As feiras populares (lumos) são mercados periódicos e rotativos instituídos por todo o país. Nesses espaços de maior trocas comerciais, pode-se encontrar os diferentes produtos agrícolas, pesqueiros, roupas, entre outros. São locais frequentados por pessoas vindas de distintos cantos da Guiné-Bissau, assim como dos países vizinhos.
Lumo veio para preencher o vazio deixado pelos mercados convencionais ou tradicionais, por isso que é organizado uma vez por semana, isto no sentido de permitir as pessoas prepararem de melhor forma possível.
Hoje em dia, lumo está a contribuir significativamente no crescimento de renda e na estabilização da economia de famílias nas zonas rurais e nos centros urbanos. Por outro lado, constitui fonte de arrecadação de receitas para as administrações locais (regiões e setores).
Dada a sua importância na vida das comunidades rurais, lumo tem conseguido arrastar muitas pessoas para o comércio.
Anteriormente, lumos funcionavam em espaços pequenos, mas hoje, dada a sua atração, funcionam em lugares mais extensos, nas avenidas, ruas e estradas, onde as pessoas e mercadorias são expostas ao sol e chuva. Essas feiras continuam a ter as mesmas funções sociais e económicas, sendo a maioria dos seus operadores mulheres.
Lumos mais procurados
A feira popular do setor de Nhacra é realizada num espaço à sombra de poilões frondosos, onde os produtos são expostos em cesto ou em grandes balaios, sacos, entre outros instrumentos. Esse lumo está entre os mais procurados do país, devido a sua localização geográfica.
Segundo as informações recolhidas pelo repórter, há uns anos, as mulheres eram maioria, mas atualmente os jovens rapaz decidiram entrar nesse mercado informal como alternativa de emprego, o que tem aumentado a presença masculino cada vez mais.
Para saber do impacto desse negócio na vida da população, o Nô Pintcha falou com a Dabbel Candé, vendedora, disse que dantes conseguia arrecadar mais de 100 mil em cada lumo, mas agora não consegue obter 50 mil francos CFA.
Segundo suas palavras, esse fraco fluxo de negócio está a desencoraja-la, porque tem mais prejuízo que o rendimento. “Vender peixe é muito difícil, é diferente de outros produtos que podem ficar dias sem se transformarem. Imagine, se não conseguir vender peixe todo, significa que vou ficar até próximo lumo, e se não tenho como conservar vai estragar”, lamentou.
Na opinião de Dabbel, há mais prejuízo nesses últimos tempos, porque as receitas não conseguem cóbrir as despesas.
Enquanto isso, Nani Correia, utente, afirmou que o melhor dia de fazer compra é, sem sombra de dúvida, o dia de lumo, porque é local onde se pode encontrar mais produtos a melhor preço. “Portanto, é nesse dia que aproveito para fazer compra semanal. Na verdade, não é todas as pessoas que têm esse poder de compra”.
Bubacar Djaló, vendedor de roupas usadas, disse que frequenta quase todos os lumos do país, pelo que pode afirmar que nesse período houve uma quebra significativa nos negócios. “As pessoas querem comprar mas não têm como, porque estão sem dinheiro”.
“A pessoa chega e perguntam quanto é que custo um determinado artigo, e quando é informado do preço lamenta simplesmente, é uma situação comum em todas as localidades”, afirmou.
Degradação de estrada
Ibraima Baldé, comerciante residente em Mansoa, confirmou que o negócio no lumo de Nhacra sofreu uma queda, devido à fraca poder de compra de pessoas associada à degradação de estrada.
Segundo aquele comerciante, um outro fator que pode aliar-se à fraca capacidade de compra de pessoas, tem a ver com o salário que, às vezes, não chega para atender as necessidades básicas de famílias.
Em reação às preocupações levantadas, o secretário administrativo local, Caramba Conté, explicou que o lumo é um espaço criado para permitir trocas comerciais entre diferentes tabancas.
Disse que a Administração de Nhacra aderiu a esse mercado por vários motivos. Primeiro, para facilitar trocas comerciais entre os agricultores, pescadores, caçadores, oleiros, entre outros. Segundo, porque é uma zona onde o comércio não tem grande afluência, devido à tradição e a cultura da etnia maioritária na zona. Por isso, foi pensado na criação de mercado informar para incutir na mente das pessoas a importância do negócio.
“Para quem conhece essa zona, sabe que o comércio não tem força como noutros setores. Para inverter essa tendência, a administração, em colaboração com associação de jovens, desencadeou ações de sensibilizações de pessoas, no sentido de abdicarem quaisquer práticas de roubo ou assalto à mão-armada”, dise.
Entretanto, Caramba Conté disse que no dia de lumo, a administração faz tudo possível para garantir a segurança às pessoas e seus bens.
De facto, no que toca ao fluxo de negócio, houve uma baixa considerável, devido às condições em que se encontra a estrada neste momento”, reconheceu aquele responsável.
Alfredo Saminanco