O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, condenou ontem o golpe de Estado ocorrido há uma semana na vizinha Guiné-Conacri e pediu aos militares que libertem o presidente derrubado, Alpha Condé.
De regresso a Bissau, após quatro dias em visita de trabalho ao reino da Bélgica e à União Europeia, Sissoco Embaló afirmou que tem sido contactado por vários chefes de Estado africanos e europeus no sentido “de ajudar a resolver o problema na Guiné-Conacri”.
O Presidente guineense disse ter tido oportunidade de transmitir ao líder do golpe na Guiné-Conacri, o coronel Mamady Doumbouya, a sua condenação ao levantamento militar, frisou, apesar de não manter boas relações com o presidente deposto.
“Nestes dias estou a ter contacto permanente com o Presidente francês, Erdogan (Presidente da Turquia) e muitos outros líderes. Inclusive os autores do golpe. Penso que nós somos dos primeiros que contactaram e eu condenei logo. A minha posição foi perentória. Disse isso ao Doumbouya, por duas, três vezes”, afirmou Embaló.
Lembrou que o próprio era militar, mas quando quis fazer política despiu a farda, o que, destaca, é o único caminho para ascender ao poder no mundo atual.
Umaro Sissoco Embaló sublinhou que transmitiu a sua posição na recente cimeira, por videoconferência, de líderes da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e que no próximo encontro, presencial, da mesma comunidade vai reafirmar a sua condenação do golpe de Estado.
“Eu e o Presidente Alpha não somos amigos, nem quero ser amigo dele e nem ele quer ser meu amigo, mas fomos homólogos. Condeno o golpe de Estado porque não sou subversivo, portanto não pactuo com aqueles que fazem um golpe”, observou.
O Presidente guineense disse estar disponível para integrar o painel de chefes de Estado da CEDEAO que vai ajudar a resolver “o problema na Guiné-Conacri”, mas desde já adianta que é a favor da libertação do presidente derrubado.
“Alpha Conde tem 90 anos. Erdogan, o Presidente francês, com quem falo quase diariamente, Sassou Nguesso (Presidente do Congo) pediram-me que interviesse. Os meus homólogos entenderam que por sermos vizinhos talvez possa ajudar a resolver a situação”, afirmou Umaro Sissoco Embaló.
No passado dia 05, uma junta militar liderada pelo coronel Mamady Doumbouya derrubou o presidente Alpha Condé, de 83 anos, que se mantém detido desde então, dissolveu o parlamento e os poderes civis eleitos, tendo ainda suspendido a Constituição.
LUSA