Morosidade das Finanças e crise política limitam avanço das obras Safim-Jugudul

O troço que liga Safim/Jugudul, 40 quilómetros de distância, é uma via estratégica, que liga capital a vários pontos do país, sendo por isso, uma das estradas mais utilizadas sobretudo na circulação de pessoas e bens.

Nos últimos anos, esse troço tem-se tornado intransitável, devido o seu estado avançado de degradação, provocado pelas fortes chuvas. Como alternativa, os motoristas optaram pela trajetória Bula, Bissorã, Mansoa e Jugudul, como forma de evitar problemas mecânicos, e até de saúde humana.

Perante esta situação, o Governo liderado por Geraldo João Martins tomou engajamento, através do Ministério das Obras Públicas, Habitação e Urbanismo, de melhorar essa infraestrutura rodoviária, de forma a proporcionar segurança e conforto aos utentes incluindo os próprios condutores.

A obra foi orçada em mais de 259 milhões de francos CFA, cuja execução está a cargo da empresa chinesa “Long Jiand Road”, selecionada através de um concurso público. Os trabalhos tiveram início no princípio do mês passado devendo ser entregue no prazo de 50 dias.

Entretanto, o Nô pintcha deslocou-se ao terreno e constatou que os trabalhos de reabilitação, em terra batida, já foram cumpridos 21 quilómetros faltando 19, para a conclusão do contrato.

Neste momento, os trabalhos estão suspensos e a empresa executora retirou todos os equipamentos no local, com receio de acumular mais a dívida, uma vez que ainda não recebeu nenhum franco da parte do governo, e o mais agravante é que o país mergulhou novamente numa crise política, na sequência do caso 30 de novembro e 1 de dezembro.

O diretor-geral das Infraestruturas de Transporte e de Pistas Rurais, em entrevista ao Nô Pintcha afirmou que o governo está empenhado em melhorar a qualidade das estradas em todo o território nacional, tendo reconhecido que a reabilitação do troço Safim/Jugudul vai garantir maior segurança aos condutores e utentes, o aumento da eficiência do transporte de bens e pessoas, além de contribuir para o desenvolvimento económico da Guiné-Bissau.

Zandunaid Tavares dos Santos explicou que todas as formalidades legais para o arranque das referidas obras foram cumpridas, o que viria a culminar com a anuência do Ministério das Finanças para sua execução.

“Infelizmente, houve problemas que têm a ver com a questão do incumprimento por parte do governo com a empresa executora, isto é, a morosidade no pagamento por parte do Ministério das Finanças, associada a atual crise política vivida no país, o que levou a empresa a suspender os trabalhos”.

No que concerne ao montante em causa, Zandunaid Tavares afirmou que não lhe compete revelar, acredita que o governo está empenhado na resolução do problema”.
Por outro lado, reconheceu que a empresa construtora cumpriu com os seus deveres contratuais a mais de cinquenta por cento, “simplesmente falta a parte que nos cabe”.
Aquele responsável reconheceu que a empresa chinesa Long Jiand Road tem toda a legitimidade de suspender os seus trabalhos no terreno até que o país se estabilize.

De acordo com Tavares dos Santos, se não houve-se essa crise política, provavelmente o governo teria implementado muitos projetos de reabilitações a nível do Setor Autónomo de Bissau, concretamente o troço que liga Paulo Barros/Cacoma, Aldeia SOS/Cundok, assim como outros troços a nível do país.

Insegurança

Por sua vez, os condutores que frequentam diariamente aquela estrada foram unanimes em admitir que sentem-se incomodados e inseguros durante viagem, tendo em conta o estado avançado de degradação daquele troço, “daí a necessidade urgente de retoma das obras, no sentido de minimizar os danos materiais”.

Para o porta-voz da Associação de Motoristas e Transportadores do Setor Autónomo de Bissau (AMTSAB), é bom que haja entendimento o mais rápido possível na classe política, no sentido de permitir o governo concluir os trabalhos que já foram iniciados mês passado a bem dos condutores e dos passageiros em geral.

No entender de Domingos Tibna, a estrada que liga Safim/Jugudul não pode permanecer assim até a época da chuva. Segundo ele, é bom que o Governo reage quanto antes para melhorar esse troço.

Por outro lado, sublinhou que os motoristas e proprietários das viaturas não recebem benefícios dos seus trabalhos, ou seja, todos os rendimentos acabam na resolução dos problemas mecânicos e compra de medicamentos para os condutores.

Buracadas e lamaceiras

Baciro Bá Djaló, motoristas do Transporte Misto Bissau/Quebo disse que é lamentável a situação da estrada que liga Safim/Jugudul, considerou-a de autêntico buracadas e lamaceiras no tempo da chuva.

“Alguns metros depois de Nhcra, para quem vai em direção a Jugudul, é praticamente intransitável, sobretudo neste ano.

Aquele motorista afirmou que as condições da estrada criam enormes transtornos aos condutores, mesmo de camião, com mais capacidade de reforço na caixa de velocidade.

De acordo com Bá Djaló, essa situação é do conhecimento do governo, através do Fundo de Conservação Rodoviário, embora tenha suspendido a cobrança na Portagem de Jugudul.

“Cada viagem que efetuamos, somos obrigados a ir oficinas para concertar as nossas viaturas, além do nosso estado de saúde e dos passageiros que tenha piorado em consequência de más condições desse troço”, lamentou.

Segundo ele, a manutenção dessa infraestrutura, em terra batida, tem causado complicações por causa da poeira ao longo da viagem.

“A situação daquela estrada é caótica, porque dantes a viagem durava menos de uma hora, mas agora são mais de duas horas, além de nuvens de poeira que se enfrenta, que é nocivo à saúde.

Por outro lado, afirmou que o estado físico da maioria das vias rodoviárias é motivo de várias críticas por parte dos condutores e passageiros, isto numa altura em que o governo recentemente afirmou que até ao final do ano, as vias rodoviárias seriam reabilitadas e algumas até vão ser alcatroadas.

Enquanto isso, Carlos da Costa, condutor de Transporte Misto Bissau/Mansoa lamentou as dificuldades enfrentadas naquela estrada, devido às condições precárias da estrada que condicionam os trabalhos, causando, muita das vezes, problemas com os empregadores.

Aquele motorista disse que a sua declaração visa criticar ninguém, mas sim exigir ação por parte do quem de direito, para melhorar esse troço a bem da sociedade e do país em geral.

De salientar que a maioria das estradas do país estão degradadas, dificultando a circulação de pessoas e seus bens.

Fulgêncio Mendes Borges

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