O Presidente da República apelou ao presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP), Cipriano Cassamá, para que trabalhe no sentido de ser encontrada uma solução para a formação do novo Governo entre os partidos com assento parlamentar, até 18 junho pois, caso contrário, dissolverá o hemiciclo.
Umaro Sissoco Embaló falava aos jornalistas no final de mais uma auscultação aos partidos representados no parlamento, com vista a encontrar uma solução que vá de encontro plasmado no último comunicado da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
De acordo com Sissoco Embaló, primeiro o que tenho na mesa é a dissolução do parlamento. Mas para que isso não aconteça, tem de haver um bom relacionamento entre os órgãos de soberania.
“Não é porque o outro é o elo mais forte ou o elo mais fraco. Hoje vou incumbir ao presidente do parlamento a responsabilidade de procurar um consenso entre os políticos e estabeleço o dia 18 de junho como data-limite para que me seja apresentada uma solução. A Guiné-Bissau não deve estar refém de ninguém, nem do Presidente da República nem da Assembleia ou do Governo”, disse Embaló.
Questionado sobre o sétimo ponto do último comunicado da CEDEAO que concedeu às autoridades do país o dia 22 do mês em curso para a formação de um novo governo, nos termos da Constituição da República e obedecendo os resultados eleitorais de 10 março de 2019, Sissoco disse:
“Vamos procurar uma solução até ao dia 18 do próximo mês de junho. Caso contrário, no dia 19 tomarei uma decisão que será melhor para os guineenses e para o país. Falando sobre comunicado da Comunidade Económica dos Estados da África disse: eu próprio sou a CEDEAO, porque é um espaço do qual fazemos parte”, disse Umaro Sissoco Embaló.
Por seu turno, o presidente da Assembleia Nacional Popular comprometeu-se a esforçar-se junto dos partidos políticos para que seja encontrado um entendimento.
De acordo com Cipriano Cassamá, é nesta base que nos comprometemos a fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para encontrar uma solução para, depois, remetermos um relatório com o conteúdo do trabalho que fizermos junto das formações políticas.
Por sua vez, a segunda vice-presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) explicou que o seu partido apresentou ao general Umaro Sissoco Embaló uma proposta de solução para a criação de um Governo de base alargada, o qual deverá ser liderado pelo PAIGC.
Mária Odete Costa Semedo disse que, durante a conversa que manteve com o Chefe de Estado, o PAIGC quis saber o que Sissoco terá a argumentar junto da CEDEAO que tinha estabelecido o dia 22 do corrente mês para a nomeação de um novo executivo.
“Ele disse-me que não responde perante o organismo sub-regional, estando a trabalhar para a Guiné-Bissau”, numa clara alusão ao cumprimento da data estabelecida pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental para a formação de um novo Governo.
O coordenador do Movimento para a Alternância Democrática (Madem G-15) considerou que a exoneração do Governo de Nuno Nabiam seria uma grave crise para a Guiné-Bissau.
Braima Camará lembrou que o atual executivo liderado por Nuno Gomes Na Biam conseguiu recuperar o programa com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e está em sintonia com os sindicatos dos trabalhadores ao pagar salários regularmente, “ao contrário do que vinha a acontecer com o governo liderado por Aristides Gomes”.
Camará pediu ao presidente da ANP para que “reabra a Assembleia Nacional Popular e que agende a discussão do Programa desate Governo, a ver quem têm ou não a maioria”.
Para Jorge Malu, um dos vice-presidentes do Partido da Renovação Social (PRS), nas suas curtas palavras disse que informou ao Presidente da República que o seu partido tem um acordo de incidência parlamentar com o Madem G-15 e com a Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB).
Por seu turno, Jorge Mandinga, um dos dirigentes da APU-PDGB pediu para que o presidente da ANP reabra o parlamento, porque é aí que a política se faz, afirmando que a maioria está do lado da coligação que o seu partido faz parte, juntamente com o Madem G-15 e o PRS.
O vice-presidente do Partido da Nova Democracia (PND), Abas Djaló, afirmou que o Chefe de Estado disse que o PAIGC terá de demostrar se tem maioria para poder formar um novo Governo. Explicou que o seu partido vai informar ao fórum da coligação dos partidos aliados do PAIGC, sobre a decisão de Umaro Sissoco Embaló.
De salientar a ausência da União para a Mudança (UM) nestas auscultações promovidas pelo Chefe de Estado, que muitas vezes o seu presidente disse que o partido não reconhece Umaro Sissoco Embaló como Presidente da República da Guiné-Bissau, apesar do reconhecimento da CEDEAO e outras organizações internacionais.
Por: Fulgêncio Mendes Borges