Na Guiné-Bissau, nos últimos quatro anos, a cobertura vacinal caiu drasticamente, segundo os dados publicados pelas entidades responsáveis, e no que toca ao registo de crianças quase metade delas não são registadas, além de ter aumentado a violência contra menores.
O mesmo estudo revela que nenhuma região atingiu o objetivo em termos de cobertura vacinal de 90%. Essa pesquisa mostra ainda que a Região de Oio figura no primeiro lugar com 41% de crianças vacinadas.
A previsão anual é de vacinar 7033 crianças, mas na prática acabam por vacinar cerca de 4862, número muito inferior ao esperado.
Perante esta realidade, o Unicef e Centro de Comunicação e Multimédia, do Ministério da Comunicação Social, organizou um fórum com régulos da Região de Oio, com o objetivos de os envolver para a mudança desses dados desencorajadores na zona.
Encontro decorreu dois dias, no setor de Mansaba, secção de Djalicunda entre os dias 1a 2 do mês em curso, e conta com a participação de mais de 30 régulos.
Nesses dois dias, os participantes debateram questões ligadas a não afluência de mães nas campanhas de vacinação, de registo civil e aumento de violência contra os menores, para no fim traçar respostas concretas para todos esses problemas prevalecentes na zona.
Na primeira apresentação sobre a vacina, os régulos foram unânimes em afirmar que o primeiro aspeto deve-se ao não envolvimento de poder tradicional no processo, quer de vacinação e assim como de registo. Segundo, tem a ver com a falta de informação, terceiro, as greves na Função Pública e quarto aspeto está relacionado aos próprios técnicos.
Em entrevista ao jornal “Nô Pintcha”, Oficial de Comunicação do Unicef, Venício de Carvalho, disse que o encontro com régulos nasceu num outro que tinha sido organizado na Região de Tombali onde se discutiu questões ligadas à vacinação e registo, no âmbito de parceria entre os ministérios de Saúde e da Justiça em parceria com o Unicef.
Segundo ele, entendeu-se que envolver o poder tradicional nessa luta seria mais-valia, na medida em que vai ajudar na mudança dos indicadores, porque são pessoas que trabalham diretamente com as comunidades.
Por seu turno, o coordenador de poder tradicional, régulo Augusto Fernandes, enalteceu a iniciativa do Unicef de envolver os régulos nessa batalha, o que “tinha faltado nesse processo”. Agora, acrescentou, com o envolvimento do poder tradicional os resultados serão outros.
Mas sobre a violência contra as crianças, disse que para mudar o quadro é preciso atribuir certos poderes de decisão aos régulos, no sentido de intervirem na resolução de problemas nas comunidades.
Também o diretor do Centro de Comunicação Multimédia, Malam Mané, afirmou que o envolvimento de régulos nessa campanha vai de certa forma servir de veículo para disseminação de informações junto das populações, e isso vai permitir que as mães concluam o ciclo de vacina de seus filhos.
Entretanto, o régulo central de Setor de Farim, Abdulai Sissé, comprometeu-se envolver seriamente na sensibilização das pessoas, no sentido de levarem seus filhos à vacina e ao registo de nascimento, mas pediu mais envolvimento de poder tradicional em todas as campanhas e, por outro lado, apelou mais ponderação aos técnicos no terreno.
Alfredo Saminanco