O ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural presidiu, no dia 29 de junho, no Centro Orizícola de Carantaba, Setor de Sonaco, o início da campanha de debulha de arroz melhorados e anunciou a descoberta da nova variedade.
Sandji Fati explicou que a espécie de semente em produção, atualmente, no Centro de Carantaba chama-se ‘Sabi 12’, não obstante, com o apoio dos técnicos chineses conseguiram fazer novo cruzamento com outra espécie melhorada que resultou em variedade ‘Sabi 15’.
Com isso, o ministro enalteceu o trabalho feito pelo Projeto de Urgência de Segurança Alimentar (PUSA) junto dos agricultores, sobretudo na distribuição de sementes e fertilizantes, assim como dos seus antecessores, caso de Abel da Silva e Marciano Silva Barbeiro.
Fati destacou ainda o papel de um grupo de jovens empreendedores que atua na produção da semente em Carantaba, podendo, na sua opinião, nos próximos tempos tornar-se num grande distribuidor privado de sementes do país.
O governante explicou que o país dispõe de diferentes centros de produção e distribuição de sementes melhoradas para os produtores de bas-fond.
Fati afirmou que o Ministério da Agricultura é quase um parente pobre do governo, acrescentando que o funcionamento normal do seu departamento governamental dependente de projetos externos. Acrescentou que fazer uma agricultura na base do gasóleo é extremamente custoso e está longe de resolver os problemas agrícolas.
Lembrou ainda que a mecanização do setor é indispensável para que o país possa transitar da agricultura de subsistência para a autossuficiência alimentar, podendo ter excedentes que poderão ser exportados, porque a Guiné-Bissau dispõe de condições naturais e climáticas favoráveis.
Uma situação que mereceu à atenção do governante tem a ver com a incapacidade do centro utilizar os 20 hectares disponíveis, devido à insuficiência da drenagem da água e do nivelamento do solo.
Por outro lado, admitiu que cerca de 90 por cento dos técnicos do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento estão na idade de reforma, tendo lamentado que maioria dos jovens estudantes guineenses declinam-se dessa área, alegando que são cursos que não são bem remunerados pelo governo e nem possuem grandes oportunidades. Por isso, optam por áreas sociais, nomeadamente administração, gestão financeira, sociologia, contabilidade, direito e por ai fora.
Perante essa realidade, o ministro Sandji Fati defendeu que é urgente que o executivo crie uma estratégia para que num futuro próximo possa formar novos quadros no domínio da agricultura, por se tratar de um país essencialmente agrícola.
Acesso ao insumo
Apa Patrão da Costa afirmou que o Projeto de Urgência de Segurança Alimentar (PUSA) que coordena é um projeto financiado pelo Banco Mundial, para fazer face aos efeitos da pandemia de Covid-19 na produção agrícola.
Patrão da Costa lembrou que com o surgimento do Coronavírus toda a gente paralisou a sua atividade, provocando prejuízos maiores nos setores produtivos, sobretudo aos países menos industrializados.
Em consequência disso, o nível de insegurança alimentar dos guineenses subiu de 34 para 36 por cento, o que significa que atualmente 360 mil guineenses estão em situação de fome severa.
“É nessa base que o Governo solicitou o financiamento do Banco Mundial que resultou neste projeto, disponibilizando 15 milhões de dólares norte-americanos para apoiar a produção de alimentos, durante três anos,”, explicou.
Da Costa explicou que desde 2021 o projeto distribuiu mais 500 toneladas de sementes e 290 toneladas de fertilizantes, assim como séries de sessões de formações sobre a aplicação de novas tecnologias, visando aumentar o rendimento agrícola.
Explicou que o objetivo é distribuir 1.500 toneladas de sementes e realizar uma campanha de vacinação de 1.500 vacas, cabras e ovelhas.
Em jeito de balanço, Apa Patrão da Costa disse que os bons resultados que se registam, neste momento, devem-se ao apoio do PUSA, sobretudo na distribuição de fertilizantes porque, segundo ele, um dos maiores problemas da agricultura na Guiné-Bissau é o acesso ao insumo.
Preço do gasóleo
O diretor do Centro Orizícola de Carantaba, disse que convidaram o titular da pasta para testemunhar o início da corte do arroz produzido na época seca, contudo admitiu ter havido um ligeiro atraso no começo da plantação.
Teté Sambu explicou que a previsão da colheita para esta campanha é estimada entre 4 a 5 toneladas por hectares, embora se saiba que a conjunta atual poderá influenciar, um pouco, em termos de despesa, mas em termos gerais a campanha é positiva.
Instado a pronunciar-se sobre o destino da produção, esse responsável explicou que o seu trabalho é produzir e multiplicar as sementes, cabendo ao Ministério da Agricultura proceder a sua distribuição, em função das necessidades dos agricultores.
Questionado se a quantidade produzida pode cobrir a demanda das regiões de Bafatá e Gabu, Sambu afirmou que não, porque o centro e a Agromultiplicadores produziram a variedade ‘sabi 12’ num espaço de 10 e 9.5 hectares, respetivamente. Enquanto o Projeto Jovens cultivou 13 hectares da CP1 e a população lavrou 5 hectares do tipo Sahel.
Em relação às dificuldades do centro, Teté Sambu disse que obstáculos são imensos, acrescentando que cada fase tem a sua dificuldade específica.
Referindo-se aos técnicos chineses, Sambu informou que o campo de Carantaba dispõe de quatro assistentes, no âmbito da Missão Técnica da China na Guiné-Bissau. Especialistas em mecânica, produção e cruzamento de variedades.
Importa salientar que a delegação visitou as bolanhas de Contuboel e da Associação de Agricultores de Campossa.
Seco Baldé Vieira