Recordar é preciso

Há 5 anos, precisamente em 2017, escrevi em poucas linhas o que se torna essencial na Guiné-Bissau para que o seu Progresso seja alavancado pelo setor que maiores potencialidades apresenta em termos de recursos naturais (solo fértil, água em abundância e biodiversidades em suas floras e faunas) e que maiores facilidades poderá ter para criar ou apontar vocações para o seu desenvolvimento. Eis o ensaio publicado.

Como a Guiné-Bissau poderá sair do atraso (parte i)

Lição numero um (Quem cedo acorda, planta e colhe bem)

Mon na Lama, mon na enxada e mãos a obra para empreendimentos no setor Agrícola e Pecuária.

Só disso e é disso que fará Guiné-Bissau tornar-se-á um país desenvolvido com um povo próspero. A Guiné-Bissau tem Agrônomos, Zootecnistas, Veterinários, Fitotecnistas e Economistas Agrícolas no país e na diáspora para investirem seus conhecimentos no desenvolvimento da nossa terra.

Para tanto, o Governo e autoridades constituídas devem e precisam realizar inicialmente um Seminário Internacional sobre a Agricultura e Agronegócios, convidando os técnicos e estudiosos da área para um encontro de debates e apresentação de trabalhos e propostas durante 3 dias, incluindo as visitas técnicas para as regiões de produções agrícolas e de pescados e, também, aquelas com potencialidades para desenvolver vocações diversas em agronegócios. Podem apostar que será um investimento com retornos fabulosos no futuro.

A produção de alimentos e de carnes deixa a mesa farta e a população bem nutrida, além da produção e exportação de grãos proporcionar ao país a renda externa e acumulo de reservas em divisas estrangeiras. Somente de atividades agropecuárias e consequente desenvolvimento do agronegócio a Guiné-Bissau poder-se-á tornar desenvolvida e Próspera e, se sustentavelmente, planeada a exploração de seus recursos naturais, tornar-se-á uma potência na África e não só, mas também em um país emergente respeitado no mundo. 

Lição número dois (Ideias na cabeça, dinheiro no bolso)

Lanço um apelo como guineense que sonha ver o país crescido e desenvolvido, que parem com essa politicagem barata do mundo atrasado e comecem a imitar coisa boa que traz crescimento interior e que uma vez exteriorizado produzam algo benéfico para o país. Que trabalhem a inteligência emocional fazendo dela nascer autoestima que tanto se precisa na Guiné-Bissau. Que se fuja do pessimismo, tipo não tem jeito “djito katen” e cultivem autoestima.

Enquanto se perde o tempo em criticar sem apontar caminhos perdem-se oportunidades de planear e executar ideias empreendedoras benéficas para o país, os “chicos espertos” aproveitam-se para semear discórdias e desviarem o pouco que se tem em benefício próprio. Enquanto se perde tempo para se desenvolver ideias maquiavélica a fim de confundir e se instaurar caos, aproveitando-se do dividendo politico, porquê não se desenvolver mecanismos que ajudem abrir mentes dos nossos jovens e tirá-los do ócio doméstico e da inércia do mesmíssimo? Por quê não lançar ideias empreendedoras para encorajar nossos camponeses a fim de torná-los produtivos e homens de negócios?

Lição número três (imite o que é bom, sem medo de ser feliz)

Imitar o que é certo e evitar o que só traz chororó e prejuízos.

O que era China há 50 anos atrás como potência mundial, economicamente falando? Hoje a China é uma potência graças a um planeamento realizado e executado a longo prazo em todos os setores, sustentavelmente. O desenvolvimento planeado da China superou o modelo e expectativas de crescimento dos Tigres Asiáticos.

A China não se limitou apenas ao seu mercado interno, hoje é o que mais investe em agronegócio e em infraestruturas produtivas no exterior. “Verdadeiro negócio da China”, olhos miudinhos, mas que enxergam longe.

O que era o Brasil 50 anos atrás em termos do desenvolvimento agropecuária? Apostou e investiu, e hoje é um país do agronegócio mundialmente conhecido e requisitado. O Brasil é responsável por um quinto da produção alimentar no mundo e de três quintos da produção industrial na América do Sul.

O desenvolvimento industrial e o domínio da tecnologia de ponta voltado para o suporte do setor agrícola e pecuária dinamiza negócios em cadeia nesse setor, além da sua cadeia do valor, tornando-o numa atividade económica que mais cresce. Seminários e Congressos nacionais e internacionais são realizados no Brasil ao longo do ano em todas as áreas. Esses são os exemplos interessantes que merecem ser copiados sem medo de ser feliz.

Lição número quatro (A resiliência como aposta para o sucesso)

Não vamos esperar que outros venham nos fazer desenvolver, senão iremos esperar deitados e não sentados. Não é preciso pensar muito se é verdade ou não o que estou dizendo, o Presidente Emmanuel Macron da França já afirmou que não é possível um Plano Marshall para a África por diversas razões apontadas, penso que a maioria deve ter escutado o que ele disse. Gostemos ou não, ele disse sobre o que a Europa e o mundo ocidental pensam da África.

A África gerou grandes líderes e pensadores que lutaram pela sua causa. Por quê não revermos suas falas a fim de enxergarmos os nossos erros e pensarmos em acertos para pudermos planear o melhor para o continente? As atuações e realizações dos Presidentes Paul Kagame de Ruanda, Nana Akufo de Gana, Macky Sall do Senegal no que diz respeito aos seus Planos de Desenvolvimento para seus países não seria uma boa ideia para repensarmos nossos países e a África no geral? Essas são coisas boas que devem ser revistas pelo Governo da Guiné-Bissau e fazer propostas para todas as regiões do país, adaptando-as conforme suas realidades concretas.

Para isso necessário se faz o Governo aproveitar o que de melhor tem para o país e apostar em mobilização de quadros, cientistas e técnicos, filhos da Guiné-Bissau, na diáspora e os residentes no pais, em vez de se restringir em umas poucas dezenas de quadros estrangeiros contratados para trabalharem por um tempo determinado.

Estes terminam a missão e vão embora, tudo voltará como antes, não preciso falar de gastos com poucos recursos, sem o retorno. Não estou com isso colocando em causa os méritos e gabaritos de cada um deles. Entretanto, seria de mais-valia se se pudesse instituir ensinamentos compartilhados entre quadros nacionais e quadros estrangeiros. A ciência assim evolui e os países parceiros na pesquisa colhem os louros.

A África em nível de UA ou em níveis de seus órgãos regionais e sub-regionais deveria repensar o seu desenvolvimento com pragmatismo e localizado por região, instituindo a cooperação mútua, ainda que cada país pensasse em seu próprio desenvolvimento. Na medida que cada um se esforce para melhorar, e todos acabem sendo contagiados pelo esforço melhorado do primeiro que primeira pedra lançou, todos em conjunto acabarão por melhorar. Eis a Mão Invisível fazendo-se presente.

Em breve será lançado o ensaio da Parte II – A Produção integrada e a dinâmica do Agronegócio. Enquanto isso, assistam dois vídeos meus publicados no Youtube sob o título “Djumbai Económico, uma conversa entre irmãos e amigos da Guiné-Bissau”.

Nha mantenhas.

Pro. Dr. Mamadu Lamarana bari

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