A Organização Mundial de Saúde (OMS), através do Comité Africano de Certificação da Erradicação da Polio (órgão independente responsável pelo seguimento e supervisão do processo de certificação no continente), declarou oficialmente, numa nota de imprensa, no passado dia 26 do corrente mês, a África como continente livre da poliomielite.
O acontecimento marca a erradicação do segundo vírus da face do continente desde a eliminação da varíola há 40 anos.
Segundo a nota, Rose Gana Fomban Leke, presidente da Comissão Regional Africana para a Certificação da Erradicação da Poliomielite (ARCC) a África cumpriu com sucesso os critérios de certificação da erradicação do poliovírus selvagem, assegurando que há já quatro anos que o vírus não foi detetado na região.
A decisão ocorre após o processo exaustivo de documentação e análise da vigilância e vacinação da poliomielite que dura há várias décadas, assim como da capacidade laboral dos 47 Estados membros da região.
A nota revela ainda que em 1996, na 32.ª Sessão Ordinária da Organização Africana, em Yaoundé, os Chefes de Estados africanos comprometeram-se a erradicar a doença, numa altura em que estimava-se que a doença paralisava no continente cerca de 75 mil crianças por ano. No mesmo ano, Nelson Mandela impulsionou a sua erradicação lançando a campanha “Kick polio out of Africa”.
O último caso de poliovírus selvagem foi detetado em 2016, na Nigéria. Segundo a nota, em 1996 foram evitadas que 1,8 milhões de crianças sofressem de uma paralisia debilitada e salvas assim cerca de 180 mil vidas.
A nota revela ainda que graças à dedicação da Iniciativa Mundial de Erradicação da Poliomielite (GPEI), os casos foram reduzidas em 99,9 por cento desde 1988, fazendo com que o mundo esteja mais perto do que nunca de acabar com a poliomielite. A iniciativa é uma parceria mundial público-privada composta por governos nacionais e organizações internacionais.
Texto e foto: Nelinho N´tanhá