O presidente da ASPAG- Associação Guineense de Saneamento Básico e Proteção Ambiental da Região de Gabu defendeu em entrevista exclusiva ao Nô Pintcha sobre a utilidade social e económica do lixo que deve ser aproveitado no máximo para o benefício da população.
Mamadu Alfa Embaló disse que, atualmente, a sua organização está a desenvolver novas experiências de valorização do lixo na cidade de Gabu, através do fabrico de recipientes com base em pneus abandonados, para recolha de lixo, assim como cadeiras que são mais resistentes e duráveis. Os frascos vazios de água de 1,5 litros são aproveitados para a construção de cadeiras. Essas garrafas são igualmente aproveitas e decoradas e postas a venda no mercado. Além demais, são utilizadas também para o fabrico de blocos, em que são misturadas com areia e cimento.
Os restos de roupas abandonados e/ou cortadas pelos alfaiates são transformadas em bolsas, sacolas e batas e, posteriormente, postas em venda no mercado, revertendo para a economia das pessoas.
De igual modo, disse que os sacos plásticos deitados na rua são recolhidos pela sua organização e transformados em sacolas também para o uso domésticos.
Além demais, explica que parte do lixo também é aproveitado e utilizado como adubo para fertilização de espaços de produção agrícola e hortícola. Todas essas experiências adotadas pela ASPAG visam melhorar as condições de gestão do lixo na cidade, tornando-o mais útil e não ser só objeto de destruição.
De acordo com o presidente de ASPAG, essa forma de reciclar o lixo além de servir para fins económicos e social, ajuda proteger o meio ambiente e consequentemente diminuir os riscos de saúde da população.
Mamadu Alfa Embaló disse que essa experiência ainda é embrionária e a sua organização está procurar parceiros que posam apoiar o desenvolvimento dessas experiências. Pois, precisam de meios materiais elétricos e manuais para continuar desenvolver essas experiências de reciclagem do lixo.
O presidente da ASPAG disse que a receita proveniente da venda dos produtos derivados da transformação do lixo revertem a favor das pessoas que trabalham nessa experiência e uma parte para adquirir materiais para continuar a produção.
Recolha do lixo na cidade
A ASPAG, fundada em 2001 no âmbito do projeto de melhoria de condições de vida da população da região, tem como objetivo melhoria do sistema de gestão do lixo na cidade. A organização mantém uma parceria com a administração do setor de Gabu e com as estruturas de saneamento instaladas em 15 bairros da cidade que deparam com problemas de lixo.
De acordo com Mamadu Alfa Embaló, a organização desenvolve ações de recolha e evacuação do lixo, reaproveitamento do mesmo para outros fins sociais, económicas e agrícolas, bem como a sensibilização da população para a mudança de mentalidade em termos de gestão do lixo na cidade.
Nas ações de sensibilização, a ASPAG tenta mostrar os citadinos a utilidade social e económica do lixo que, segundo ele, nem tudo que é lixo é inútil pois, pode ser reaproveitado para outros fins. “É o que estamos a tentar fazer para mostrar a população que o lixo pode ser reaproveitado e usado para outros benefícios”, sublinhou Alfa Embaló.
No que concerne à recolha do lixo que é a principal atividade de ASPAG, o responsável máximo da organização disse que estão deparar com enormes dificuldades, devido à falta de meios de transporte para evacuação do lixo. Aliás, o único trator que tinham encontra-se avariado e não foi reparado por falta de peça sobressalentes.
Essa situação, segundo o presidente da ASPAG, está minar todos os esforços empreendidos outrora em termos de remoção do lixo e de ações de sensibilização realizadas nos 15 bairros da cidade em que os habitantes já dotaram cultura de organizar lixo nos sacos para permitir as equipas de evacuação recolhê-lo com facilidade, pagando entre 100 a 150 francos por saco para compensar o combustível.
Mas, disse que estão a dialogar com as autoridades administrativas de Gabu para encontrar soluções que permitam a ASPAG continuar a recolher e evacuar o lixo. E teme que a população volte a deitar o lixo nas valetas, o que vai colocar em risco a saúda das pessoas, sobretudo nessa época das chuvas.
Disse que, atualmente, o serviço de recolha do lixo é assegurado por moto-carros e carrinhas de mão que, muitas vezes, não levam o lixo até ao vazadouro. Em alguns casos, segundo o presidente de ASPAG, os doentes mentais são, em várias ocasiões, contemplados nos serviços de evacuação do lixo e levam até dado lugar deitam-no na estrada ou em qualquer local.
“Tudo isso constitui perigo à saúde da população, pelo que as autoridades da região devem encontrar formas para contornar essa situação”, sublinhou Embaló.
Lembrou o acordo de parceria entre ASPAG e Administração do Setor de Gabu em que esta pagava mensalmente 300 mil francos CFA à organização.
Mas esse acordo não foi cumprido integralmente, tendo conhecido alguns vicissitudes com as constantes mudanças cíclicas de governadores e administradores, o que de certa maneira contribuiu na acumulação da dívida com ASPAG que não foi honrado por alguns administradores.
Nova visão estratégica
Perante a difícil situação que a ASPAG depara em termos de cumprimento da sua missão, o presidente da organização disse que a sua direção está procurar novas parcerias para relançar a dinâmica da organização, através de obtenção de projetos com fundos para longo prazo.
Disse que beneficiaram do apoio de Ianda Guiné, que permitiu a organização realizar a sua Assembleia Geral para a renovação dos órgãos sociais e aguardam segunda fase dos fundos para verem se conseguem arranjar uma viatura para assegurar a evacuação do lixo enquanto procuram grandes parcerias. “Isso irá permitir a ASPAG adquirir tratores e materiais para continuar a desenvolver a sua experiência na valorização do lixo.
Porém, Mamadu Alfa Embaló lamentou as constantes mudanças dos titulares do aparelho administrativo que tem afetado, e de que maneira, as relações de parceria que não abonam em nada para o sucesso das ações.
Aos citadinos, o presidente de ASPAG exorta maior colaboração com as estruturas da organização instaladas nos diferentes bairros, para ajudar na organização e gestão do lixo, pois, são estruturas escolhidas pela própria população.
Djuldé Djaló