas infraestruturas que consideramos urgente, nomeadamente o mercado central, das vias urbanas da cidade, matadouro e a construção de postos de venda de carne.

Como pensa implementar o seu programa de desenvolvimento?

O programa do desenvolvimento regional foi elaborado na base das auscultações comunitárias, envolvendo todas as franjas sociais e os problemas foram hierarquizados conforme as necessidades prioritárias. No entanto, as nossas atuações vão enquadrar-se na linha mestra das ações prioritárias definidas no plano do desenvolvimento regional. 

Quais são os eixos programáticos?

O plano do desenvolvimento regional está estruturado a volta de cinco eixos estratégicos de desenvolvimento.

Melhorar a produtividade e a rentabilidade da agricultura, da pecuária e da floresta, através da gestão racional e sustentável dos recursos naturais;

Melhorar o acesso das populações aos serviços socias básicos, através da valorização e operacionalização das infraestruturas socias, públicas e energéticas;

Melhorar as condições económicas das famílias, através do comércio e da criação de emprego;

Melhorar a capacidade de intervenção das estruturas locais;

Melhorar a governação local democrática e a parceria estratégica.

A Região tem grandes potencialidades agropecuárias. Tem um programa de desenvolvimento regional?

Sim há um plano ainda não aprovado.

Como está a região em termos financeiros?

É uma região com muita dinâmica nos setores de comércio e criação de gado, que são as principais atividades económicas das populações. Os comerciantes da zona também importam produtos da primeira necessidade, bem como dos materiais de construção, entre outros. Por outro lado, a população vive na sua maioria, de remessas dos emigrantes, fator que impulsionou a instalação de algumas agências bancarias e instituições financeiras de transferências monetárias.

Como classifica a situação de saúde a nível da região?

A situação de saúde na região não deixa de ser preocupante, como a das outras áreas. Existe um único hospital regional, que não tem capacidade de resposta a demanda dos habitantes. Quando se fala de falta de capacidade de reposta, é porque tudo o que nele existe é insuficiente e sem falar das condições precárias que se encontram os serviços de internamento.

A educação constitui alavanca para o desenvolvimento de qualquer país. Fala de Gabu neste sentido?

A educação constitui neste momento grande preocupação, julgo a nível nacional.

No entanto, a região tem as outras particularidades, que por sua vez contribuem negativamente para o seu desenvolvimento. Com poucas escolas que existem, um único liceu regional, sem centros de formação profissional e a falta de acesso por várias ordens, ainda se verificam fatores culturais e trabalho infantil, que impedem a frequência efetiva e continuidade nos estudos de adolescentes sobretudo de jovens raparigas.

Higiene e saneamento constitui a preocupação das autoridades regionais?

Uma das maiores preocupações neste momento é a falta de higiene e saneamento. Existe um vazadouro na cidade Gabu que, infelizmente, é mal usado. Não há uma cultura de reciclagem de lixos nem meios de transportes apropriados para a sua evacuação. Por isso, sempre falamos que não se sabe mesmo por onde iniciar, tendo em conta que tudo é prioritário. A falta de higiene e saneamento constituem ameaça para a saúde pública. Daí que sentimos motivados e obrigados a promover semanalmente limpeza geral da cidade, que conta com o empenho das autoridades e de população em geral.

Também, já se institucionalizou o fecho dos estabelecimentos comerciais, uma vez por mês, concretamente nos últimos domingos, para as limpezas.

Será que Gabu tem fornecimento de água potável, assim como da energia?

Tem água potável fornecida pala empresa ENAFUR. Infelizmente, não tem energia fornecida pelo Estado, por alegada dívida elevada contraída com a empresa PETROMAR, que ainda está por se resolver

Em termos urbanísticos, como pode ser classificada a região?

Gabu é uma cidade muito bem urbanizada, bonita e plana, com rodovias e passeios bastante degradados, ruas sem nomes, salvo as batizadas pela população. A cidade carece de jardins, monumentos, praças e sinalização.   

Gabu é considerada principal cidade comercial a nível do país, mas as vias principais se encontram num estado de profunda degradação. Tem algum plano para inverter a situação?

Como disse atrás, já temos alguns projetos elaborados, um deles, é para mudar a situação das vias urbanas.

Eu vim para esta região determinada para devolver esta bonita cidade, que agora está em ruina. Com empenho de todos, tudo se resolve com facilidade.

Neste sentido, apelo à população a colaborar com o Governo regional, para mudar uma vez por todas essa nossa e sua cidade.

Em termos agrícolas, como está a região?

A agricultura continua a ser a principal atividade económica da região e fonte de sobrevivência da população, sobretudo na cultura de arroz, milho, amendoim. A produção de castanha de caju ocupa uma boa parte do calendário agrícola apesar da sua importância económica, continua a ser obstruída no seu desenvolvimento por múltiplas dificuldades. Acrescento também, a fraca fertilidade do solo, devido a utilização do adubo químico a destruição da reserva vegetal pelos fogos de mata e cortes abusivos, assim como a falta de ordenamento hidráulicos agrícolas nas planícies e baldios.  

Fala-se de ondas de criminalidade a nível da região. Já tem em manga algum plano para inverter este fenómeno?

Realmente Gabu é considerada uma região com ondas de criminalidades, e queixa-se de insegurança e falta de justiça. Consideramos urgente a reforma no sector de segurança, porque a população precisa sentir-se segura onde quer que se esteja.

Para se inverter essa situação, a própria administração tem acompanhado diariamente às ocorrências e dá seguimento dos casos declarados. Estamos ainda a influenciar o reforço de meios, para melhorar a capacidade de intervenção na prevenção, e na resolução de vários problemas quando forem solicitados.

Num futuro breve, após à época da chuva, a administração local vai promover um programa de diálogo nas comunidades com as autoridades, cujo objetivo é de sensibilizar as populações e estabelecer aproximação entre as partes (População e autoridades). 

A título de informação, uma questão que é sempre levantada pela população é a fraca presença das autoridades policiais no terreno, ou seja, nas comunidades, para responder às necessidades da população. Pretendemos criar condições para que haja policiamento de proximidade na região com a intenção de diminuir essa fama, pela negativa, que a região ganha.

As últimas palavras?

As minhas últimas palavras consistem no apelo à população, para que colaborem com a administração local, no sentido de trabalharmos em sinergia para o desenvolvimento desta região, uma vez que a nossa governação é inclusiva e participativa.

Como disse atrás, tudo é prioridade, daí a necessidade de empenho de todas e todos.

Eu sou cidadã nacional comprometida com a sua pátria e vontade de fazer algo positivo. Portanto, a colaboração da população local é uma mais-valia.

Elci Pereira Dias

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