A ONG Tiniguena (Esta Terra é Nossa) e o Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas (IBAP) lançaram hoje, dia 20 de dezembro, a 30ª edição do calendário sobre o projeto de “Proteção e Restauração de Mangais” e paisagens produtivas para fortalecer a segurança alimentar e mitigar as mudanças climatéricas na Guiné-Bissau.
O ato do lançamento foi presidido pelo secretário cessante do Ambiente e da Biodiversidade que, na ocasião, disse que o documento tem como o tema ”Mangal, bens e serviços para humanidade”, é produzido no âmbito do projeto conhecido como “Arroz e Mangal”, executado pelo IBAP com apoio técnico da UICN (União Internacional para Conservação da Natureza) e financiado pelo Fundo Mundial para o Ambiente (GEF).
Segundo António Samba Baldé, a presente edição do abre-nos a perspetiva de que o ambiente, os diferentes serviços oferecidos pelos ecossistemas, entre os quais o de mangal, devem ser vistos como valorização do nosso capital natural, na senda do desenvolvimento de atividades de criação de riqueza e no qual o turismo sustentável deve continuar a progredir.
Para este responsável, os serviços de aprovisionamento são os bens e produtos extraídos dos ecossistemas tais como os alimentos, a água doce, a madeira, os produtos não lenhosas, entre outros.
Samba Baldé garantiu que a conservação do ecossistema do mangal no qual se revê este projeto, vai continuar a ser uma das prioridades do Governo, de forma a fazer com que o uso, a valorização do espaço e a gestão de recursos naturais continuem na senda dos grandes desafios, havendo a contínua necessidade de ações corretivas e preventivas na mediação de previsíveis conflitos de uso e posse de terras, a bem das gerações presentes, futuras e de toda a humanidade.
Instrumento de informação,
Por seu turno, o diretor executivo da ONG Tiniguena, Miguel de Barros, lembrou que este é o terceiro calendário que fazem em parceria com o IBAP, sendo que começou com uma tentativa de elevar o Arquipélago de Bijagós a sítio do património mundial. O segundo momento foi para chamar atenção sobre a diversidade faunística, em particular das aves e espécies da Guiné-Bissau, e agora estão a entrar neste terceiro produto, que tem a ver com mangal.
“A Tiniguena faz esses calendários não enquanto elemento decorativo, mas sim como um instrumento de consciência, de informação, mas sobretudo um meio de luta, de resistência para preservar aquilo que é o nosso património”, esclareceu.
A seu ver, isto é tão importante ao ponto de o país poder vangloriar-se que tem 10 por cento do território nacional coberto de mangal, e é fundamental perceber como é que esse património foi preservado, que fins é que se dá essa preservação, em que medida é de que as nossas atitudes permitem não só a conservação, mas a sua valorização responsável e durável.
Chamou a atenção para a necessidade de se saber de que modo é que tal valorização é contabilizada das contas públicas em termos do PIB, e como é que depois o Estado tira proveito desse instrumento e “aqui está a nossa maior ameaça para o futuro”.
Miguel de Barros afirmou que o grande problema que o país tem enfrentado, tem a ver sobretudo com a descontinuidade das políticas públicas, no que tange não só àquilo que têm sido agressões às florestas, aos mares e ao património natural, com prospeção e a exploração de recurso natural na Guiné-Bissau.
Subsistência das populações
A diretora-geral do IBAP, Aissa Regalla de Barros, frisou que a Guiné-Bissau tem feito muito para o ambiente nacional e mundial, declarando cerca de 26,3 por cento do território como áreas protegidas, num total de 11 unidades de conservação, que incluem diferentes tipos de ecossistemas, habitats e espécies emblemáticas. “Um dos grupos de espécies emblemáticos e que levou a criação de um parque, é o de Mangal (Tarrafe)”.
Aissa de Barros assegurou que na Guiné-Bissau, as florestas de mangal são ecossistemas importantes e essenciais, elas cobrem uma superfície de 326 mil hectares, cerca de 10 por cento da cobertura nacional sendo assim o segundo país de África Ocidental com maior extensão dessa espécie, que representam um importante recurso à subsistência das populações e um valioso património cultural e natural.
Disse que as florestas de mangal distribuem-se ao longo dos numerosos braços de mar existentes de norte a sul do país e no Arquipélago dos Bijagós.
Adelina Pereira de Barros