No quadro das comemorações do seu trigésimo aniversário, este ano subordinado ao lema “UEMOA, 30 anos: uma experiência de integração resiliente face a choques exógenos”, a União Económica e Monetária Oeste Africana, realizou uma conferência, ontem, dia 24, em Bissau, para refletir o passado e perpetivar o futuro da organização.
A UEMOA foi criada no dia 10 de janeiro, em Dakar, mas decidiu, em 2024, festejar precisamente no dia 24 de julho em todos os Estados-membros. Técnicos de diferentes instituições estatais participaram nos debates sobre o balanço e as perspetivas do processo de integração regional.
Ao presidir à cerimónia, o ministro da Economia, Plano e Integração Regional afirmou que a UEMOA é uma das zonas económicas mais resilientes face aos choques exógenos, apresentando uma média de crescimento ao longo da década 2012-2022 de 5,75% e a inflação quase estabilizou em torno dos três por cento.
Soares Sambu disse que, além da integração monetária, a União lançou as bases para a inclusão económica, com a consolidação da governação económica regional e o desempenho dos Estados-membros na implementação de reformas e políticas comunitárias.
Lembrou que o objetivo essencial da UEMOA é de construir, na África Ocidental, um espaço económico harmonizado e integrado, dentro do qual é assegurado a total liberdade de circulação de pessoas, capitais, bens, serviços e dos fatores de produção.
Igualmente, um efetivo gozo do direito de exercício e de estabelecimento de profissões liberais e de residência aos cidadãos em todo o território comunitário cuja população, hoje, ultrapassa os 142 milhões de habitantes.
De acordo com este governante, o caminho escolhido insere-se num processo lento e irreversível, com o envolvimento e apoio cada vez mais forte das populações. Olhando para trás e considerando os numerosos desafios enfrentados, entende que a organização pode orgulhar-se do que tem alcançado.
Nesse sentido, Sambu adiantou que, o que parecia ser um sonho distante, dado o contexto em que nasceu a UEMOA, tornou-se hoje uma realidade tangível. “Atualmente, todos os órgãos e instituições da União trabalham para implementar programas e projetos concretos e visíveis a fim de garantir o bem-estar das populações”.
O ministro considerou que a referida conferência constitui quadro ideal para apresentar às partes nacionais interessadas, a avaliação dos 30 anos de existência, para discutir realizações e conquistas, bem como as perspetivas da União para os próximos anos, sendo um exercício oportuno “neste momento difícil da nossa organização comunitária”. Está convencido de que a Guiné-Bissau contribuirá com a sua “pedra preciosa” para a manutenção e crescimento daquilo a que chama edifício comum.
Coragem política da Guiné-Bissau
O representante da UEMOA considerou a adesão da Guiné-Bissau à União, único país lusófono, uma coragem política pela abertura de diversas oportunidades, nomeadamente económicas e sociais.
Segundo Aly Diadjiri Coulibali, a organização não representa apenas três décadas de compromisso, voluntarismo político, reformas e implementação de programas e projetos comunitários em diversas áreas, mas também, e por vezes, legítimas dúvidas, interrogações e incertezas.
Disse que, juntos, os Estados-membros conseguiram construir uma União que demonstrou a sua grande capacidade para enfrentar as adversidades ambientais, mantendo, ao longo do tempo, quase todos os agregados de convergência económica (inflação, défice orçamental) abaixo do limiar dos padrões comunitários, com crescimento projetado para 2024 em mais de sete por cento.
Sem negar a existência de alguns focos de insatisfação e desafios ainda por enfrentar, declarou que a UEMOA pode orgulhar-se do seu passado e da ambição que tem para todos os seus cidadãos nas próximas décadas.
Explicou que os avanços significativos observados na governação económica dos Estados-membros e noutras áreas justificam o tema central do trigésimo aniversário: “UEMOA, 30 anos de experiência de integração resiliente face a choques exógenos”.
Vantagens da integração
Aly Coulibali é de opinião de que é tempo de fazer um balanço das conquistas da integração, de analise critica das ações passadas e, sobretudo, de refletir sobre as perspetivas “ainda mais radiantes” em benefício das populações do espaço comunitário.
“A nossa União encontra-se num ponto de viragem decisivo na sua história e deve aproveitar esta oportunidade para se reinventar. Mais do que nunca, não poderá evitar tal debate. A sua agilidade e capacidade de adaptação aos desafios e questões, bem como às novas restrições e/ou realidades do seu ambiente serão fortemente solicitadas ou exigidas”, observou.
Aquele dirigente lembrou que a criação da UEMOA a 10 de janeiro de 1994 em Dakar, Senegal, por sete países francófonos (Benim, Burquina Faso, Costa de Marfim, Mali, Niger, Senegal e Togo), “um belo projeto comum, de uma aventura inédita”, aconteceu depois de uma grave crise das finanças públicas, no início da década de 1990, vivida por maior parte destes Estados e que levou à desvalorização do franco CFA.
Já num encontro só com a imprensa, Aly Diadjiri Coulibali falou das vantagens da integração, lembrando que o mesmo significa acabar com todas as barreiras no espaço comunitário.
Ibraima Sori Baldé