Sistema de ensino abrange número considerável de crianças em Bula

O aumento de número de crianças fora do sistema do ensino e o ingresso tardio dos menores na escola tem preocupado, nos últimos tempos, o Governo e os parceiros que intervêm no setor da educação, sobretudo o Unicef.

A falta de infraestruturas escolares, cerimónias culturais (fanado nas suas múltiplas formas), a interrupção dos estudos das crianças para irem apanhar castanha de caju são, entre outras, as causas de desistências e de insucesso escolar.

Sobre esta problemática, o Nô Pintcha interpelou o responsável da estatística do Setor de Bula e a diretora-geral da Escola do Ensino Básico Unificado da Missão Católica local.

Em declarações ao nosso repórter, ambos confirmaram que a taxa de crianças fora do sistema educativo baixou drasticamente, graças ao apoio do Unicef, que lançou uma campanha de sensibilização denominada “Ka nô pára aprendi” (continuemos aprender), bem como a formação dos professores e outras organizações que assistem cantinas escolares, para estimular a aderência de crianças na escola, sobretudo as meninas.

Aliás, o responsável da estatística, Raúl Mendes afirmou que a taxa diminuiu bastante nos últimos dois anos. No seu entender, os pais e encarregados da educação das crianças já começaram a ganhar consciência de que os sues filhos devem ir à escola, mesmo com dificuldades económicas têm o direito de aprender.

Por outro lado, declarou que, nos últimos dois anos, a procura de vagas aumentou, situação que levou os diretores das escolas aumentassem o número de alunos por turma e até improvisar salas de aulas, no sentido de não deixar nenhuma criança fora do sistema.

Segundo Mendes, é bom que o Ministério da Educação faça tudo que estiver ao seu alcance para construir mais pavilhões, no sentido de poder albergar mais alunos. “Só assim é que podemos diminuir ainda mais o número de menores fora do sistema do ensino”, disse.

Em relação ao número de desistentes, o estatístico afirmou que, no presente ano letivo, a situação melhorou bastante, em comparação aos anos anteriores em que os pais e encarregados de educação retiravam as crianças da escola para ajudar na campanha de caju.

“Na verdade, este ano houve desistências, mas globalmente o número é insignificante, ou seja, cerca de 10 alunos abandonaram a escola, uns por motivos de saúde e ouros por terem viajado para o estrangeiro”, explicou Raúl Mendes.

Dificuldades

O responsável da estatística, Raul Mendes, aproveitou a ocasião para elencar várias dificuldades que o Setor de Bula está a deparar, nomeadamente a falta de materiais didáticos, embora, ultimamente, o Unicef tem estado a apoiar as escolas públicas nessa matéria.

“Os professores e os diretores das escolas que fazem pesquisas para obter matérias para os alunos, e a planificação das aulas é feita pelos docentes, porque, praticamente, o Ministério da Educação não dispõem de manuais para os professores”, disse.

Assegurou que graças a esses esforços internos, as escolas públicas do Setor de Bula conseguiram dar resposta positiva, permitindo aos alunos assimilarem os conteúdos.

Igualmente, explicou que o maior problema do setor, no que diz respeito à educação, tem a ver com a emigração de um número significativo de professores para Europa, “alguns dos quais tencionam aperfeiçoar os seus níveis académicos e outros, claro, saíram a procura de melhores condições de vida”.

“Esta situação criou problemas complicados, mas, felizmente, na nossa zona, com esforço e sacrifício de toda a equipa, conseguimos concluir o ano letivo com sucesso”, rematou Raul Mendes.

Falta das infraestruturas

A diretora-geral da Escola do Ensino Básico Unificado da Missão Católica de Bula afirmou que, este ano escolar, o número de crianças fora do sistema educativo baixou bastante. Segundo a irmã Fátima Euriza Gomes, esta realidade demonstra claramente que os pais e encarregados de educação das crianças ganharam a consciência de que devem preparar o futuro dos seus filhos.

Aquela responsável afirmou, por outro lado, que no início presente ano letivo, houve grande afluência dos pais junto à direção da escola para solicitar matrícula aos seus filhos, mas dada as limitações em termos de espaço, levou a que alguns fizessem recurso às escolas de barraca.

Entretanto, Euriza Gomes afirmou que, neste ano letivo, a sua escola não registou um único caso de desistência, contrariamente ao ano transato em que houve uma situação de abandono, mas mesmo este foi por motivo de viagem ao estrangeiro não razões da campanha de caju ou falta de pagamento de propinas.

“Este ano, muitas das vezes quando os pais têm problema de mensalidades, fazem pedido junto da direção da escola, só para fazer com que esses meninos não fiquem fora da escola. Isso demonstra que tanto os pais quanto a direção da escola, querem com que o índice de crianças fora do sistema do ensino baixe”, finaliza Euriza Gomes.

Fulgêncio Mendes Borges

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