O diretor nacional da Policia Judiciária (PJ) disse, em entrevista exclusiva ao Jornal Nô Pintcha, que a instituição lançou uma campanha sob lema “tolerância zero contra violência doméstica baseada no género”, com o objetivo de acabar com o abuso contra as mulheres.
Domingos Monteiro Correia justificou que nos últimos seis meses a sociedade guineense testemunhou casos assustadores de crimes contra as mulheres, tendo lembrado do recente acontecimento da mulher que foi queimada intencionalmente pelo próprio marido, em Contuboel, região de Bafatá.
Por outro lado, mencionou outros crimes como abuso sexual de pais para filhas que, em certas situações, resultam na gravidez indesejável. De igual modo, falou do casamento forçado, abuso de menores e conjunto de problemas que constituem crimes, mas que não são denunciados.
Nessa ordem de ideias, o diretor da PJ revelou a disposição de número 121 para chamadas gratuitas de denúncias em todas as redes de telecomunicação que operam no país.
Assim, Domingos Correia aproveitou a ocasião para anunciar que a PJ tem brigada de combate contra crimes a nível nacional, incluindo violência baseado no género.
Segundo aquele responsável, a partir das brigadas existentes desencadeiam inquéritos sobre diferentes situações ligadas ao tema. “Nesta base que consegue dados estatísticos sobre vários casos de violência doméstica, dos quais 61 relacionados ao abuso sexual e 40 de violação doméstica.
Segundo ele, os dados disponíveis são preocupantes, razão pela qual lançaram essa campanha com a intenção de mudar a estratégia de atuação da Polícia Judiciária, trabalhando na vertente preventiva, reforçando o seguimento repreensivo da polícia de investigação.
Violência é como um atentado
Nesta campanha de combate à violência baseado no género, Domingos Monteiro Correia disse que a PJ conta com a colaboração da Procuradoria-geral da República, parceiros internacionais, órgãos da comunicação social, organizações não-governamentais, associações juvenis, instituições escolares e representantes do poder local, para sensibilizar, deter e fazer denúncias sobre todos os atos criminosos, sobretudo os ligados à violência baseado no género.
O diretor nacional da Policia Judiciária sublinha que a população pode colaborar, utilizando o número 121, disponível para denúncias de casos de violência. Não obstante, reconheceu que os guineenses não têm hábito de fazer denúncias.
Quanto às dificuldades, Domingos Correia disse que os obstáculos nunca faltaram, mas isso não deve ser barreira para baixar a guarda ou de desistência, pelo contrário, deve constituir o motivo para o redobrar de esforços, porque a questão afeta a vida humana.
A seu ver, é preciso sensibilizar os cidadãos sobre a importância e necessidade de fazer denúncias, lembrando que a violência deve ser vista como um atentado à dignidade humana e afeta, sobretudo, a camada mais vulnerável.
Nelinho N´Tanhá e Cadidjatu Bá (estagiária)