O presidente da Resistência da Guiné-Bissau- Movimento Bafatá, Fernando Mendes, afirmou que o partido lutou para a introdução do multipartidarismo, mas a jornada que norteou a criação desta formação política só estará completa quando a sombra do regime de “partido-Estado” deixar de se impor.
Esta convicção foi avançada na cerimónia comemorativa do XXXIV aniversário do partido num dos hotéis da capital. No ato, o líder disse que só vão deixar de lutar quando cada criança guineense beneficiar de um ensino de qualidade desde a sua infância, quando cada guineense usufruir de uma boa assistência médica e, por último, quando o salário das famílias dê para viver sem problemas até final do mês.
Na celebração da efeméride, Fernando Mendes lembrou que a RGB/MB nasceu no tempo em que os guineenses eram amedrontados pelo regime totalitário de partido único e que, na altura, tinham de esconder-se da polícia política para se organizarem e divulgar novas propostas à sociedade. “Tempo em que a consciência era constantemente abalada pela frieza e gratuitidade dos fuzilamentos que se praticavam contra os que ousassem desafiar o regime. Foram praticadas várias execuções, inclusive de homens que fizeram história da nossa luta pela independência e, entre eles, Viriato Pã.”
Segundo o presidente desta formação extraparlamentar, o partido surgiu exatamente para dar resposta a esses sentimentos que se vivia no país. Nesse dia em que um punhado de patriotas, liderado por Domingos Fernandes Gomes, tomou a decisão ousada de criar a RGB/MB, com o compromisso de derrubar o regime do partido único por via pacífica e democrática, implementar uma democracia pluralista que respeite os direitos humanos e liberdade de expressão e, consequentemente, pelo desenvolvimento socioeconómico e cultural do país.
Volvidos 34 anos, apesar de o partido ter passado por várias vicissitudes, a tríplice paz, progresso e liberdade, ainda não foi completamente alcançada e, o Movimento Bafatá, como um projeto credível, continua determinado e disponível para estabelecer novos paradigmas à volta dos grandes objetivos nacionais, porque foi essa a herança genética que a sua geração recebeu dos fundadores.
Esta ocasião serviu para Fernando Mendes render homenagem a todos aqueles que deram a vida pelo partido, mas que o destino os levou para outro mundo, o reconhecimento por aqueles que ficaram sem emprego por causa do partido, bem como os que foram perseguidos e ameaçados.
O político asseverou que celebram o aniversário num momento em que o mundo enfrenta o grande desafio pandémico da covid-19, que também atingiu a Guiné-Bissau e que exige de todos uma mobilização rápida e eficaz, a fim de estancar a sua propagação e cura de infetados.
Por fim, mostrou que devemos enfrentá-la com toda a determinação, articulando as medidas anunciadas pelas autoridades sanitárias e o seu cumprimento escrupuloso pelos cidadãos.
Por: Alfredo Saminanco